[ARENA] Elsevier Publishing Boycott

Diniz Cayolla Ribeiro dinizcayolla gmail.com
Segunda-Feira, 13 de Fevereiro de 2012 - 00:43:02 WET


Olá,

1 - Faz sentido, sobretudo no campo da investigação artística.

2 - Pois, boa questão. No campo das humanidades e ciências sociais aplicam-se frequentemente critérios de qualidade científica 'subjectivistas', que incluem fidedignidade, confiança e autenticidade (depoimentos das partes interessadas subjectivas e possibilidade de auditoria das provas). O objecto é outro, as técnicas também, o que dificulta imenso a replicabilidade e/ou verificação. Passando para o campo das artes, a questão torna-se ainda mais complexa. Penso que não há dúvida nenhuma de que há produção de conhecimento, teorias, hipóteses de trabalho, conceitos... Contudo, não me parece que a palavra ciência seja a mais adequada. Daí que muitas vezes substitua a palavra "científica" por "académica". Aceitam-se sugestões.

3 - Há muitas formas de se ser original na investigação académica. Não me parece que faça sentido comparar a originalidade artística com a 'científica'. São 'coisas' muito distintas. Um artista não precisa de um Doutoramento para nada. Um artista que queria fazer carreira académica e/ou investigação no campo da arte não precisa de ser original em termos artísticos, apenas original e rigoroso em termos académicos.

4 - Há muitas formas de financiamento. As conferências não foram inventadas agora. Todos nós já participamos em dezenas de eventos deste tipo ao longo da vida, pagando pequenas taxas ou sendo pago (ou não) para apresentar comunicações. Para isso servem os financiamentos via Institutos, Faculdades, patrocínios, taxas dos participantes que não vão apresentar comunicações, etc.  A novidade está, penso eu, nas taxas exageradas e no facto dos próprios conferencistas terem de pagar para fazer as suas apresentações. Curiosamente, são eles as peças mais importantes destes encontros. Sem comunicações não há conteúdos. E sem conteúdos não faz sentido organizar encontros deste tipo. Assim, se é preciso 'pastel' para "pagar o local, as pessoas de apoio, os papéis, as impressões, o tempo despendido", talvez também faça sentido pagar aos "produtores de conteúdos", certo? Por este andar, os professores ainda vão ter de pagar para dar aulas. Ou os escritores terão de pagar para publicar os livros, e os artistas para ver os seus trabalhos artísticos expostos nos museus. Parece-me que está a ocorrer aqui uma enorme perversão de todo o sistema. E está-se a confundir "alhos com bugalhos".

5 - O inglês em si não é nenhum problema. O problema está relacionado com os fenómenos de poder que lhe estão associados, bem como a questão da hegemonia. Adiante. Também concordo que é uma solução prática. Contudo, faz-me espécie que excelentes investigadores nacionais, com dezenas de publicações em português, espanhol, francês, etc. (conheço vários) sejam considerados "sem impacto" porque não publicam em inglês. 

"quanto à Elsevier... há muitos outros (melhores) motivos para a boicotar." Quais? Podias ser mais preciso?

Cumprimentos e obrigado pela contribuição.

DCR





A 12/02/2012, às 23:09, Ricardo Reis escreveu:

> 
> ola
> 
> On Fri, 10 Feb 2012, susana mendes silva wrote:
> 
>> Ou seja que se possa ultrapassar a "repeatability, reportability and formula success" e valorizar a "uniqueness and originality".
> 
> 1 - pergunto-me se não deveria ser "formula result" uma vez que os insucessos também são importantes
> 
> 2 - que ciência (é disso que falam, certo?) se consegue fazer sem se poder repetir e verificar?
> 
> 3 - a "uniqueness e originality" são valorizados também mas, para o caso, o contexto não é outro... o da arte?
> 
> 4 - quanto a financiamentos... e tendo estado envolvido de perto numa conferência que envolveu 700 pessoas (maiores há por ai fora)... o pastel para pagar o local, as pessoas de apoio, os papeis, as impressóes, o tempo dispendido... tem de vir de algum lado não?
> 
> 5 - quanto ao inglês... parece-me neste momento lingua franca, tal como latin, alemão e francês já o foram... não é desejo de todos os que querem ver progredir a ciênca expôr os seus resultados ao maior números de olhos críticos possível, ie, divulgar? A questão do inglês parece-me uma solução prática para um problema logístico.
> 
> e pronto, são os meus comentários a esta discussão.
> 
> quanto à Elsevier... há muitos outros (melhores) motivos para a boicotar.
> 
> cmps,
> 
> Ricardo Reis
> 
> 'Non Serviam'
> 
> Computational Fluid Dynamics, High Performance Computing, Turbulence
> http://www.lasef.ist.utl.pt
> 
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