[ARENA] AULA ABERTA - Hist�ria do Cinema Português - Renata Soares Junqueira

António Preto antonio.m.preto gmail.com
Segunda-Feira, 20 de Janeiro de 2014 - 22:33:28 WET


AULA ABERTA
HISTÓRIA DO CINEMA PORTUGUÊS

ESAP
Escola Superior Artística do Porto

Quinta-feira, 23 de Janeiro 2014
15h00 
Sala de Actos
Largo de S. Domingos, 80
Porto




Cinema e teatro em Manoel de Oliveira:
revisitação de Amor de perdição

Esta comunicação convida a uma revisitação do filme Amor de perdição, que Manoel de Oliveira realizou poucos anos depois da Revolução dos Cravos e, como veremos, seguramente imbuído de espírito revolucionário, mas que não foi bem recebido em Portugal senão depois da reviravolta suscitada pela calorosa recepção que lhe deram os críticos na Itália e na França. Trata-se de analisar, para além da idiossincrasia dos críticos e do público no circuito multinacional do cinema, a dinâmica interna à própria obra de Oliveira, que toda se erige na esfera do “inter”, fundamentando-se num trânsito contínuo entre o cinema e o teatro, entre a literatura e o cinema, entre textos e géneros que, enfim, se intercambiam sistematicamente no processo transformacional que o cinema de Manoel de Oliveira implica, mesmo quando aceita o desafio de transpor, na íntegra, o texto literário para a tela cinematográfica, como aconteceu com o romance de Camilo Castelo Branco. Nesta transposição específica, Oliveira pela primeira vez arrostou-se com um romance (bem conhecido, ademais, do público português) e com as dificuldades que a adaptação deste género acarreta ao realizador de cinema. O que mais importa averiguar, para já, é a suspeita de que, também diante de um romance, o filtro do cineasta continua atrelado ao mesmo paradigma formal que norteou os dois filmes de longa-metragem que imediatamente antecederam o Amor de perdição – O passado e o presente, de 1971, e Benilde ou a Virgem Mãe, de 1975 –, ou seja, o paradigma do teatro, que parece exercer especial fascínio sobre o cineasta portuense. É relevante questionar, com efeito, se os recursos que Oliveira utiliza para transpor o romance de Camilo à tela do cinema ainda estão associados a uma estética teatral e, se a resposta puder ser afirmativa, cumpre então perguntar – e de novo responder, se possível for – com qual estética teatral esses recursos cinematográficos têm afinidades.



Renata Soares Junqueira 
É bacharel (1987), mestre (1992) e doutora (2000) em Letras, na área de Teoria e História Literária, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e livre-docente (2010) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde desde 1994 ensina Literatura Portuguesa na Faculdade de Ciências e Letras do campus de Araraquara (Estado de São Paulo). Realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Lisboa, na Universidade Nova de Lisboa e na Escola Superior Artística do Porto (ESAP), onde desenvolve atualmente o projeto intitulado "Poéticas da Modernidade: Cinema e Teatro em Manoel de Oliveira". Nos últimos treze anos tem desenvolvido pesquisas sobre teatro moderno, especialmente teatro português. Publicou os livros Transfigurações de Axel: leituras de teatro moderno em Portugal (São Paulo: Editora da UNESP, 2013) e Florbela Espanca: uma estética da teatralidade (São Paulo: Editora da UNESP, 2003). Organizou o livro Manoel de Oliveira: uma presença (Estudos de literatura e cinema) (São Paulo: Perspectiva, 2010) e co-organizou O teatro no século XVIII: presença de Antônio José da Silva, o Judeu (São Paulo: Perspectiva, 2008); Verdade, amor, razão, merecimento: coisas do mundo e de quem nele anda (Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 2005); Intelectuais portugueses e a cultura brasileira: depoimentos e estudos (São Paulo: Editora da UNESP, 2002) e Sobre as naus da iniciação: estudos portugueses de literatura e história (São Paulo: Editora da UNESP, 1998). Co-organizou mais recentemente o livro Teatro, cinema e literatura: confluências, que está no prelo da Editora Perspectiva, em São Paulo. 

ORGANIZAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS ARNALDO ARAÚJO
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