[ARENA] ÚLTIMA SEMANA _ exposição PICTURES and CREAM, The confidential report of the life and opinions of Tristram Shandy & friends, Volume 1 | Cristina Guerra Contemporary Art

paulo mendes paulomendes21 gmail.com
Segunda-Feira, 14 de Setembro de 2015 - 07:29:22 WEST


*exposição < PICTURES and CREAM **> última semana*

> até 19 de Setembro
> to September 19

Terça a Sexta das 12:00h _ 20:00h
Sábado entre as 15:00h _ 20:00h
Encerra ao Domingo e Segunda

Tuesday to Friday > 12 am to 8 pm
Saturday > 3pm to 8pm
Closed Sunday and Monday

#picturesandecream
> https://www.facebook.com/events/1437408859916576/


PICTURES and CREAM

The confidential report of the life and opinions of
Tristram Shandy & friends

VOLUME 1



um projecto comissariado por _ a project curated by _ Paulo Mendes
para _ for _ Cristina Guerra Contemporary Art


com a participação de_


*A Practice for Everyday Life,*

*Adriano Amaral**, *

*André Cepeda, *

*António Júlio Duarte, *

*António Olaio, *

*Carla Filipe, *

*Christian Andersson, *

*Erwin Wurm, *

*Fabrizio Matos, *

*Fernando Calhau, *

*Filipa César, *

*Gilbert & George, *

*Jérémy Pajeanc, *

*Jim Shaw, *

*João Onofre, *

*João Paulo Ferreira / Cineground**, *

*João Pedro Trindade, *

*John Baldessari, *

*Jorge Molder, *

*Julião Sarmento, *

*Lawrence Weiner, *

*Mafalda Santos, *

*Maria Trabulo, *

*Matt Mullican, *

*Mike Kelley, *

*Mirka Lugosi, *

*Non-verbal Club, *

*Óscar Alves / Cineground**, *

*Paul McCarthy, *

*Pedro Pousada, *

*Pierre Candide, *

*R2, *

*Raymond Pettibon, *

*Richard Prince, *

*Rosângela Rennó, *

*Rui Toscano, *

*Tatjana Doll e *

*Von Calhau.*

*(...)*




Esta exposição propõe uma deambulação narrativa por histórias e biografias
ficcionadas. É um projecto expositivo em processo e um estudo especulativo
sobre a criação e construção de narrativas e personalidades. São exibidas
obras, objectos e documentação que nos remetem para nascimentos e mortes,
filosofia e viagens, casamentos e traições, fraudes e obsessões.

O ponto de partida para pensar este projecto, o MacGuffin que desencadeia
esta intriga, é o livro *The Life and Opinions of Tristram Shandy,
Gentleman*, escrito e editado por Laurence Sterne, entre 1759 e 1768, na
Inglaterra do século XVIII e que constitui uma sátira às convenções e a
referenciais clássicos da literatura. A partir deste (pre)texto
abordar-se-á a autoficção – noção híbrida situada entre a autobiografia e a
novela, na fronteira entre o verdadeiro e o falso – que pode considerar-se
uma forma de expressão característica da arte contemporânea. Com efeito,
seja através da invenção de pseudónimos, de alter-egos e de vidas
imaginárias, ou de auto-retratos ficcionados, máscaras e próteses, muitos
foram os artistas/criadores a ensaiar mediante mitologias pessoais, o
desenvolvimento de novas maneiras de representar/expressar a transformação
da sua persona. ──────────────────────────────────────


Os criadores produzem uma constante releitura do caos desta cultura global,
anulando distinções entre criação e cópia, ready-made e trabalho original.
As noções de criação e originalidade esbatem-se nesta contínua “samplagem”
da paisagem cultural. Manipulando formas e formatos pré-estabelecidos, os
artistas contemporâneos servem-se delas para descodificar modelos e
produzir outras correntes de realidade, ou seja, narrativas alternativas.
As narrativas contemporâneas são permanentemente fragmentadas e
descentradas, o presente retrata-se numa dimensão anti-narrativa, herdeira
de Warhol, Debord ou Godard. Não existe uma história linear, mas várias
histórias que se desenvolvem simultaneamente. A narrativa clássica explodiu
numa pluralidade de micronarrativas – estamos perante uma realidade
estilhaçada, um *cadavre exquis* de escritas múltiplas. Cada vez mais os
artistas criam projectos que envolvem processos de investigação e uma
utilização crítica do material visual e documental. Essa prática
cartográfica resulta aqui como noutros casos numa montagem *site-specific*,
envolvendo uma implicação performativa do participante, activando o
espectador, integrando-o nesta exposição-instalação.

