[ARENA] Tão estúpidos que eles são!!!!

joão BAETA joaobaeta gmail.com
Quinta-Feira, 23 de Dezembro de 2010 - 19:18:52 WET


concordo com a afirmação:
a discussão agora está a ficar interessante

No dia 23 de Dezembro de 2010 12:50, rroque  renatoroque.com <
rroque  renatoroque.com> escreveu:

>  A discussão agora está a ficar interessante.
>
>
> On 12/23/2010 11:04 AM, susana mendes silva wrote:
>
> O problema central é uma questão de *autoridade*.
> Quem é que pode decidir ou não o que é um objecto artístico.
>
> RR: Quem decide é quem tem o poder. Neste momento são os comissários, os
> curadores, ou os curators, como preferirem, e ainda os directores de museu ,
> os gestores de colecções, que muitas vezes são as mesmas pessoas. Depois o
> tempo pode exercer uma filtragem e uma correcção nessa decisão.
>

Jb: Antes destes senhores, existem os grandes grupos económicos. Estes
definem investimentos que deverão corresponder aos seus interesses.
     Não existe programação, curador, ..., que não seja sensível a esta
pressão. Pois de outra forma não poderiam prosseguir de forma mais ou
menos confortável com as suas decisões.
     Ignorar quem está no topo desta pirâmide das decisões e do poder, é
ingenuidade pura.

 E esta decisão anula a "autoridade"  em primeiro lugar dos artistas e
> depois da comunidade artística em geral.
>
> RR: A "autoridade"  dos artistas e da comunidade artística é INFELIZMENTE
> muito reduzida, em minha opinião por grande responsabilidade dos artistas e
> da comunidade artística.
>


Jb: Os artistas e a comunidade artística em geral estão na base dessa
pirâmide... Muitas vezes por egoísmo puro, por ignorância, por se estarem
nas tintas para a comunidade em geral.
O artista tem liberdade e responsabilidade na sua esfera individual. Se
efectivamente for consciente da sua produção, pode mudar por dentro, este
estado da realidade.

 A operação "gadanhiana" - a obra de arte volta a ser apenas o material
> quotidiano com que é construída e é isso que se declara - propõe subverter a
> decisão do tribunal. O problema é que o objecto em causa - que já não é um
> objecto artístico segundo a UE - continua a ter o mesmo valor de transacção
> e de seguro. E é o valor enquanto obra de arte que vai ser ser taxado.
>
>   RR: O problema começa quando o valor de uma  obra de arte pode ser
> traduzido em dollars! E curiosamente esta questão só é muito pertinente para
> as chamadas artes plásticas. Isto também merece reflexão. Um livro do Eça de
> Queirós ou uma sinfonia de Mahler custam 10 ou 20 euros.
>

>  Há aqui, parece-me, uma total incoerência: formal e legal.
>
>
Jb: Existem quem tenha pensado nestas questões da cultura das massas, da
reprodutibilidade das obras, e invariavelmente,com as diferenças ou
semelhanças, chega-se sempre ao mesmo núcleo, o poder do dinheiro. Quem
o tem, na maior parte dos casos ignora estas questões,está-se a
borrifar,salvo raras e digníssimas excepções, para os artistas e para os
restantes cidadãos.
O poder dos grupos fala mais alto. A Comissão Europeia, é dominada pelas
grandes companhias, que nas sucessivas fusões, se tornam cada vez maiores. A
variedade diminui proporcionalmente ao poder que aumenta. São cada vez menos
aqueles que decidem o que se passa na Europa. E estes por sua vez são
pressionados pelo grupo ainda menor dos que decidem o que acontece em todo o
Mundo.
Não percebo assim a  surpresa. Percebo sim, o espanto, de que se depara
hoje, com uma realidade onde existem tão poucos a decidir por todos, de
forma tão impune e irresponsável, sem qualquer constrangimento.

