[ARENA] ainda o cão...

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Quinta-Feira, 3 de Abril de 2008 - 12:31:15 WEST


Hierarquia? A galeria tem uma vertente comercial, tem todo o interesse em limpar as mãos, e não vejo porque a sua palavra conte mais que tantas outras, inclusivé a do próprio artista. 
Esta história correu meios de comunicação em todo o mundo. 

Aqui vai por exemplo uma notícia do Expresso: 

"Uma estranha forma de arte 
O artista Habacuc deixou um cão morrer à fome durante uma exposição. Os defensores dos direitos do animais já lançaram uma petição online para que o artista seja banido da Bienal Centroamericana Honduras 2008. 
Paula Cosme Pinto 
16:00 | Quarta-feira, 24 de Out de 2007 

Dalia Chevez 
O cão foi capturado num bairro pobre de Manágua  
O artista Guillermo Vargas, mais conhecido por Habacuc, está a dar que falar em todo mundo. O motivo desta atenção não são as suas obras de arte, mas sim o facto de ter deixado propositadamente um cão morrer à fome durante a sua última exposição. 

A "Exposição nº1" teve lugar em Agosto, em Manágua, na Nicarágua. À entrada, os visitantes podiam ler a frase "És o que lês", seguindo-se um cenário pouco comum: entre as obras do artista estava um cão, faminto e doente, amarrado por uma corda a um canto da sala. 

Mesmo após alguns apelos dos visitantes para que o animal fosse libertado, o artista recusou-se a fazê-lo justificando que se tratava de uma homenagem a Natividad Canda, um nicaraguense que morreu depois de ter sido atacado por um rotweiller. Ironicamente, o cão acabou por morrer à fome em plena exposição quando o título da amostra estava escrito numa parede através de uma colagem feita à base de comida canina. 

Os motivos do artista 
"O importante para mim é constatar a hipocrisia alheia: um animal torna-se o centro das atenções quando o ponho num local onde toda a gente espera ver arte, mas deixa de o ser quando está na rua", justificou o artista ao jornal costa-riquenho La Nación. "O cão está mais vivo do que nunca porque continua a dar que falar". 

O caso chocou os defensores dos direitos dos animais, que se juntaram numa petição online para que Habacuc seja excluído da Bienal Centroamericana Honduras 2008, onde deverá ser um dos representantes da Costa Rica. Mais de setenta mil pessoas já assinaram o documento, repudiando o trabalho de Vargas. " 

Alguém mente! 
E mesmo que a história da galeria seja a mais pura verdade, não vejo o porquê de acharem natural que um artista tem o direito de ir recolher um qualquer cão da rua, ainda que moribundo, como se fosse recolher lixo da rua para reciclar, para criar arte... Depois com base numa teoria que um jovem foi morto por rotweillers? Por acaso o cão que ele recolheu era o "responsável" por esses rotweillers? A mim isso mete-me NOJO. O artista não pode ficar impune por qualquer acção em nome da arte. 

Não sabemos qual é a verdade... mas ainda assim mais um cão vai "servir a arte". A verdade é que na rua, em liberdade, o cão tem mais hipótese de sobreviver ou ser feliz que amarrado por uma corda a um canto de uma sala. 
O artista disse pretender chamar a atenção para a hipocrisia das pessoas.... /"O animal transformou-se em centro das atenções por estar num local onde as pessoas querem ver arte, mas ninguém ligaria se ele estivesse a morrer de fome nas ruas. Ninguém libertou o cão, ou lhe deu de comer, ou chamou a polícia. Ninguém fez nada",/ 
Hipocrisia? O maior hipócrita aqui é ele! Que fez ele com o cão? Expôs-o (literalmente) a essa situação! Mas o cão é algum objecto??? Para a bienal já vai uma petição de mais de 1 milhão e 600 mil assinaturas, que vai ele dizer? Que ninguém fez nada? 

