[ARENA] Exposição individual de Gustavo Sumpta em Berlim
t.domingos rosalux.com
t.domingos rosalux.com
Sábado, 18 de Fevereiro de 2017 - 15:40:51 WET
Comunicado
Die Zunge an den Gaumen nähen / Coser a Língua ao Céu-da-Boca
Instalação / escultura / performance
Exposição individual de Gustavo Sumpta em Berlim
Curadoria: Tiny Domingos
Local: rosalux - the Berlin-based art space
Wriezener Str. 12, 13359 Berlin
25 fevereiro – 25 março 2017
de quarta-feira a sábado, 14 -18 h e por marcação
Aberto durante o Kolonie Weekend (26.02): 14 -18 h
Performance: 11 de março 2017, 19.30 h
A rosalux tem o grande prazer de anunciar a primeira exposição
individual na Alemanha do performer e artista visual português Gustavo
Sumpta. A exposição abrirá no dia 24 de fevereiro e estará patente até
25 de março. Uma performance terá lugar a 11 de março, às 19.30 h.
Combinando objetos do quotidiano, vídeo e esculturas numa grande
intervenção espacial, Gustavo Sumpta irá transformar o espaço
expositivo numa instalação imersiva. Uma nova série de esculturas será
apresentada pela primeira vez ao público.
A exposição "Coser a Língua ao Céu-da-Boca" tem como ponto de partida
o filme de Charles Laughton "A Noite do Caçador" de 1955, em que
Robert Mitchum encarna Harry Powel, um terrível manipulador e sedutor
que se faz passar por pastor para atingir os seus fins. As suas
homilias parodiam os sermões radiofónicos e a eufórica e próspera
América dos anos cinquenta e ecoam fortemente na atual era Trump. O
filme é também um retrato plural de artistas generosos rejeitados pela
moral do seu século.
Sobre o artista:
Ao longo dos últimos 15 anos, Gustavo Sumpta tem-se afirmado com um
dos mais conceituados nomes da arte performativa em Portugal. A sua
obra prescinde de dispendiosos meios tecnológicos e de grandes efeitos
ex-machina. O seu despojamento é radical e incompatível com uma
observação menos atenta. O artista exige do público a mesma atenção
redobrada e o mesmo cuidado com que trabalha: uma concentração máxima
para acompanhar plenamente as suas performances (em que o desenlace
final se segue a um longo e cativante crescendo) e para vislumbrar na
penumbra o inquietante mas poético mistério de pequenos gestos
repetidos até à exaustão. Pedras da calcada, lajes, barreiras, bidões,
fitas de cassetes de vídeo, câmaras-de-ar de bicicleta e papel
higiénico. Os materiais que utiliza são pobres. Muitos deles já se
encontram no local das suas intervenções ou ali por perto. Estamos
longe de uma produção de grandes objetos glamorosos para fins
comerciais. Tão pouco se trata aqui de imposição, de transformação ou
de demonstrar um qualquer bom gosto ou know-how técnico. A sua prática
artística passa pela apreensão do Genius loci, pela revelação do lado
oculto dos elementos aparentemente banais que encontra (por exemplo
virando as lajes do pavimento) bem como das tensões sociais e
psicológicas que nos esforçamos por recalcar.
Nada de "l'art our l'art". O assunto aqui é sério. Trata-se de vida ou
de morte. De um inesperado ajuste de contas numa viela escura, da
possibilidade do sangue correr a pique, do sopro da valeta envolver
tudo e todos. Impossível haver maior drama. Nesta hora da verdade,
revelam-se finalmente as nossas mais secretas turpitudes e abrem-se as
portas à verdadeira resistência e à implacável catarse que tudo
arrasta consigo para apenas deixar uma benfazeja tabula rasa.
Gustavo Sumpta nasceu em 1970 em Luanda, cidade onde permaneceu após o
Êxodo dos Portugueses de Angola (sobretudo a partir de 1975). O
pós-colonialismo não é para ele uma abordagem académica ou uma
perspetiva curatorial mas uma realidade vivida na primeira pessoa como
único aluno branco da sua escola e do seu bairro durante os altos e
baixos da Angola do período pós-independência. Uma experiência intensa
que se reflete na contundência e na vitalidade sem rodeios da sua
prática artística. Aos 18 anos, veio para Portugal onde estudou
História e se formou em artes performativas no Porto. Trabalhou com
nomes sonantes das mais diversas disciplinas artísticas: com o
realizador Pedro Costa, com o coreógrafo João Fiadeiro e com o
escultor Rui Chafes. Experiências interdisciplinares que vêm reforçar
a sua obra. Nela encontramos uma densidade dramatúrgica, um depurado
cuidado estético, uma respiração e um olhar muito particular que o
cinema de autor português popularizou internacionalmente e que estão
intimamente ligados ao contexto sociocultural, a formas de resistência
estética e ao "modus vivendi" lusitano. (T.D.)
Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
FB Event link: www.facebook.com/events/249309005519327
Sobre a rosalux:
a rosalux é uma iniciativa artística sem fins lucrativos que
desenvolve uma programação internacional nas suas instalações de
Berlim. Foi fundada e é dirigida pelo artista plástico Tiny Domingos.
Nos últimos 10 anos, a rosalux tem contribuído para a divulgação
internacional do trabalho de vários artistas portugueses ou baseados
em Portugal (entre outros: Paulo Mendes, Pedro Calapez, Gonçalo Pena,
Isabel Ribeiro, Ângelo Ferreira de Sousa, Nuno Coelho, Miguel
Bonneville, Sara e André, Rui Mourão, Nuno Vicente, Rachel Korman,
António Contador, José Carlos Teixeira, Rita Castro Neves, João
Felino, Tiago Batista).
Em 2015, a rosalux foi galardoada com o Prémio "Project spaces" da
Cidade de Berlim.
Próximas exposições:
1.04. - 21.04. Correspondências, com Amarante Abramovici, João Vasco
Paiva, Maria Covadonga Barreiro, Sérgio Leitão, Tânia Dinis e
curadoria de Eduarda Neves*
29.04 - 19.05 Exposição individual, Ulu Braun (instalação vídeo e esculturas)
25.05 - 28.05 "Foreign Affairs", Projects Platform, rosalux em Atenas
25.08 - 16.09 "Stupid as a painter", Niek Hendrik (pintura)
* Projeto apoiado pela Direção Geral das Artes no âmbito do programa
de Internacionalização das Artes | 2016
www.rosalux.com
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