Uma exposição-instalação é uma exposição enquanto dispositivo. É uma
exposição sem começo nem fim, uma transformação orgânica do espaço, em
processo. Uma exposição-instalação é um fragmento no tempo em que um
conjunto de obras e coisas foram convocadas para um encontro temporário e
improvável. Uma fracção de tempo onde todas as contribuições, visuais e
documentais, funcionam como uma exposição, uma instalação total, um objecto
único que pode ser visitado, caminhado, penetrado. Algo transitório e
imaterial no seu conjunto, na sua leitura – que no momento que termina a
exposição se separa, se desmaterializa, ganhando cada elemento, cada obra,
novamente autonomia, individualidade, que provisoriamente foi partilhada
num projecto total.


─── Este projecto propõe uma reflexão sobre as diferentes possibilidades de
ensaiar a prática da curadoria, na sua dimensão conceptual e espacial, nos
seus formatos referenciais, tanto imaginários como materiais. Um conjunto
de trinta e oito criadores, artistas plásticos, cineastas e designers são
convocados a manipular as suas máquinas de ficção, através de suportes como
o cinema, o vídeo, a fotografia, a pintura, o desenho, o cartaz ou a
instalação.
Como transformar um livro num objecto? ─────────────── Como transformar um
livro numa exposição? ───────────────── E uma galeria num livro?
─────────────────────────────── Como pode um livro perder a sua vocação
primeira de leitura para se transformar num objecto espacial complexo?
──────────────── Será possível tridimensionalizar um livro numa
exposição-instalação? ─────────────────────────────────────────────
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“I would argue that from today’s perspective, the biggest change that
conceptualism brought about is this: after conceptualism we can no longer
see art primarily as the production and exhibition of individual
things—even readymades. However, this does not mean that conceptual or
post-conceptual art became somehow “immaterial.” Conceptual artists shifted
the emphasis of artmaking away from static, individual objects toward the
presentation of new relationships in space and time. These relationships
could be purely spatial, but also logical and political. They could be
relationships among things, texts, and photo-documents, but could also
involve performances, happenings, films, and videos—all of which were shown
inside the same installation space. In other words, conceptual art can be
characterized as installation art—as a shift from the exhibition space
presenting individual, disconnected objects to a holistic exhibition space
in which the relations between objects are the basis of the artwork.”

Boris Groys, 2011


“Many artist-curated exhibitions ─ perhaps the most striking and
influential of the genre ─ are the result of artists treating the
exhibition as an artistic medium in its own right, *an articulation of form*.
In the process, they often disown or dismantle the very idea of the
“exhibition” as it is conventionally thought, putting its genre, category,
format, or protocols at stake and thus entirely shifting the terms of what
an exhibition could be.”

Elena Filipovic

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Um possível manual de instruções

a)      O público ao aproximar-se da galeria percepciona uma montra onde é
exposta graficamente a informação sobre a exposição, o seu interior está
ocultado, apresenta-se o frontispício da exposição, o frontispício de um
livro.

b)      A entrada da galeria funciona como uma passagem para um universo
singular, onde o visitante é confrontado com um extenso e heterogéneo
conjunto de trabalhos apresentados numa montagem cenográfica que escapa aos
dispositivos expositivos tradicionais alterando a sua habitual percepção
deste espaço, desta galeria.

c)      As colunas, sempre presentes na leitura do espaço, estão ocultadas
e uma parede falsa move-se criando uma barreira visual e física ao
visitante. Uma parede que se abre e fecha, uma página que se abre, um
corredor que o visitante penetra, uma história que é contada.

d)      As paredes da galeria, da exposição, funcionam como páginas de um
livro. Apresentam-se num percurso de gradação de oito diferentes tons de
verde – do mais escuro para o mais claro – terminando numa parede quase
branca, á qual se segue as costas da parede falsa – a parede de cenário –
essa pintada de branco – a única parede branca no piso superior – a única
reminiscente do *white cube*. Mas essa é cenário – artificialismo temporário

e)      No final dessa parede falsa um livro emoldurado – aprisionado
dentro de uma galeria – reproduz na capa uma página do livro de Laurence
Sterne. Uma página marmoreada, uma página reproduzida a partir do livro
original em que cada página marmoreada é diferente de outra – o que se
traduz na impossibilidade de existirem dois livros iguais – de existirem
duas exposições iguais – de existirem duas interpretações iguais.

