<div>Boa Miguel! De facto a lista não tem parado, e isso na minha opinião é muito positivo como deverá ser a opinião dos restantes membros...e como constatado, a partir de um assunto polémico...</div>
<div> </div>
<div>Em relação ao tema do debate, bom, a prática artística contemporânea lida com subjectividade e realidade e assim sendo apenas vejo este "trabalho" por aí, ou seja, até que o poderia considerar subjectivo pelo plano de incertezas proporcionado em diversas frentes e alimentado a partir dessa discussão que segue em "estado de hipnose colectiva"...e realista, pelo impacto de discussão sobre o Real e a problemática da responsabilidade do artista face ao próprio Real. </div>
<div> </div>
<div>Não tenho qualquer dúvida que este artista acabou por demonstrar que não é um bom artista, que aliás até assume um carácter bastante determinista e linear, portanto a complexidade enquanto propulsor de interesse se existir aqui será de facto pelo compromisso com a representação e menos com a re-construção...o que somando à falta de responsabilidade em variadíssimas frentes deste "artista" converte tudo isto num grande espectáculo de distracção sobre o que deveriamos estar ocupados enquanto...artistas. E sob o pressuposto de que o propósito desse "artista" poderia ser mesmo o "arriscar" e provocar este tipo de debates, então onde está a responsabilidade desse "artista"? Onde está ele para discutir??? </div>
<div> </div>
<div>Um grande abraço ao João Louro, também sou um fulgorante defensor dos direitos dos animais, só quem lida com eles como sei-o bem que o João lida, assim como eu, é que percebe a real "realidade" destes fabulosos seres, digo isto perfeitamente consciente também das possibilidades oportunistas de alguns donos que alteram a personalidade do cão (espelhando a sua distorção sócio-cognitiva). </div>
<div> </div>
<div>E depois disto tudo também me lembrei que afinal eu também tenho uma obra com um cão, um português, o ruff. a partir do registo de uma hipotética entrevista que lhe fiz entre a minha e a linguagem dele sobre arte contemporânea...</div>
<div>O trabalho foi elaborado entre 2005 e 2007 e chama-se "Estórias de um cão inteligente: my dog is more explained than what many people of the art world can think". É apresentado em duas projecções de vídeo. Para os mais interessados numa prática artística portuguesa (que lida com outros propósitos sobre a arte e sobre um cão, considerado por mim, fabuloso), podem ver mais em:</div>
<div><a href="http://www.saatchi-gallery.co.uk/yourgallery/artist_profile//25974.html">http://www.saatchi-gallery.co.uk/yourgallery/artist_profile//25974.html</a></div>
<div>Um abraço</div>
<div>Alexandre A.R. Costa</div>
<div>-----------------------------------<br></div>
<div class="gmail_quote">2008/4/3 miguel leal <<a href="mailto:ml@virose.pt">ml@virose.pt</a>>:<br>
<blockquote class="gmail_quote" style="PADDING-LEFT: 1ex; MARGIN: 0px 0px 0px 0.8ex; BORDER-LEFT: #ccc 1px solid">
<div style="WORD-WRAP: break-word">Não há nada como um cão para acordar uma lista!
<div><br></div>
<div>Passada a fase mais inicial das reacções a quente, parece-me que a discussão tomou entretanto um caminho diferente. Gostei da água deitada na fervura pelo João (e pelo Fernando), mas de qualquer modo interessa-me pouco o facto em si, até porque não temos como aferir dos seus detalhes e do seu contexto no meio de tanto ruído — experimentem googlar o tema, como amostra... Neste momento, os seus efeitos são um motivo bem mais interessante. Também não importa muito tentar distinguir aquilo que é realidade e aquilo que é ficção. Os efeitos de uma e de outra, para a discussão, não são muito diferentes (já falando do cão, fazem toda a diferença).</div>
<div>Longe das emoções e da desinformação dos blogs, já pouco se discute o cão e o artista. Discute-se sim no campo da bioética e da bioestética (se é que lhe podemos chamar assim).</div>
<div><br></div>
<div>Curioso com este aumento do tráfego na [ARENA], fui consultar os arquivos da lista ( e a minha memória, já que parte dos arquivos se perdeu) e verifiquei que quase todos os picos de tráfego estiveram ligados a questões que cruzam a bioética, a biopolítica e a política em sentido mais estrito. O último grande pico de tráfego esteve ligado ao referendo do aborto (na altura alguns subscritores indignaram-se com a contaminação da lista com assuntos "não artísticos", o que gerou novo thread) e, antes disso, lembro-me de uma discussão sobre feminismo, arte e política, por exemplo. E este é um dado mais para a discussão...</div>
<div><font face="Verdana" color="#52504c" size="3"><span style="FONT-SIZE: 11px"><br></span></font>
<div>Quanto à 'barriga de um arquitecto', tenho que dizer que só faltava culparem o Duchamp de mais esta...:-)</div>
<div><br></div>
<div><br></div>
<div>um abraço</div>
<div><br></div>
<div><br></div>
<div>ml</div>
<div><br></div>
<div><br>
<div>On 3Apr2008, at 12:37 PM, João Martins wrote:<br>
<blockquote type="cite">
<div style="MARGIN: 0px">Mais aproximado da realidade:</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px"><a href="http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/10/arte-pode-matar.html" target="_blank">http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com/2007/10/arte-pode-matar.html</a></div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">João Martins escreveu:</div>
<div>
<div></div>
<div class="Wj3C7c">
<blockquote type="cite">
<div style="MARGIN: 0px">susana mendes silva escreveu:</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<blockquote type="cite">
<div style="MARGIN: 0px">obrigada fernando, mas a história da galeria parece-me bastante<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">romantizada...</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div></blockquote>
<div style="MARGIN: 0px">Sobre esta atitude já disse o que tinha a dizer.</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<blockquote type="cite">