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Citando João Martins <joaomartins  mac.com>: 

> Desde as primeiras referências que vi a esta polémica, já há uns meses 
> largos, que me intrigava a possibilidade de se estar perante um relato 
> real dos factos ou se se tratava apenas de mais uma "lenda" que, com o 
> advento das comunicações rápidas e registos desenquadrados, têm 
> proliferado por entre a voracidade e a preguiça com que encaramos a 
> informação. 
> Tão farto ando dos gatos-bonsai, dos discursos radicais e belíssimos 
> falsamente atribuídos a distintas personalidades e de indignações vazias 
> de conteúdo perante não-eventos que fui deixando o meu hábito de 
> confirmar fontes e habituei-me a olhar para todas estas comunicações com 
> um grande nível de cepticismo. 
> A alegada performance de Habacuc a mim parece-me tão improvável como a 
> experiência dos gatos-bonsai de há uns anos. E lembro-me de ter visto a 
> referência a uma certa ideia de simetria entre o ataque que vitimou 
> Natividad Garcia, à ferocidade de dois rotweillers e perante a 
> indiferença generalizada e a imagem do cão famélico abandonado à sua sorte. 
> Lembro-me também que cada pseudo-fonte, cada mensagem, cada fotografia, 
> cada apelo acrescentavam uma ou outra incongruência e não vi, até à 
> recente mensagem do Fernando, a quem agradeço profundamente, um 
> vislumbre sequer de "verificação". 
> Estranhamente, até neste lista, a preocupação com a realidade factual é 
> residual e a validade atribuída a qualquer informação depende do humor e 
> do preconceito e não de esforços de verificação ou confiança nas fontes 
> que, como sempre, devem e têm que ser hierarquizadas. 
> Recuso-me a aceitar que o comunicado da Galeria (ainda que não se 
> encontre já no site) tenha menos credibilidade que as mensagens 
> desgarradas de origem desconhecida que povoam a net há meses, senão anos. 
> 
> A verdade é que a ficção desenvolvida à volta da alegada performance de 
> crueldade de Habacuc estimula mais a nossa imaginação e vontade de 
> indignação contra o vazio do que a eventual realidade. 
> Não sabemos qual é a verdade, mas não nos interessa, não é? 
> Até chegarmos ao ponto de dizer que a "história da galeria parece 
> bastante romantizada". E os outros relatos da alegada odiosa 
> performance, não são também devaneios românticos? 
> 
> A comunicação rápida, em rede, descentralizada, tem imensas vantagens e 
> benefícios muito particulares no que diz respeito à difusão da arte e da 
> cultura. Este, claramente, não é um exemplo disso. 
> 
> Cumprimentos, 
> 
> João Martins 
> 
> 
> susana mendes silva escreveu: 
>> obrigada fernando, mas a história da galeria parece-me bastante 
>> romantizada... 
>> a construção "conceptual" da obra parece-me também fraca, bem como 
>> esse simbolismo de substituição: 
>> - um cão de rua não é um rottweiler. não representa o mesmo: o da rua 
>> é um "pobre coitado". 
>> - chamar ao cão faminto o nome do artista morto também é algo que em 
>> nada torna a obra mais forte (antes pelo contrário). 
>> 
>> talvez algum artista queira fazer uma obra com o habacuc. 
>> apanhá-lo na rua e depois logo se via que construção "conceptual" 
>> seria interessante. 
>> eu proponho, mesmo, que a dita galeria reencenasse algumas partes do 
>> "chien andalu" no habacuc! 
>> 
>> lol 
>> 
>> susana mendes silva 
>> www.susanamendessilva.com <http://www.susanamendessilva.com>[1]; 
>> arslonga  netcabo.pt <mailto:arslonga  netcabo.pt> 