f)       Cada parede na sua cor individualizada pode ser interpretada como
uma folha que compõe um livro, uma história. Nas laterais das paredes,
palavras em inglês e português, no topo e ao centro das paredes-páginas um
simples e abstracto segmento de recta, estas representações gráficas –
representações conceptuais, pontuam, sinalizam a leitura das obras expostas
como possíveis capítulos deste livro tridimensional.

g)      No piso inferior, iluminado por um lustre de saco do século XIX,
uma marquesa ginecológica, recolhida no Hospital de Alienados do Conde de
Ferreira no Porto inaugurado também no século XIX, evoca a concepção,
descrita no início do livro, de Tristram Shandy – a sua concepção e o seu
nascimento – a vida e a morte – a página branca e a página preta. A vida
escatológica, orgânica e erótica. Obsessões e fantasmas.

h)      Através do travelling expositivo o visitante estabelece uma leitura
individualizada do seu livro imaginário de memórias e ficções que decorre
dentro do espaço galerístico.
Entre a vida e a morte, um relatório confidencial, escrito, desenhado,
pintado, filmado, instalado pelos autores, um livro que é uma
exposição-instalação. Livro fechado.

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“The material thing is just the leftover from an idea. It’s a physical
manifestation of an idea, like a receipt that proves the idea existed.”
Ryan Gander, 2012

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“Como é provável que a minha vida e opiniões venham a dar que falar no
mundo, e, se conjecturo bem, irão atingir todas as ordens, profissões e
congregações de homens, ─ e não serão menos lidas que o próprio *Pilgrim’s
Progress *─ e, por fim, hão-de tornar-se naquilo que Montaigne mais temia
que os seus ensaios se tornassem, isto é, num livro para enfeitar o
parapeito da janela da sala de estar;”

Laurence Sterne, A Vida e Opiniões de Tristram Shandy

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“Uma sala com um caixão ao centro e muitas pessoas à volta.
O caixão, porém, está vazio. Entra o médico.
A VIÚVA
Então, Sr. Doutor?
O MÉDICO
Confirmo inteiramente o diagnóstico
A VIÚVA
Morto, não é verdade?
O MÉDICO
Morto, sem dúvida nenhuma. Mas um morto teimoso, um morto recalcitrante, -
como nunca vi igual, nem sequer parecido, e já sou médico há trinta e cinco
anos!
A VIÚVA
Ele sempre teve medo de morrer!”

Vicente Sanches
A Birra do Morto, Farsa Trágica

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Musée d’Art Moderne, Département des Aigles, Section Art Moderne et
Publicité

“This Museum is a fictitious museum. It plays the role of, on the one hand,
a political parody of art shows, and on the other hand an artistic parody
of political events. Which is in fact what official museums and
institutions like documenta do. With  the difference, however, that a work
of fiction allows you to capture reality and at the same time what it
conceals.”

Marcel Broodthaers, 1972


“Quem me dera que o meu pai, ou a minha mãe, ou ambos, para dizer a
verdade, uma vez que ambos estavam de serviço na ocasião, tivessem prestado
mais atenção ao que estavam a fazer quando me conceberam;”

Laurence Sterne, A Vida e Opiniões de Tristram Shandy






*#PICTURES and CREAM, The confidential report of the life and opinions of
Tristram Shandy & friends, Volume 1, é um projecto comissariado por Paulo
Mendes para a Cristina Guerra Contemporary Art em Lisboa, com a
participação de_*

*A Practice for Everyday Life, Adriano Amaral, André Cepeda, António Júlio
Duarte, António Olaio, Carla Filipe, Christian Andersson, Erwin Wurm,
Fabrizio Matos, Fernando Calhau, Filipa César, Gilbert & George, Jérémy
Pajeanc, Jim Shaw, João Onofre, João Paulo Ferreira / Cineground, João
Pedro Trindade, John Baldessari, Jorge Molder, Julião Sarmento, Lawrence
Weiner, Mafalda Santos, Maria Trabulo, Matt Mullican, Mike Kelley, Mirka
Lugosi, Non-verbal Club, Óscar Alves / Cineground, Paul McCarthy, Pedro
Pousada, Pierre Candide, R2, Raymond Pettibon, Richard Prince, Rosângela
Rennó, Rui Toscano, Tatjana Doll e Von Calhau.*




*CRISTINA GUERRA CONTEMPORARY ART*
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*[artist _ curator > producing contemporary projects and critical thinking]*


current project > *PICTURES and CREAM, **The confidential report of the
life and opinions of Tristram Shandy & friends* >
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Portugal *> http://planogeometrico.com/otempoeomodo/

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