[ARENA] Pedro Cabrita Reis • Ridi Pagliaccio • Artes Visuais - Universidade do Algarve • Faro

[Edgar Massul]

Galeria Trem • Pedro Cabrita Reis


Pedro Cabrita Reis, Ridi Pagliaccio #10, 2015  
mixed media on inkjet print, 30cm x 40cm




Pedro Cabrita Reis
Ridi Pagliaccio
16 de Julho - 26 de setembro, 2015
July 16 - September 26, 2015
inauguração | opening: 
quinta feira, 16 de Julho, 19h
thursday, July 16, 7pm
Galeria Trem
Rua do TREM, n.º 5, 
8000 Faro
Portugal
Terça-feira a Sábado 11h30 às 19h
Tuesday - Saturday 11:30am - 7pm
Telf.: 289 804 197
http://www.cm-faro.pt
ENTRADA LIVRE | FREE ADMISSION

Sei tu forse un uom? 
Tu se' Pagliaccio! 

Vesti la giubba, 
e la faccia infarina. 

Ruggero Leoncavallo 


No século XIX o compositor alemão Wagner usou com propriedade o termo Gesamtkunstwerk – obra de arte total. A sua ideia era devolver ao universo operático a qualidade de se ser múltiplo e polifónico, de não se centrar apenas na música, mas na cena, no drama, nos corpos e nos seus movimentos e no espaço em que se desenrolaria a representação. Com estas ideias, projetou o seu teatro em Bayreuth no qual o público comungava, por instantes, do universo das óperas ali apresentadas. É um bom mote para se falar da obra de Pedro Cabrita Reis, não apenas desta que ora se expõe e que faz diretamente referência ao meio do qual Wagner fez parte, o da ópera, mas sobretudo porque a sua criação pretende ser uma Gesamtkunstwerk – uma obra de arte total que promove a imersão do espectador num espaço outro, construído e pensado pelo artista. Um universo que não se cinge ao das Artes Visuais, mas que se expande através de referências e de relações, e que convida a ser visitado, penetrado e experienciado. 
A ópera a que Cabrita Reis se refere no título desta exposição, Pagliacci, é considerada uma peça do verismo de Leoncavallo, autor contemporâneo de Wagner, e aparece como leitmotiv de um projeto desenvolvido especialmente para a Galeria Trem - uma série de desenhos que se sobrepõem a imagens do álbum pessoal do artista, nada oficiais e, algumas delas, profundamente íntimas. O artista, nestas imagens, ora atua ora se despe para uma plateia que não conhecemos, mas da qual passamos a fazer parte, convocados, pela obra, a participar desta claque. Há um desvelamento absoluto em cada uma mas, ao mesmo tempo, marca-se claramente, um distanciamento entre artista e espectador, entre personagem e persona, entre Cabrita Reis e as suas imagens. Porque o artista não se expõe, se reinventa. No prólogo da ópera Pagliacci, ouvimos, e vemos, a transformação da personagem que se apresenta vestido a rigor, mas que se despe e que nos informa: 

(..) che l'artista è un uom 
e che per gli uomini 
scrivere ei deve. 

O artista é uma pessoa e é para ela que o autor escreve a sua ópera. O fato de palhaço é apenas um fato. Também a obra de Cabrita Reis é um fato que lhe cai bem e que ele exibe com mestria, ao mesmo tempo que nos convida a participar da sua intimidade, confundindo-nos com a sua obra-fato-artista. Sem ser um autor romântico, Cabrita Reis persegue a obra de arte total a cada nova ex-posição, a cada nova mostra daquilo que faz e que é parte integrante daquilo que ele é. 

Mirian Tavares 



Este projeto faz parte do protocolo que a Câmara de Faro e a Universidade do Algarve, através da Licenciatura em Artes Visuais e do CIAC, têm desenvolvido conjuntamente, no intuito de promover as artes e de ocupar efetivamente a Galeria Trem, que é de novo uma das Galerias de referência no espaço nacional, pela qualidade das exposições e pelo trabalho de divulgação da cultura na região.
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