>> 
>> 
>> 
>> On 2 Apr 2008, at 23:51, Fernando José Pereira wrote: 
>> 
>> Já que tanta tinta tem corrido sobre a história do cão, que tal 
>> apresentar alguns factos que nos possam tornar isto tudo mais racional 
>> e não apenas do domínio da emoção: 
>> 
>> *ACLARACION DE GALERIA CODICE* 
>> Managua, 19 de octubre 
>> 
>> *Galería Códice* desde su *creación en 1991*, ha *promovido las artes 
>> visuales centroamericanas*, pero /especialmente las nicaragüenses/, 
>> tanto en el nivel nacional, como en el regional e internacional. 
>> En *Códice* han expuesto grandes /maestros centroamericanos/, así 
>> como /artistas consolidados/ y emergentes. 
>> 
>> Los *lenguajes contemporáneos* del *arte universal* también han tenido 
>> espacio en *Códice*, por lo que periódicamente acoge muestras de arte 
>> conceptual. 
>> 
>> Con ese espíritu, el *jueves 16 de agosto* recién pasado se 
>> presentó *Exposición No. 1*, del /*artista costarricense*/, *Guillermo 
>> Vargas*, conocido artísticamente como *HABACUC*. 
>> 
>> Uno de los *trabajos expuestos* consistió en *presentar *a* un perro 
>> famélico*que *Habacuc* /recogió de la calle/, y *durante la exposición 
>> aparecía amarrado con una cuerda de nylon*, que a su vez *estaba 
>> sujeta a otra cuerda que pendía de dos clavos en una esquina de la 
>> Galería*. 
>> 
>> *Habacuc* nombró al perro "*Natividad*" en /homenaje al 
>> nicaragüense/*Natividad Canda* (24 años) quien /*murió 
>> devorado* por *dos perros Rottweiler* en un *taller de San José, Costa 
>> Rica,* la *madrugada* del *jueves 10 de noviembre* de *2005*/. 
>> 
>> El *perro* /permaneció en el local tres días/, a partir de las *5 de 
>> la tarde* del*miércoles 15 de agosto*. 
>> 
>> *Estuvo suelto todo el tiempo* en el *patio interior, excepto* las *3 
>> horas *que*duró la muestra*, *fue alimentado regularmente con comida 
>> de perro*que el *mismo Habucuc trajo*. 
>> 
>> Sorpresivamente, *al amanecer del viernes 17, el perro se escapó 
>> pasando por las verjas de hierro de la entrada principal del inmueble, 
>> mientras el vigilante nocturno quien acababa de alimentarlo limpiaba 
>> la acera exterior del mismo.* 
>> 
>> La *Galería Códice* se reserva el *derecho de velar por la calidad de 
>> los trabajos expuestos*, /respetando/ en todo momento *la creatividad 
>> del artista*y /jamás ha pretendido ejercer ningún tipo de 
>> censura/, *siempre y cuando no atenten contra los principios 
>> elementales de la ética y mucho menos que impliquen la vida de un ser 
>> viviente, sea humano o animal. * 
>> 
>> Yo pensaba quedarme con "*Natividad*", pero /él prefirió retornar a su 
>> propio habitat/. 
>> 
>> Celebro el que tantas personas en el nivel internacional se hayan 
>> mostrado molestas por las declaraciones brindadas por *Habacuc*, en 
>> las que *sostenía que su intención era dejar morir al perro de 
>> inanición*, lo que *es de su absoluta responsabilidad*. 
>> 
>> Al cumplir con informar la verdad de los hechos, *espero que todas 
>> esas mismas personas hayan elevado también su voz de 
>> repudio* cuando*Natividad Canda* fue *devorado por los Rottweiler.* 
>> 
>> /Atentamente, //*Juanita Bermúdez 
>> *Directora Galería Códice Managua, Nicaragua/ 
>> 
>> Fuente: *Galeria Codice <http://www.galeriacodice.com/index.php?id=30>[2];* 
>> 
>> _______________________________________________ 
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>> 
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