[ARENA] Elsevier Publishing Boycott

Diniz Cayolla Ribeiro dinizcayolla gmail.com
Quarta-Feira, 15 de Fevereiro de 2012 - 16:01:55 WET


Certíssimo. Nada de relevante a acrescentar. E totalmente de acordo com o "alorpamento aos direitos sobre os trabalhos (os direitos de autor)".
Envio apenas mais um texto, desta feita de Howard Becker, uma 'lenda viva' da sociologia, publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique. (Nota: a digitalização deixa bastante a desejar, mas é o que se pode arranjar):

http://d.pr/NN6e

Gracias
DCR


A 14/02/2012, às 18:02, Ricardo Reis escreveu:

> 
> Olá
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> On Mon, 13 Feb 2012, Diniz Cayolla Ribeiro wrote:
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>> 2 - Pois, boa questão. No campo das humanidades e ciências sociais aplicam-se frequentemente critérios de qualidade científica 'subjectivistas', que incluem fidedignidade, confiança e autenticidade (depoimentos das partes interessadas subjectivas e possibilidade de auditoria das provas). O objecto é outro, as técnicas também, o que dificulta imenso a replicabilidade e/ou verificação. Passando para o campo das artes, a questão torna-se ainda mais complexa. Penso que não há dúvida nenhuma de que há produção de conhecimento, teorias, hipóteses de trabalho, conceitos... Contudo, não me parece que a palavra ciência seja a mais adequada. Daí que muitas vezes substitua a palavra "científica" por "académica". Aceitam-se sugestões.
> 
> Pois, mas se não houver uma base onde se alicerce a discussão...
> 
>> 3 - Há muitas formas de se ser original na investigação académica. Não me parece que faça sentido comparar a originalidade artística com a 'científica'. São 'coisas' muito distintas. Um artista não precisa de um Doutoramento para nada. Um artista que queria fazer carreira académica e/ou investigação no campo da arte não precisa de ser original em termos artísticos, apenas original e rigoroso em termos académicos.
> 
> Eu fiz o comentário porque subitamente me pareceu (não se estava a falar de ciência?) que essa comparação estava a ser feita. Que estava a ser pedido que, no âmbito cientifico, se desse uma importância sobremaneira à originalidade no sentido artistico e não cientifico. Posso ter percebido mal a discussão.
> 
>> 4 - Há muitas formas de financiamento. As conferências não foram inventadas agora. Todos nós já participamos em dezenas de eventos deste tipo ao longo da vida, pagando pequenas taxas ou sendo pago (ou não) para apresentar comunicações. Para isso servem os financiamentos via Institutos, Faculdades, patrocínios, taxas dos participantes que não vão apresentar comunicações, etc.  A novidade está, penso eu, nas taxas exageradas e no facto dos próprios conferencistas terem de pagar para fazer as suas apresentações. Curiosamente, são eles as peças mais importantes destes encontros. Sem comunicações não há conteúdos. E sem conteúdos não faz sentido organizar encontros deste tipo. Assim, se é preciso 'pastel' para "pagar o local, as pessoas de apoio, os papéis, as impressões, o tempo despendido", talvez também faça sentido pagar aos "produtores de conteúdos", certo? Por este andar, os professores ainda vão ter de pagar para dar aulas. Ou os escritores terão de pagar para publicar os livros, e os artistas para ver os seus trabalhos artísticos expostos nos museus. Parece-me que está a ocorrer aqui uma enorme perversão de todo o sistema. E está-se a confundir "alhos com bugalhos".
> 
> Tudo isso é correcto e há muitas perversões. Só digo que nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Um exemplo gritante dos abusos foi a posição de muitos organizadores de conferência em aumentarem as taxas a candidatos de doutoramento após a FCT decidir dar, sem perguntar mais nada, o apoio de 700 euros anuais para esse tipo de despesas (antigamente era preciso justificar o seu pedido com orçamentos e facturas)
> 
>> 5 - O inglês em si não é nenhum problema. O problema está relacionado com os fenómenos de poder que lhe estão associados, bem como a questão da hegemonia. Adiante. Também concordo que é uma solução prática. Contudo, faz-me espécie que excelentes investigadores nacionais, com dezenas de publicações em português, espanhol, francês, etc. (conheço vários) sejam considerados "sem impacto" porque não publicam em inglês.
> 
> A mim faz-me espécie quando ouço investigadores de certas áreas dizerem que o que estudam só pode ser publicado em português porque é "intraduzível". Ie, quando se recusam a ser sujeitos à crítica dos seus pares lá fora. E essa atitude é, nas ciências sociais, ainda muito prevalente no nosso país. Depois há o caso dos que engordam currículos fazendo a auto-publicação... mas esse é um fenómeno que vai aumentar cada vez mais com acesso a Digital Printing on Demand.
> 
>> "quanto à Elsevier... há muitos outros (melhores) motivos para a boicotar." Quais? Podias ser mais preciso?
> 
> A questão do alorpamento aos direitos sobre os trabalhos (os direitos de autor) e as questões pouco claras, por exemplo, de fazerem jornais especiais patrocinados por empresas e com todo o aspecto de um jornal isento e cientifico, dispondo de peer-review (isto, em especial, na área da medicina e farmaceutica).
> 
> cmps,
> 
> Ricardo Reis
> 
> 'Non Serviam'
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Diniz Cayolla Ribeiro
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