[ARENA] Fwd: Elsevier Publishing Boycott

Diniz Cayolla Ribeiro dinizcayolla gmail.com
Quarta-Feira, 8 de Fevereiro de 2012 - 22:38:23 WET


> Caro André,
> A lembrança do trabalho do Santiago Sierra deve ter a ver com o facto de ser freudiano. Acho que vou ter de pensar isto com a analista :)
> 
> Em relação ao debate propriamente dito, já todos percebemos que estão aqui a ser discutidas várias questões que vale a pena enumerar.
> Em primeiro lugar, temos a questão do conhecimento científico, a forma como deve ser veiculado, se deve ser disponibilizado de forma totalmente gratuita ou através de um pequeno pagamento, se é legítimo os preços que as editoras cobram, etc. Este é o tema central do post que o Miguel lançou aqui, e estas são as questões que estão na origem do boicote à Elsevier.
> 
> Depois temos a questão do pagamento das publicações e das comunicações, que também está evidentemente relacionada com a mercantilização do conhecimento académico/científico, mas que levanta ainda outro tipo de problemas. São todas as questões que tu levantaste e bem, e que se prendem com o suposto "mérito" científico, intimamente relacionado com a capacidade económica de cada investigador, bem como com o aproveitamento que algumas empresas (com ou, supostamente, sem fins lucrativos) fazem da situação. Estou a pensar nas empresas que se constituíram especificamente para tratar destes assuntos, ou de outro tipo de 'empresas', que se especializaram no mercado da 'cultura', e que estão a tirar partido do sistema para se auto-finaciarem e poderem sobreviver. Não as censuro. O capital Social por si só não chega, e é necessário arranjar fontes de subsistência para pagar aos 'referees'; e todos nós sabemos como eles se fazem pagar caro. Para isso, cobram-se taxas a quem não faz parte do 'sistema', e explora-se os jovens alunos/investigadores, que precisam de fazer currriculum e até têm dinheiro para pagar. Foi especificamente em relação a estes casos que me lembrei do trabalho do Santiago Sierra.
> 
> Em terceiro lugar, temos a necessidade urgente de pensar em alternativas, como muito bem lembrou José Bartolo. Em relação a este aspecto, felizmente, e como tu próprio disseste, existem ainda por aí alguns bons exemplos de seminários e congressos que não cobram taxas àqueles que vão lá falar. Mas são cada vez menos, e por isso é que decidi lançar esta questão, porque eu quero continuar a produzir artigos e comunicações, e não me apetece nada ter de pagar para isso. Para além de me parecer errado, não sou rico, e uma parte significativa do dinheiro que ganho serve para comprar livros e outros bens científicos/culturais que me permitem continuar a dar aulas e escrever artigos.
> 
> Por último, temos ainda a questão da velocidade disparatada a que isto chegou, em que o mais importante não é o conteúdo do artigo/comunicação, mas sim o número de artigos/comunicações por ano; mesmo que ninguém os leia. A este propósito, partilho aqui uma notícia que um amigo meu me enviou, a propósito de uma manifesto de investigadores que defendem  a necessidade da "slowscience"
> 
> Aqui vai:
> 
> 08/08/2011 - 08h42
> 'Slow Science' prega pesquisa científica em ritmo desacelerado
> Publicidade
> 
> *SABINE RIGHETTI*
> FOLHA DE SÃO PAULO
>   Um movimento que começou na Alemanha está ganhando, aos poucos, os
> corredores acadêmicos. A causa é nobre: mais tempo para os cientistas
> fazerem pesquisa.
> Quem encabeça a ideia é a organização "Slow  
> Science"<http://slow-science.org/>,
> criada por cientistas gabaritados da Alemanha.
> Você concorda com o "Slow Science"?
> Vote<http://polls.folha.com.br/poll/1122005/>
> Aderir ao movimento significa não se render à produção desenfreada de
> artigos em revistas especializadas, que conta muitos pontos nos sistemas de
> avaliação de produção científica.
