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<body class='hmmessage'><div dir='ltr'>
<br><br><div><div id="SkyDrivePlaceholder"></div><hr id="stopSpelling"><font style="">Meus caros (a),<br>Fica aqui o convite para a minha próxima 
exposição. Desta feita, trabalhei com o André Cepeda num projecto que 
apelidamos de CANAL.<br>Este trabalho resulta da residência artística 
que ambos realizamos durante o ano de 2011 no Espace Photografique 
Contretype em Bruxelas.<br>
Esta exposição, mostra uma série nova de trabalhos: Fotografias, Vídeo, 
objectos, um  livro (edição de autor) e um projecto sonoro (vinil - 
edição de autor) com a participação de Jonathan Saldanha.<br>Na vernissage iremos apresentar uma performance sonora, também com a participação do Jonathan Saldanha.<br>
Por último,  o Miguel Von Hafe Pérez irá </font>fazer um percurso pela exposição<font style="">,  </font><font style="">sobre a forma de conversa aberta</font> .<br><br><b><font size="4">Espace Photografique Contretype - 1, Avenue de la Jonction 1060 Bruxelles<br>
Vernissage - 31 de Janeiro das 18 h as 20 h<br>Exposição -  1 de Fevereiro a 4 de Março<br>
</font></b><br><font style="">  <br><br><br>Caro leitor,<br>Antes de entrar no 
assunto que aqui me traz, permita-me duas notas prévias: este projecto, 
realizado com o André Cepeda, é o resultado de uma residência artística 
na Contretype. Como compreenderá, falar pelos dois é uma tarefa ingrata,
 tanto mais quando se trata de relatar um processo de trabalho que 
decorreu desde Abril de 2011. <br>

Quando nos propusemos trabalhar sobre o Canal deparamo-nos com uma 
realidade tão complexa e rica em representações possíveis que sentimos 
que as hesitações, os recuos e as decisões entretanto tomadas faziam 
parte de um contexto ele próprio fugidio e flutuante. <br>

Fica desde já o leitor informado que foi nesta permanente dificuldade que o que agora pode ver se foi estruturando. <br>Nos
 primeiros dias o nosso trabalho consistiu em percorrer toda a extensão 
do Canal em Bruxelas. Começamos em Verbrande-Brug, a norte da cidade, 
uma espécie de lugar mítico que já não existe tal como o conhecemos. 
Encontramos pessoas que vivem em barcos no Canal, conhecemos o Little 
Jimmy, um homem da idade de ouro do rock'n’roll e falamos com aquele que
 se apresentou como “o último capitão do porto”. O progresso estava ali à
 porta e, em breve, todos os que vivem ali em barcos serão obrigados a 
partir, explicou-nos: “já não há lugar para nós, para o sonho, para a 
poesia”... <br>

Passamos algum tempo no bairro onde se negoceiam carros - e tudo mais 
que não se vê mas se adivinha -, e estivemos no Mar do Norte. Mais a 
sul, entramos de carro pela cidade de Charleroi ao som das guitarras 
nuas e melancólicas de Neil Young e Earth e por algum tempo vagueamos 
sem rumo pela cidade. <br>

Esta experiência lembrou-nos uma outra viagem que fizemos juntos no sul 
dos Estados Unidos da América ao longo do rio Mississipi; lembrou-nos a 
presença da música na paisagem, nos lugares e nas pessoas. Foi assim que
 se nos apoderou um estranho sentimento de que de alguma forma alguns 
lugares da Bélgica se assemelham aos Estados Unidos... <br>

O Canal é, como aqui o dizem, uma fronteira invisível que atravessa e 
divide a cidade de Bruxelas. É um extraordinário campo de estudo e 
experimentação onde os ambientes e a paisagem se vão metamorfoseando na 
criação de estratos de significação de matriz indecifrável. Mesmo antes 
de ter cá estado, já imaginava uma paisagem construída e manipulada por 
muitas camadas de informação. No preciso momento em que escrevo estas 
palavras, uma grande intervenção tem lugar em toda a sua extensão. Este 
tipo de estruturas produz uma energia própria, uma rede que altera 
completamente a paisagem. Uma dupla paisagem artificial, onde o 
nivelamento, a construção e intervenção urbanística circundante criam 
uma paisagem moderna fria e pragmática: uma energia impossível de 
ignorar. <br>

De certa forma criamos as nossas expectativas, ideias e visões sobre 
estas paisagens e estávamos ansiosos por sentir simplesmente a passagem 
do tempo numa estrutura desta dimensão: o movimento, a velocidade, o 
ritmo, a repetição. Todas essas coisas que nos distanciam cada vez mais 
da natureza. <br>

Com o tempo surgiram as primeiras imagens. Uma das fotografias do André 
chamou-me a atenção e posso mesmo dizer que mudou a direcção do nosso 
trabalho. Nessa imagem vê-se um livro aberto sobre uma mesa de madeira. 
Quando o observamos, torna-se evidente que o que vemos impresso nessas 
páginas é um mapa e, com um olhar mais agudo descobrimos que se trata do
 mapa da cidade de Bruxelas. Na parte inferior da imagem é possível 
pressentir a textura do chão; na mesa vemos também uma chávena de café 
vazia e no canto superior esquerdo um outro livro, possivelmente uma 
enciclopédia. <br>

Ainda que representando objectos em concreto, o grau de abstracção 
inerente a esta imagem acabou por nos colocar perante a evidência nua e 
crua de que aquilo que certas imagens não dizem sobre si acaba por ser 
porventura mais decisivo do que aquilo que supostamente se pode 
contemplar na sua superfície. <br>

Sabemos que este projecto elide uma infinidade de coisas que não 
reparamos, de que não nos demos conta, ou simplesmente não lhe demos 
qualquer importância. Mas esse olhar para o lado pode determinar, tal 
como na vida, que o recentramento no que importa acabe por se tornar 
mais intenso. <br>

Nesta exposição imaginamos, então, um lugar onde as imagens e objectos, o
 som, o vídeo e a performance, resultam num tempo narrativo capaz de 
valorizar essa expectativa.</font></div>                                      </div></body>
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