Uma das coisas que se discute, neste caso, é a raiz da(s) Face(s) Oculta(s) parcialmente responsáveis pelo estado actual do país.<br>Casos deste tipo são prática comum no Estado Central, no Poder Local, nas Universidades, nas Fundações, nas Grandes, Pequenas e Médias Empresas... e passam-se na adjudicação de serviços de Design, como em todas as outras áreas possíveis e imaginárias. A notoriedade dos envolvidos e a sua respeitabilidade pública e corporativa varia, mas, em regra, os maiores beneficiários deste &quot;sistema&quot; são portadores de reputações e currículos inatacáveis e, regra geral, terão cumprido todos os requisitos legais e, como Pina Moura tão bem sintetizou, em representação de muitas elites portuguesas, &quot;a minha ética é a lei&quot;. Como quem faz a lei, participa deste carrossel, estamos conversados.<br>
<br>Dito isto, o que é que cada um de nós, cada pessoa-cidadão, pode fazer? Podíamos começar por fazer um compromisso de recusarmos participar directa ou indirectamente neste grande esquema. Mas quantos dos presentes neste fórum, ligados a Universidades, Fundações ou Institutos, beneficiários ou candidatos a financiamentos da mais variada natureza e escala, assalariados em organizações privadas e/ou públicas, pode garantir que a radical manutenção do seu estado pessoal impoluto é compatível com a sobrevivência?<br>
Podíamos começar por fazer um compromisso de expôr os casos que nos pareçam mais escandalosos e lutar para que, independentemente da correcção técnico-jurídica destes grandes negócios, seja possível abalar pública e corporativamente os seus mais destacados protagonistas. Mas quantos dos presentes neste fórum teriam a coragem de lançar acusações públicas e/ou, dentro das suas classes profissionais, tomar medidas concretas para assinalar estes comportamentos como deontologicamente graves e defender o seu ponto de vista até às últimas consequências, ignorando os avisos de &quot;perigo iminente&quot; associados a qualquer tentativa de atacar a reputação dos membros mais visíveis de cada classe, sob pena de lançar uma nódoa indelével sobre toda a classe e, assim, sobre si próprio?<br>
Podíamos talvez começar, simplesmente, por reconhecer que esta teia pegajosa de comportamentos mais do que inconfessáveis, inconfessados, nos envolve a todos, culturalmente falando e fazer simplesmente o compromisso de educar os nossos filhos e, para os mais audazes, os nossos familiares, os nossos vizinhos, as nossas comunidades...<br>
<br>Compreender a natureza profundamente política de tudo isto e a necessidade duma revolução/reforma que, hélas, depende da intervenção política de todos é menos imediato e libertador do que soltar umas atoardas sobre fulano, sicrano ou beltrano. Mas, a longo prazo, creio, é bastante mais eficaz.<br>
<br>Claro que as atoardas são sempre bem-vindas para animar os espíritos e descomprimir, mas a acção consequente é um dos valores mais sub-estimados neste nosso cantinho à beira-mar plantado.<br><br>Cumprimentos,<br><br>João Martins<br>
<br clear="all"><br>-- <br>João Pedro Martins<br>música . web design<br><a href="http://joaomartins.entropiadesign.org">http://joaomartins.entropiadesign.org</a><br>mail: <a href="mailto:joaomartins@mac.com">joaomartins@mac.com</a><br>
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