> Hoje, quem publica em revistas científicas muito lidas e mencionadas por
> outros cientistas consegue mais recursos para pesquisa.
> Por isso, os cientistas acabam centrando seu trabalho nos resultados
> (publicações).
> "Somos uma guerrilha de neurocientistas que luta para que o modelo midiático
> de produção científica seja revisto", disse à *Folha* o neurocientista Jonas
> Obleser, do Instituto Max Planck, um dos criadores do "Slow Science".
> O grupo chegou a criar um manifesto, no final do ano passado, em que
> proclama: "Somos cientistas, não blogamos, não tuitamos, temos nosso tempo.
> A ciência lenta sempre existiu ao longo de séculos. Agora, precisa de
> proteção."
> O documento está na porta da geladeira do laboratório do médico brasileiro
> Rachid Karam, que faz pós-doutorado na Universidade da Califórnia em San
> Diego.
> "O manifesto faz sentido. Temos de verificar os dados antes de tirarmos
> conclusões precipitadas", analisa. "A 'Slow Science' nos daria tempo para
> analisar uma hipótese em profundidade e tirar conclusões acertadas."
> De acordo com Obleser, o número de cientistas simpatizantes do movimento
> está crescendo, "especialmente na América Latina".
> "Mas não é preciso se filiar formalmente. Basta imprimir o manifesto e
> montar guarda no seu departamento", diz.
> O Slow Science é um braço do já conhecido "Slow Food", que defende uma
> alimentação mais lenta e saudável, tanto no preparo quanto no consumo dos
> alimentos.
> Na ciência, a ideia é pregar a pesquisa que não se paute só pelo resultado
> rápido.
> 
> 
> *CETICISMO*
> "É improvável que o ritmo de fazer pesquisa seja diminuído por meio de um
> acordo mundial em que cada cientista assume o compromisso de desacelerar
> seus trabalhos", diz o especialista em cientometria (medição da
> produtividade científica) Rogério Meneghini.
> Ele é coordenador científico do Projeto SciELO, que reúne publicações da
> América Latina com acesso livre.
> Para Meneghini, o "Slow Science" é um movimento "anêmico" num contexto em
> que a rapidez do fluxo de ideias e informações acelera as descobertas.
> "Parece uma reivindicação de um velho movimento com uma roupagem nova. É
> certamente a sensação de quem está perdendo as pernas para correr", conclui.
> 
> 
> Abraço e obrigado pela foto;)
> 
> DCR
> 
> A 08/02/2012, às 20:32, Diniz Cayolla Ribeiro escreveu:
> 
>> 
>> A 08/02/2012, às 18:11, André Rangel escreveu:
>> 
>>> Loool :)
>>> 
>>> Dinis, presunção incerta porque eu desconhecia 'Los Penetrados' ;) Mas agora já conheço, obrigado!!
>>> 
>>> O debate que propuseste não me lembra qualquer tipo de penetração sexual. Observando com alguma atenção as fotografias da obra do Santiago parece-me que estava lá gente que nem erecção tinha para penetrar fosse quem (ou o que) fosse. As legendas mentem mas isso é aceitável porque o Santiago vende arte.
>>> 
>>> Quanto ao patrocínio para a tua actividade docente, se for eficiente já estou a ver o bar e a cantina da FBAUP assim:
>>> 
>>> http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/df/British_Chess_Championship_2009.jpg
>>> 
>>> Sudações,
>>> 
>>> André Rangel
>>> 
>>> On Feb 8, 2012, at 1:36 PM, Diniz Cayolla Ribeiro wrote:
>>> 
>>>> Ao reflectir sobre isto, vem-me sempre à memória o trabalho de Santiago Sierra, realizado em 2008. Intitula-se: Los Penetrados. Presumo que conheces: http://www.santiago-sierra.com/200807_1024.php
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