[ARENA] Programa paralelo UNC 2013: ALHEAVA_FILME, de Manuel Santos Maia + UM ADEUS PORTUGUÊS, de João Botelho

miguel leal ml virose.pt
Quinta-Feira, 16 de Maio de 2013 - 21:54:59 WEST


TEATRO DO CAMPO ALEGRE
segunda-feira, 20 Maio, 22h
ALHEAVA_FILME, de Manuel Santos Maia + UM ADEUS PORTUGUÊS, de João Botelho


Programa Paralelo às Unneeded Conversations
Em antecipação da sessão de dia 21, às 18 horas, na FBAUP, com a presença de João Botelho
http://www.i2ads.org/unneeded2013/speakers/joao-botelho/

Programa completo: http://www.i2ads.org/unneeded2013/
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O CINEMA NA VIDA E NA MEMÓRIA
 
A questão colonial, que, parafraseando Alexandre O’Neill, temos com nós mesmos foi, de certa forma e por largos anos, tabu no que ao cinema diz respeito. Adelino (Geraldo d’ El Rey), regressa subitamente à terra em Mudar de Vida (1966), de Paulo Rocha, vindo de África, e não quer revelar essa parte do seu passado recente; mais tarde, já nos anos 70, há algumas referências que se tornam mais directas; e nos anos 80 alguns filmes começam a retratar esse momento histórico pelo lado da ficção, um deles Um Adeus Português (1985), de João Botelho, que é, para muitos, como referiu João Mário Grilo (O Cinema da Não-Ilusão ) “o grande filme português sobre a guerra colonial” e“um dos grandes momentos de todo o cinema português”. Em Um Adeus Português há duas histórias, entre 1973 e 1985, o ano do filme, entre a morte de um soldado na guerra em África, e, em Portugal, a visita dos seus pais, já idosos, ao seu irmão e à sua mulher.
Em 2007, o artista Manuel Santos Maia conclui Alheava_filme, uma obra a partir dos vídeos de família em que coloca o seu pai no «lugar de narrador da vida em cidades como Nampula (Moçambique), discorrendo sobre o nascimento na ex-colónia, o trabalho, o casamento, o nascimento dos filhos, a independência, os agitados dias da “descolonização”» (André Lamas Leite).
Ambas as obras abordam questões como a identidade, a guerra, a sobrevivência, a morte. A tragédia. Individual e colectiva. E, voltando a O’Neill, no poema a que João Botelho foi buscar o título para o seu filme, a «pequena dor que cada um de nós/ traz docemente pela mão/ […] esta pequena dor à portuguesa/ tão mansa quase vegetal».
 
Na próxima segunda-feira, 20 de Maio, às 22h, no Teatro do Campo Alegre, Manuel Santos Maia apresentará esta sessão dupla.
 
TEATRO DO CAMPO ALEGRE
 
ALHEAVA_FILME, de Manuel Santos Maia + UM ADEUS PORTUGUÊS, de João Botelho
segunda-feira, 20 Maio, 22h
sessão apresentada por Manuel Santos Maia
 
 
ALHEAVA_FILME
um filme de Manuel Santos Maia
Portugal, 2006/2007
Digital, P&B e cor, 35’
 
«Todo o projeto “alheava”, de Manuel Santos Maia, é arriscado. Quanto a “alheava_filme” (2007), partir de vídeos de família e colocar o pai do realizador no lugar de narrador da vida em cidades como Nampula (Moçambique), discorrendo sobre o nascimento na ex-colónia, o trabalho, o casamento, o nascimento dos filhos, a independência, os agitados dias da “descolonização”, facilmente poderia cair num documento histórico parcial, quase paroquial e tendencioso.
[…]
Fala-se de destruição, de guerra, de morte, de corrupção e intriga (tudo coisas de antanho, já se vê…) e o realizador reage com imagens brancas, esbranquiçadas, com película de filme, com estilhaços de pontos negros que se desenrolam perante o espectador, dando-lhe o necessário afastamento da realidade cruel. Proteção de quem contempla a obra? Não tanto. Imagino esses momentos como “pontos de fuga”, como “saídas de emergência” para habitarmos um “não-lugar” e reganhar objetividade em relação ao fenómeno observado. Como se os “simulacros” de Baudrillard aconselhassem um “corte epistemológico” (Bachelard) antes de se prosseguir a jornada.
Jornada essa que é de trabalho, da nobreza do trabalho, da construção de uma colónia que se transformou em Estado independente e soberano, mas que demorou tempo a situar-se perante si, perante os seus e perante o mundo. A questão da “identidade” é constante em “alheava_filme”, com o jogo de imagens da bandeira portuguesa desfraldada perante Américo Tomás quando, no relato, se aborda a alma moçambicana.
Quem é e o que é esse pedaço de terra africana e ao que ia e regressou este canto europeu periférico que se insuflou a plenos pulmões? A narrativa não dá resposta. Era suposto dar? Acaso algum de nós está na posse do conhecimento quase “mítico” que o habilite a afirmar posições definitivas sobre o assunto? Não foi este o nosso “fim da História”, na expressão de Fukuyama, mas estou firmemente convicto de que a descolonização mental está por fazer. Nós e a nossa mania secular das “coisas-meio-feitas”…»
André Lamas Leite
 
 
UM ADEUS PORTUGUÊS
um filme de João Botelho
com João Perry, Maria Cabral, Rui Furtado, Isabel de Castro, Osório Mateus, Ana Jota, Anamar
Portugal, 1985
Cópia 35mm, P&B e cor, 82’
 
Festival de Cinema de Londres | New Film, New Directors, MOMA New York | Festival do Rio de Janeiro > ­ Tucano de Ouro, melhor realizador | Melhor filme nos Festivais de Belford, Cartagena, Salsomagiore, Pesaro | Prémio OCIC, Festival de Berlim (Fórum)
 
« Um Adeus Português [é] para muitos o grande filme português sobre a guerra colonial. Num belo texto, publicado na revista Cahiers du Cinéma, por altura da estreia francesa do filme, o crítico Marc Chevrie escreveu: “ Em Um Adeus Português há duas histórias, a doze anos de distância. Uma a preto e branco, outra a cores. Mas, no fundo, trata-se da mesma história: a história de Portugal. 1973: África portuguesa, a guerra, uma patrulha na floresta, um soldado morre. Lisboa, 1985: um pai e uma mãe, já idosos, visitam o seu segundo filho e a mulher do primeiro. Idas e voltas. Entre duas épocas, dois continentes, a cidade e o campo.” Idas e voltas, então, nesse novelo que prende o país a uma guerra mortal e a uma história retrógrada e incompreensível. […] Mas talvez o mais extraordinário de Um Adeus Português, onde o filme se assume, realmente, como um dos grandes momentos de todo o cinema português, seja a enorme serenidade que o invade, um silêncio de imortalidade e de transcendência, que o faz ser, ao mesmo tempo, o mais silencioso dos filmes de guerra, mas também um grande filme sobre a resignação e sobre o estranho modo da “paz portuguesa”. E é esse o sentimento que unifica o grande esquema de divisões e oposições do filme: entre a cor e o preto e branco, o presente e o passado, a paz e a guerra. Trata-se, afinal, do mesmo mundo: todo ele submerso nas mesmas crenças e nas mesmas emoções, um mundo circular e terrível, em que Portugal se revê em África, os filhos nos pais, os vivos nos mortos, a guerra na paz, o cinema na vida e na memória.»
João Mário Grilo, O Cinema da Não-Ilusão, Livros Horizonte
 
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