[ARENA] Tão estúpidos que eles são!!!!
rroque renatoroque.com
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Quinta-Feira, 23 de Dezembro de 2010 - 12:50:54 WET
A discussão agora está a ficar interessante.
On 12/23/2010 11:04 AM, susana mendes silva wrote:
> O problema central é uma questão de *autoridade*.
> Quem é que pode decidir ou não o que é um objecto artístico.
RR: Quem decide é quem tem o poder. Neste momento são os comissários, os
curadores, ou os curators, como preferirem, e ainda os directores de
museu , os gestores de colecções, que muitas vezes são as mesmas
pessoas. Depois o tempo pode exercer uma filtragem e uma correcção nessa
decisão.
> E esta decisão anula a "autoridade" em primeiro lugar dos artistas e
> depois da comunidade artística em geral.
RR: A "autoridade" dos artistas e da comunidade artística é
INFELIZMENTE muito reduzida, em minha opinião por grande
responsabilidade dos artistas e da comunidade artística.
> A operação "gadanhiana" - a obra de arte volta a ser apenas o material
> quotidiano com que é construída e é isso que se declara - propõe
> subverter a decisão do tribunal. O problema é que o objecto em causa -
> que já não é um objecto artístico segundo a UE - continua a ter o
> mesmo valor de transacção e de seguro. E é o valor enquanto obra de
> arte que vai ser ser taxado.
RR: O problema começa quando o valor de uma obra de arte pode ser
traduzido em dollars! E curiosamente esta questão só é muito pertinente
para as chamadas artes plásticas. Isto também merece reflexão. Um livro
do Eça de Queirós ou uma sinfonia de Mahler custam 10 ou 20 euros.
> Há aqui, parece-me, uma total incoerência: formal e legal.
>
> para aqueles que ainda não leram o artigo do guardian que o fernando
> refere, aqui vai:
> http://www.guardian.co.uk/artanddesign/2010/dec/20/art-dan-flavin-light-eu
>
>
> susana mendes silva
> www.susanamendessilva.com
> susana.mendes.silva gmail.com
> skype: susana_mendes_silva
> +351 917218012
>
>
>
>
>
>
>
>
> On 22 Dec 2010, at 22:15, miguel leal wrote:
>
>
>
> A pior coisa que se pode fazer numa discussão deste tipo é confundir a
> parte com o todo... No resto só me posso rir (e chorar) com a
> estupidez de tudo isto. Razão tem é o Pedro Gadanho :-)
>
> And believe me, worst days will come...
>
> abs
>
> ml
>
>
>
> On 22Dec2010, at 5:21 PM, rroque renatoroque.com wrote:
>
>> Assustar não assusta, mas se pensarmos nos muitos milhões envolvidos
>> nalguma dessa arte é muito forçado falar de "áreas de actividade
>> mais frágeis ou que precisam de ser indirectamente apoiadas". Isto
>> independentemente da estupidez economicista.
>>
>> Abç
>>
>> Renato Roque
>>
>> Renato Roque
>>
>> On 12/22/2010 12:52 PM, Dinis Santos wrote:
>>> Considerar uma obra do dan flavin ou outra obra de um desses
>>> sonantes "áreas de actividade mais frágeis ou que precisam de ser
>>> indirectamente apoiadas" assusta-me. Preferia que a aquisição de uma
>>> dessas obras fosse fortemente taxada e que parte desse imposto
>>> servisse para apoiar as tais referidas áreas.
>>>
>>> "Better days will come" ;)
>>>
>>> 2010/12/22 miguel leal <ml virose.pt>
>>> Caro Ricardo,
>>>
>>> As taxas de IVA têm pouco a ver com uma definição prévia daquilo que
>>> é mais ou menos essencial para a nossa sobrevivência, até porque se
>>> o argumento fosse esse ficávamos como o Thoreau no meio do bosque:
>>> o amor, uma cabana e uma cana de pesca. As taxas fiscais ditas
>>> *reduzidas* servem tanto para não onerar bens considerados
>>> essenciais como para proteger áreas de actividade mais frágeis ou
>>> que precisam de ser indirectamente apoiadas. Estas decisões são
>>> sempre políticas e permitem-nos avaliar, como faz notar o título da
>>> mensagem que deu origem a esta discussão, o grau de estupidez dos
>>> nossos governantes.
>>> A esse propósito, lembro-me sempre da infeliz frase de um político
>>> português que disse, glosando Joseph Goebbles e a famosa tirada do
>>> produtor cínico em 'Le Mépris' de J. L. Godard: 'Sempre que ouço a
>>> palavra cultura puxo do livro de cheques'...
