[ARENA] ainda o cão...

Romano romano.art gmail.com
Quinta-Feira, 3 de Abril de 2008 - 17:59:35 WEST


Ola
esta msg rodou no brasil ano passado
e gerou as mesmas reações

acho que eh uma estratégia pre-concebida do artista
para conseguir uma polêmica em torno de si, um escândalo
(quase tudo que se fala sobre isso a esta altura deve ser inventado)

podemos discutir tambem a utilização de animais (e de pessoas)
de forma consciente e inconsciente tambem

estamos fazendo o jogo do artista polemizando com ele e sendo usados como o
cão

acho que existem trabalhos muito interessantes q envolvem arte e vida
biopolítica, esfera pública

esse merecem mais nosso tempo

abraços romano





Em 03/04/08, José Bartolo <josebartolo  esad.pt> escreveu:
>
> Esta indicação do ML é útil. O que nos motivou a ligarmo-nos  ao episódio
> do Habacuc foi, por um lado, indignação pessoal que levou alguns de nós a
> mobilizarmo-nos contra aquilo enquanto cidadãos e, por outro lado, esta
> consciência da interferência artística nas esferas da biopolítica.
> Isto parece-me ter interesse http://www.newmuseum.org/events/156
>
>
> On Apr 3, 2008, at 1:21 PM, miguel leal wrote:
>
> Não há nada como um cão para acordar uma lista!
> Passada a fase mais inicial das reacções a quente, parece-me que a
> discussão tomou entretanto um caminho diferente. Gostei da água deitada na
> fervura pelo João (e pelo Fernando), mas de qualquer modo interessa-me pouco
> o facto em si, até porque não temos como aferir dos seus detalhes e do seu
> contexto no meio de tanto ruído — experimentem googlar o tema, como
> amostra... Neste momento, os seus efeitos são um motivo bem mais
> interessante. Também não importa muito tentar distinguir aquilo que é
> realidade e aquilo que é ficção. Os efeitos de uma e de outra, para a
> discussão, não são muito diferentes (já falando do cão, fazem toda a
> diferença).
> Longe das emoções e da desinformação dos blogs, já pouco se discute o cão
> e o artista. Discute-se sim no campo da bioética e da bioestética (se é que
> lhe podemos chamar assim).
>
> Curioso com este aumento do tráfego na [ARENA], fui consultar os arquivos
> da lista ( e a minha memória, já que parte dos arquivos se perdeu) e
> verifiquei que quase todos os picos de tráfego estiveram ligados a questões
> que cruzam a bioética, a biopolítica e  a política em sentido mais estrito.
> O último grande pico de tráfego esteve ligado ao referendo do aborto (na
> altura alguns subscritores indignaram-se com a contaminação da lista com
> assuntos "não artísticos", o que gerou novo thread) e, antes disso,
> lembro-me de uma discussão sobre feminismo, arte e política, por exemplo. E
> este é um dado mais para a discussão...
>
> Quanto à 'barriga de um arquitecto', tenho que dizer que só faltava
> culparem o Duchamp de mais esta...:-)
>
>
> um abraço
>
>
> ml
>
>
> On 3Apr2008, at 12:37 PM, João Martins wrote:
>
> Mais aproximado da realidade:
>
> http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/10/arte-pode-matar.html
>
> João Martins escreveu:
>
> susana mendes silva escreveu:
>
> obrigada fernando, mas a história da galeria parece-me bastante
> romantizada...
>
> Sobre esta atitude já disse o que tinha a dizer.
>
> a construção "conceptual" da obra parece-me também fraca, bem como
> esse simbolismo de substituição:
> - um cão de rua não é um rottweiler. não representa o mesmo: o da rua
> é um "pobre coitado".
> - chamar ao cão faminto o nome do artista morto também é algo que em
> nada torna a obra mais forte (antes pelo contrário).
>
> Não me interessaria entrar em detalhe nesta parte da discussão, mas,
> porque o rigor não tem que ser alheio à análise e interpretação,
> pensemos assim:
>
> Natividad Garcia não era um artista. Segundo o que li, há uns meses, era
> uma mulher pobre, da Nicarágua, que foi morta por dois rottweillers
> perante indiferença generalizada.
> O cão que Habucuc expõe, representa, assim, não uma vingança contra os
> rottweillers, mas uma representação da situação, em que uma figura
> frágil, o cão famélico, representa a fragilidade de Natividad e se
> permite ao público da instalação o confronto com a sua própria
> indiferença. Trata-se duma mudança de contexto: uma mulher pobre é
> substituída por um cão famélico, a rua ou fábrica em que Natividad
> morreu, pela sala da galeria.
> Podemos achar essa construção mais ou menos interessante. Podemos sentir
> mais ou menos repulsa pela exploração da imagem do cão famélico, um ser
> vivo em sofrimento.
> Podemos muita coisa.
> Mas sabemos muito pouco acerca de tudo isto. Demasiado pouco para dizer
> tantas coisas, parece-me.
> Eu tenho até dificuldade em imaginar como será a vida na Nicarágua, pelo
> que me é complicado compreender a relevância de determinado tipo de
> intervenções.
>
> Mas concedo que pessoas com maior experiência de vida e mundividência se
> sintam confortáveis a perorar acerca de tudo isto, como se lhes fosse um
> fenómeno próximo.
>
> talvez algum artista queira fazer uma obra com o habacuc.
> apanhá-lo na rua e depois logo se via que construção "conceptual"
> seria interessante.
> eu proponho, mesmo, que a dita galeria reencenasse algumas partes do
> "chien andalu" no habacuc!
>
> É interessante notar que um dos objectivos do artista, presumo, tenha
> sido precisamente confrontar as pessoas com a distorção crescente de uma
> escala de valores em que, de repente, possa parecer normal, comparar o
> valor duma vida humana e do sofrimento humano, como o de Natividad
> Garcia, ao valor da vida e do sofrimento dum cão.
> Não é uma conversa que me interesse por aí além, mas tenho dificuldade
> em movimentar-me em contextos em que a atenção que devotamos aos animais
> de estimação ultrapassa significativamente a atenção que devotamos ao
> vizinho ou concidadão.
>
> Mas se houvesse um mínimo de preocupação com a realidade em tudo isto já
> era muito bom.
>
> João Martins
> http://joaomartins.entropiadesign.org
>
>
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