[ARENA] URGENTE: Arte, Teoria, Política...

Rui Pedro Fonseca ruipedro.fons gmail.com
Domingo, 1 de Maio de 2011 - 18:49:08 WEST


Devo ter perdido alguma eventual discussão anterior.
No entanto, confrontado com as perguntas "onde invisto agora o meu
voto de protesto?" ou "onde posso eu assumir a responsabilidade de
protestar?" e perante o assumir da preconização do anarquismo e
apartidarismo por parte do próprio Pedro Gadanho, que incentiva a
lançar alguns comentários de volta, devo dizer o seguinte: desde
quando é que o anarquismo e apartidarismo entram em sintonia com
partidos políticos ou com o próprio parlamento? Se o anarquismo
apregoa a eliminação de classes sociais, de ordens hierárquicas e de
medidas coercivas que são inerentes aos governos dos países
democráticos, como pode um/a anarquista procurar fazer valer seus
protestos e convicções num parlamento - uma assembleia de
representantes partidários eleitos por cidadãos? Parece-me um
contra-senso usar mecanismos formais inerentes aos regimes
democráticos para fazer valer ideologias anarquistas - simplesmente,
na prática, não me parece possível.

Refere que deseja protestar, mas quer faze-lo em relação a quê? Em
relação às políticas do PS? Em relação aos partidos candidatos para as
próximas legislativas? Em relação à Democracia? Se forem estes os
casos, felizmente que o poder de voto não é a única "arma de luta" que
cidadãs/ãos têm no seu poder.  É possível formarem-se movimentos, é
possível o recurso a manifestações, artigos científicos ou artigos de
opinião, o recurso a imagens de protesto,  disseminação de musicas
e/ou poesia de intervenção, uso de grafitties, angariação de fundos
para o financiamento de X causas, o próprio boicote, nas conversas com
amigos/as e familiares, entre muitas outras formas de protesto. Serão
eficientes e mudarão determinadas conjunturas de modo imediato? Com
certeza que não. As mudanças exigem lutas consistente e contínuas, e a
história mostra que através da infraestrutura muitos países do
Ocidente efectivaram mudanças nos pilares estruturantes - em
instituições como o Estado, Igreja e corporações económicas que, em
conjunto, detêm os monopólios das ideologias dominantes.

Em relação ao PAN, presumo que se refere ao Partido pelos Animais e
pela Natureza? Concordo consigo que consiste num "movimento" que veio
recentemente a adquirir representatividade no Parlamento. Mas o PAN
trata-se de um partido que contém um programa bem especifico, claro, e
que espero que comece paulatinamente a ser posto em prática: a
preconização de políticas e de práticas não especistas (ou seja, a não
discriminação de animais não humanos sencientes); mais eficientes
gestões de recursos naturais; preocupações ambientais;  mas também
medidas atinentes aos Direitos Humanos e a distribuição mais
equitativa de riqueza   - consistem em algumas das políticas deste
partido que me parecem não só são validas e úteis, como devem ser
levadas a cabo com a máxima urgência. Não é que seja pertinente a
categorização, mas este é seguramente um partido de esquerda.

Contudo repito, mais uma vez, que a abstenção ou recurso ao voto não
é, felizmente, a única "arma" de protesto ao serviço de cidadãs/ãos.
Concordo e acho urgente a efectivação de mudanças, mas estas têm de
ser claramente identificadas e, porque não, começarem no íntimo de
cada um de nós (?).



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Rui Pedro Fonseca



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