Jbaeta


para aqueles que ainda não leram o artigo do guardian que o fernando refere,
> aqui vai:
> http://www.guardian.co.uk/artanddesign/2010/dec/20/art-dan-flavin-light-eu
>
>
>    susana mendes silva
> www.susanamendessilva.com
> susana.mendes.silva  gmail.com
> skype: susana_mendes_silva
> +351 917218012
>
>
>
>
>
>
>
>
>  On 22 Dec 2010, at 22:15, miguel leal wrote:
>
>
>
> A pior coisa que se pode fazer numa discussão deste tipo é confundir a
> parte com o todo... No resto só me posso rir (e chorar) com a estupidez de
> tudo isto. Razão tem é o Pedro Gadanho :-)
>
> And believe me, worst days will come...
>
> abs
>
> ml
>
>
>
> On 22Dec2010, at 5:21 PM, rroque  renatoroque.com wrote:
>
> Assustar não assusta, mas se pensarmos nos muitos milhões envolvidos
> nalguma dessa arte é muito forçado falar  de "áreas de actividade mais
> frágeis ou que precisam de ser indirectamente apoiadas". Isto
> independentemente da estupidez economicista.
>
>
>  Abç
>
>
>  Renato Roque
>
>
>  Renato Roque
>
>
>  On 12/22/2010 12:52 PM, Dinis Santos wrote:
>
>  Considerar uma obra do dan flavin ou outra obra de um desses sonantes
> "áreas de actividade mais frágeis ou que precisam de ser indirectamente
> apoiadas" assusta-me. Preferia que a aquisição de uma dessas obras fosse
> fortemente taxada e que parte desse imposto servisse para apoiar as tais
> referidas áreas.
>
>
>   "Better days will come" ;)
>
>
>   2010/12/22 miguel leal <ml  virose.pt> <ml  virose.pt>
>
>  Caro Ricardo,
>
>
>   As taxas de IVA têm pouco a ver com uma definição prévia daquilo que é
> mais ou menos essencial para a nossa sobrevivência, até porque se o
> argumento fosse esse ficávamos como o Thoreau no  meio do bosque: o amor,
> uma cabana e uma cana de pesca. As taxas fiscais ditas *reduzidas* servem
> tanto para não onerar bens considerados essenciais como para proteger áreas
> de actividade mais frágeis ou que precisam de ser indirectamente apoiadas.
> Estas decisões são sempre políticas e permitem-nos avaliar, como faz notar o
> título da mensagem que deu origem a esta discussão, o grau de estupidez dos
> nossos governantes.
>
>  A esse propósito, lembro-me sempre da infeliz frase de um político
> português que disse, glosando Joseph Goebbles e a famosa tirada do produtor
> cínico em 'Le Mépris' de J. L. Godard: 'Sempre que ouço a palavra cultura
> puxo do livro de cheques'...
>
>
>
>   'Worst days will come'
>
>
>
>   abs
>
>
>
>   ml
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>   On 22Dec2010, at 8:48 AM, Ricardo Reis wrote:
>
>
>   On Wed, 22 Dec 2010, xana.tv wrote:
>
>
>    A Arte é taxada a 5% na Comunidade Europeia ( IVA) porque é um bem
> cultural
>
>    que precisa de ser protegido (como os livros), porque é essencial !...
> para
>
>    nos mantermos seres racionais !!!
>
>
>     Será que Ricardo Reis quer que os artistas não sejam profissionais...
> ou
>
>    será que há na sua argumentação o preconceito  que arte não é
> CONHECIMENTO ?
>
>    Como os outros criadores de saber os artistas produzem CONHECIMENTO que
> numa
>
>    sociedade capitalista tem valor no mercado. E esse produto precisa de
> ser
>
>    protegido e ser acessível à população em geral (por isso tem uma taxa
> mais
>
>    baixa)  ... repito: porque é essencial para a nossa sobrevivência como
> seres
>
>    racionais/criativos.
>
>
>    A questão não é se a arte é necessária para "nos mantermos seres
> racionais" (algo aberto a discussão. O exercício da criatividade e
> manipulação de conceitos sim, isso convence-me.).
>
>
>    E também não disse que a arte não é conhecimento. De facto existe um
> nível a partir do qual, para fruir da obra de arte, é preciso um grande
> lastro cutural e de conhecimento prévio, assim como a possesão de
> ferramentas de manipulação de conceitos algo sofisticadas. Idem para a sua
> criação, o mais das vezes não cria quem quer, mas sim quem pode.
>
>
>    Dito isto... eu sei que esta lista acolhe artistas e muitos destes
> vivem devido à arte que fazem. Tal, por si só, cria um viés na abordagem ao
> problema.
>
>
>    O que eu de facto disse é que existe arte suficiente no mundo para não
> requerer os tais 5%. E também vos digo (provem-me o contrário) que
> independentemente de 5,10,20 ou 50% haverá sempre quem crie e alimente a
> sociedade de arte. E também digo que colocar a arte no patamar da comida que
> tem de se pôr no prato, a nível de importância, é uma decisão de quem está
> para além das primeiras necessidades. Como eu disse, sem comer nem beber
> morre-se, é binário. Sem adquirir obras de arte continua-se a viver e,
> estranhamente, até se vive bem porque, como disse, há muita arte por aí.
> Vê-se que o exercício da criatividade humana é algo quasi-imparável.
>
>
>    Consigo aceitar os tais 5% com outro tipos de justificação. Não porque
> a "arte" é um bem essencial (e depois, quem decide o que é "arte"? os
> senhores da alfândega?) mas sim porque a produção de obras de arte cada vez
> mais complexas, que de facto exigem um trabalho prévio árduo de manipulação
> de conhecimento, precisa de ser protegido certa forma ao não encontrar um
> ambiente a isso conducente no mundo exterior. No fundo, se não há uma falta
> genéria de "arte" haverá sim uma produção mais escassa de obras mais
> complexas que de facto são desejadas. Mas repare-se também que para usufruir
> dessas obras se exige, a maior parte das vezes, ao público uma cultura e
> conhecimentos prévios que não estão ao alcance de todos, mercê da sua
> experiẽncia de vida, percurso socio-económico. E portanto, desse lado, pode
> ser questionável a atribuição desse previlégio.
>
>
>    Quase toda a gente pode apreciar um bife, masnem todos entendem ou se
> elevam com uma obra de arte contemporânea. Wonder why?
>
>
>    Daí a minha asserção, 5% para as ferramentas (aquelas que possibilitam
> ao espírito elevar-se com a arte) e o normal para as obras de arte em si.
> Porque, veja-se também, se a minha capacidade de apreender e apreciar
> aumenta, o valor que eu dou às obras de arte também aumenta e as
> "facilidades" dos tais 5% diluem-se e deixam de ser necessárias.
>
>
>    cmps,
>
>
>    Ricardo Reis
>
>
>    'Non Serviam'
>
>
>    PhD candidate @ Lasef
>
>   Computational Fluid Dynamics, High Performance Computing, Turbulence
>
>   http://www.lasef.ist.utl.pt
>
>
>    Cultural Instigator @ Rádio Zero
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