>>>
>>>
>>> 'Worst days will come'
>>>
>>>
>>> abs
>>>
>>>
>>> ml
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> On 22Dec2010, at 8:48 AM, Ricardo Reis wrote:
>>>
>>>> On Wed, 22 Dec 2010, xana.tv wrote:
>>>>
>>>>> A Arte é taxada a 5% na Comunidade Europeia ( IVA) porque é um bem
>>>>> cultural
>>>>> que precisa de ser protegido (como os livros), porque é essencial
>>>>> !... para
>>>>> nos mantermos seres racionais !!!
>>>>>
>>>>> Será que Ricardo Reis quer que os artistas não sejam
>>>>> profissionais... ou
>>>>> será que há na sua argumentação o preconceito que arte não é
>>>>> CONHECIMENTO ?
>>>>> Como os outros criadores de saber os artistas produzem
>>>>> CONHECIMENTO que numa
>>>>> sociedade capitalista tem valor no mercado. E esse produto precisa
>>>>> de ser
>>>>> protegido e ser acessível à população em geral (por isso tem uma
>>>>> taxa mais
>>>>> baixa) ... repito: porque é essencial para a nossa sobrevivência
>>>>> como seres
>>>>> racionais/criativos.
>>>>
>>>> A questão não é se a arte é necessária para "nos mantermos seres
>>>> racionais" (algo aberto a discussão. O exercício da criatividade e
>>>> manipulação de conceitos sim, isso convence-me.).
>>>>
>>>> E também não disse que a arte não é conhecimento. De facto existe
>>>> um nível a partir do qual, para fruir da obra de arte, é preciso um
>>>> grande lastro cutural e de conhecimento prévio, assim como a
>>>> possesão de ferramentas de manipulação de conceitos algo
>>>> sofisticadas. Idem para a sua criação, o mais das vezes não cria
>>>> quem quer, mas sim quem pode.
>>>>
>>>> Dito isto... eu sei que esta lista acolhe artistas e muitos destes
>>>> vivem devido à arte que fazem. Tal, por si só, cria um viés na
>>>> abordagem ao problema.
>>>>
>>>> O que eu de facto disse é que existe arte suficiente no mundo para
>>>> não requerer os tais 5%. E também vos digo (provem-me o contrário)
>>>> que independentemente de 5,10,20 ou 50% haverá sempre quem crie e
>>>> alimente a sociedade de arte. E também digo que colocar a arte no
>>>> patamar da comida que tem de se pôr no prato, a nível de
>>>> importância, é uma decisão de quem está para além das primeiras
>>>> necessidades. Como eu disse, sem comer nem beber morre-se, é
>>>> binário. Sem adquirir obras de arte continua-se a viver e,
>>>> estranhamente, até se vive bem porque, como disse, há muita arte
>>>> por aí. Vê-se que o exercício da criatividade humana é algo
>>>> quasi-imparável.
>>>>
>>>> Consigo aceitar os tais 5% com outro tipos de justificação. Não
>>>> porque a "arte" é um bem essencial (e depois, quem decide o que é
>>>> "arte"? os senhores da alfândega?) mas sim porque a produção de
>>>> obras de arte cada vez mais complexas, que de facto exigem um
>>>> trabalho prévio árduo de manipulação de conhecimento, precisa de
>>>> ser protegido certa forma ao não encontrar um ambiente a isso
>>>> conducente no mundo exterior. No fundo, se não há uma falta genéria
>>>> de "arte" haverá sim uma produção mais escassa de obras mais
>>>> complexas que de facto são desejadas. Mas repare-se também que para
>>>> usufruir dessas obras se exige, a maior parte das vezes, ao público
>>>> uma cultura e conhecimentos prévios que não estão ao alcance de
>>>> todos, mercê da sua experiẽncia de vida, percurso socio-económico.
>>>> E portanto, desse lado, pode ser questionável a atribuição desse
>>>> previlégio.
>>>>
>>>> Quase toda a gente pode apreciar um bife, masnem todos entendem ou
>>>> se elevam com uma obra de arte contemporânea. Wonder why?
>>>>
>>>> Daí a minha asserção, 5% para as ferramentas (aquelas que
>>>> possibilitam ao espírito elevar-se com a arte) e o normal para as
>>>> obras de arte em si. Porque, veja-se também, se a minha capacidade
>>>> de apreender e apreciar aumenta, o valor que eu dou às obras de
>>>> arte também aumenta e as "facilidades" dos tais 5% diluem-se e
>>>> deixam de ser necessárias.
>>>>
>>>> cmps,
>>>>
>>>> Ricardo Reis
>>>>
>>>> 'Non Serviam'
>>>>
>>>> PhD candidate @ Lasef
>>>> Computational Fluid Dynamics, High Performance Computing, Turbulence
>>>> http://www.lasef.ist.utl.pt
>>>>
>>>> Cultural Instigator @ Rádio Zero
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