<div dir="ltr"><div><br></div>A RAMPA apresenta <i><b>Trabalho Nenhum. Ruína e Paisagem Sonora no Porto Pós-Industrial.</b></i>, uma exposição do colectivo <b>gmurda</b>. <div><br></div><div>gmurda é um grupo de ocupação de estruturas abandonadas através de dinâmicas coletivas efémeras. Fundado em Lisboa no ano de 2012, gmurda vale-se da copiosa abundância de ruínas no território, garantida há largos anos pela conjuntura política global. A sua prática interroga a crise do habitar própria à modernidade portuguesa e ao processo de terciarização, dos seus paradoxos, saltos em frente e becos sem saída.<br>A ruína é o lugar da suspensão das regras convencionais que determinam e comandam a ordem coletiva dos espaços, sejam eles domésticos, laborais ou de culto. </div><div><br></div><div>Há causas económicas e leituras históricas que explicam o porquê de tantas falências e desmantelamentos marcarem o passado do território. Na calha estarão também projetos destinados à requalificação futura desse património. O presente, esse, é cada vez mais o da ruína e do aberto em inércia que ela guarda, um vazio latente onde é possível a instauração de novas ordens coletivas. A ação de gmurda consiste na exploração do potencial negativo, da ausência humana de lugares ainda subtraídos ao domínio produtivo.</div><div><br></div><div><i>Trabalho Nenhum</i> é uma investigação sobre um território concreto: a arquitetura de destroços da periferia industrial do Porto, região do país onde, de uma forma mais contundente, se pode falar de ter havido, ainda que tardia, uma “revolução industrial”, assente na mão-de-obra de trabalhadores despossuídos, migrantes e remediados.<br>A transformação global do mundo do trabalho deixou-nos estes espaços imensos em ruínas, na vertigem de serem reapropriados por uma eminente valorização cultural e turística. Estas ruínas existem num entretanto, como terreno incógnito de uma apropriação coletiva. <i>Trabalho Nenhum</i> é então a afirmação desse momento de vazio. O nosso trabalho começa na suspensão de todos os outros.</div><div>____</div><div><br>Fundado em 2012, o coletivo gmurda é constituído por Bruno Caracol (Lisboa, 1980), Eva Baudry (França, 1991), Odair Monteiro (Cabo Verde, 1981) e Tiago Mesquita Carvalho (Lisboa, 1981).</div><div><br>A atividade de gmurda tem-se pautado pela exploração sonora e performativa de estruturas arquitetónicas abandonadas do passado industrial e militar. Entre os projetos desenvolvidos destaca-se o projeto de residências artísticas "O Som e a Ruína" (2014-2017) apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.<br><br>Com os melhores cumprimentos,<br>Vera Carmo</div></div>