<div style="MARGIN: 0px">a construção "conceptual" da obra parece-me também fraca, bem como<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">esse simbolismo de substituição:</div>
<div style="MARGIN: 0px">- um cão de rua não é um rottweiler. não representa o mesmo: o da rua<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">é um "pobre coitado".</div>
<div style="MARGIN: 0px">- chamar ao cão faminto o nome do artista morto também é algo que em<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">nada torna a obra mais forte (antes pelo contrário).</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div></blockquote>
<div style="MARGIN: 0px">Não me interessaria entrar em detalhe nesta parte da discussão, mas,<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">porque o rigor não tem que ser alheio à análise e interpretação,<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">pensemos assim:</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">Natividad Garcia não era um artista. Segundo o que li, há uns meses, era<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">uma mulher pobre, da Nicarágua, que foi morta por dois rottweillers<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">perante indiferença generalizada.</div>
<div style="MARGIN: 0px">O cão que Habucuc expõe, representa, assim, não uma vingança contra os<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">rottweillers, mas uma representação da situação, em que uma figura<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">frágil, o cão famélico, representa a fragilidade de Natividad e se<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">permite ao público da instalação o confronto com a sua própria<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">indiferença. Trata-se duma mudança de contexto: uma mulher pobre é<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">substituída por um cão famélico, a rua ou fábrica em que Natividad<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">morreu, pela sala da galeria.</div>
<div style="MARGIN: 0px">Podemos achar essa construção mais ou menos interessante. Podemos sentir<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">mais ou menos repulsa pela exploração da imagem do cão famélico, um ser<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">vivo em sofrimento.</div>
<div style="MARGIN: 0px">Podemos muita coisa.</div>
<div style="MARGIN: 0px">Mas sabemos muito pouco acerca de tudo isto. Demasiado pouco para dizer<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">tantas coisas, parece-me.</div>
<div style="MARGIN: 0px">Eu tenho até dificuldade em imaginar como será a vida na Nicarágua, pelo<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">que me é complicado compreender a relevância de determinado tipo de<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">intervenções.</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">Mas concedo que pessoas com maior experiência de vida e mundividência se<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">sintam confortáveis a perorar acerca de tudo isto, como se lhes fosse um<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">fenómeno próximo.</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<blockquote type="cite">
<div style="MARGIN: 0px">talvez algum artista queira fazer uma obra com o habacuc.</div>
<div style="MARGIN: 0px">apanhá-lo na rua e depois logo se via que construção "conceptual"<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">seria interessante.</div>
<div style="MARGIN: 0px">eu proponho, mesmo, que a dita galeria reencenasse algumas partes do<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">"chien andalu" no habacuc!</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div></blockquote>
<div style="MARGIN: 0px">É interessante notar que um dos objectivos do artista, presumo, tenha<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">sido precisamente confrontar as pessoas com a distorção crescente de uma<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">escala de valores em que, de repente, possa parecer normal, comparar o<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">valor duma vida humana e do sofrimento humano, como o de Natividad<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">Garcia, ao valor da vida e do sofrimento dum cão.</div>
<div style="MARGIN: 0px">Não é uma conversa que me interesse por aí além, mas tenho dificuldade<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">em movimentar-me em contextos em que a atenção que devotamos aos animais<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">de estimação ultrapassa significativamente a atenção que devotamos ao<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">vizinho ou concidadão.</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">Mas se houvesse um mínimo de preocupação com a realidade em tudo isto já<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">era muito bom.</div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">João Martins</div>
<div style="MARGIN: 0px"><a href="http://joaomartins.entropiadesign.org/" target="_blank">http://joaomartins.entropiadesign.org</a></div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div></blockquote>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MARGIN: 0px">--<span> </span></div>
<div style="MARGIN: 0px">João Pedro Martins</div>
<div style="MARGIN: 0px"><span> </span>entropiadesign</div>
<div style="MARGIN: 0px"><span> </span>design <a href="http://web.multim/" target="_blank">web.multim</a>édia.gráfico</div>
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<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
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<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
<div style="MIN-HEIGHT: 14px; MARGIN: 0px"><br></div>
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<div style="MARGIN: 0px">ARENA mailing list</div>
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