[ARENA] E nós por lá...?

rroque renatoroque.com rroque renatoroque.com
Sexta-Feira, 15 de Abril de 2011 - 13:04:39 WEST


O voto em branco poderia ter reflexos eleitorais - por exemplo diminuir 
o nº de mandatos - mas não tem e por isso ninguém liga nenhuma. A 
abstenção e os nulos são a mesma coisa. A Abstenção, porque é grande, 
suscita 2 ou 3 comentários na noite das eleições, mas depois de estarem 
no poder, nada se faz. Os votos brancos que expressam a não 
identificação com nenhuma proposta só poderiam ter consequências se 
associados a iniciativas com forte impacto, nomeadamente exigindo a 
alteração da lei eleitoral.


Já agora "Não Votar" como ouvi quem sugerisse parece-me ser a pior de 
todas as propostas, pois não tem qq impacto e quem não vota não tem em 
minha opinião grande direito a depois criticar...

Abç

Renato Roque

On 4/14/2011 7:04 PM, alexandra balona wrote:
> Eu também tenho acompanhado a vossa discussão, que me parece urgente!
>
> Precisaremos mais do que votos em branco ou nulos, porque temos 
> observado que estes têm sido ignorados enquanto forma de protesto. 
> Precisaremos talvez de um outro tipo de acção que não passa somente 
> pelo voto.
>
> Não acredito (e acredita alguém?) que uma mudança de governo, perante 
> as alternativas existentes, trará a alteração capaz de eliminar a 
> promiscuidade entre política e sistema financeiro?
> É verdade que todos nos queixamos da redutora classe política que 
> temos e da falta de alternativa. E talvez, por isso mesmo, a 
> generalidade das pessoas que conheço (não querendo susceptibilizar 
> ninguém) não se quer envolver neste mesmo sistema político para não 
> ter de pactuar com corrupção e lobbys dos mais diversos géneros. 
> Ficamos então com aquilo que nos é dado a escolher, a partir do qual 
> escolhemos e que depois nos governa (mal, geralmente).
>
> A Islândia deixou cair os bancos e com eles os investimentos de 
> credores estrangeiros. 
> (http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/apr/12/iceland-ireland-portugal-markets)
>
> Nós ainda nem recebemos a dita ajuda, com a qual a nossa classe 
> política, que nos tem mal governado, muito provavelmente, continuará a 
> nos mal governar.
>
> A sociedade civil europeia (e não me refiro já só à portuguesa) terá 
> de se impor contra a manipulação dos mercados e das agências de 
> rating, isto se quer preservar no futuro alguns dos valores sociais 
> que ainda possui. Falo em sociedade civil europeia porque não me 
> parece que esta manipulação das Moodys, Standard e Fitch se fique só 
> por Portugal. Portugal será o continuar de um processo...
>
> E nós por cá?... deveríamos fazer por ter pessoas capazes na nossa 
> classe política, de repensar a (nossa) participação cívico-política e, 
> até o próprio sistema político.
> Este país precisa de ser educado para o profissionalismo, o sentido 
> cívico, o respeito pelo outro, educado contra o laxismo, a corrupção, 
> etc... (sem nenhum pretensiosismo da minha parte).
>
> deixo ainda a sugestão do documentário, que alguns terão já visto: 
> "Inside Job"
> http://www.youtube.com/watch?v=FzrBurlJUNk
>
>
> Cumprimentos,
> Alexandra
>
>
>
>
>
> 2011/4/14 Pedro dos Reis <m0rph3u  gmail.com <mailto:m0rph3u  gmail.com>>
>
>     Infelizmente os votos nulos só invalidaram Referendos.
>     Em Portugal nunca é questionado o significado do voto nulo nos
>     momentos pós-eleitorais.
>     É estranho que com taxas de abstenção ou de votos nulos, em
>     crescente, nunca tivesse havido um partido político que pusesse
>     essa questão na AR...
>     Talvez essa análise forçasse a que se pensasse num outro modelo de
>     participação democrática, que não este, que claramente não
>     representa a população.
>
>     Também não se entende que num país que teve um aumento de pessoas
>     com acesso a melhores condições de ensino, as campanhas eleitorais
>     sejam vazias de programa político para além de promessas
>     pré-eleitorais a roçar o "básico", onde só se destacam medidas
>     popularistas.
>
>     Para estas eleições até se prevê o pior, pois não se tem dito mais
>     do que queremos um Governo de Coligação, mas não gosto dos outros
>     Srs.; vamos aumentar o IVA porque é um "imposto justo", entre
>     outras barbaridades, que não são questionadas pelos inúmeros
>     comentadores que populam a Comunicação (dita) Social e que só
>     geram ruído, não acrescentando muito mais ao que a população já sente.
>
>     Ao mesmo tempo são tornados públicos os valores facturados e
>     lucrados por empresas que possuem posições dominantes na economia
>     do País; revelam-se os salários auferidos pelos gestores dessas
>     empresas (e até os impostos que deviam ser pagos e que prescrevem
>     misteriosamente) e ninguém com responsabilidade vai analisar o que
>     se passa e se essas pessoas ou entidades não poderiam contribuir
>     mais para evitar que os problemas da dívida do Estado pudessem ser
>     evitados.
>
>
>     2011/4/14 João Marcelo <joaomls  gmail.com <mailto:joaomls  gmail.com>>
>
>         Em Portugal ou Espanha, um grande exponencial de votos nulos
>         pode invalidar uma eleição? Porque, na prática, se ele não o
>         fizer,e se for inexpressivo, não faz a menor diferença. Pelo
>         menos é assim no Brasil. Por lei somos obrigados a votar e
>         perdemos alguns direitos se não estamos em dia com o processo
>         eletivo (nada muito dramático). Temos uma pequena taxa de
>         votos nulos e brancos e um bando de incompetentes nos
>         governando, alguns analfabetos (que conseguem burlar a lei) e
>         uma expressiva parcela que não sabe nem reconhecer o mapa do
>         Brasil.
>
>         Enfim, parece que anular o voto, na prática, fortalece o grupo
>         que nos incomoda, que é corrupto e entende as minúcias do
>         sistema democrático. Mas esse é o caso do Brasil, o que
>         acompanho mais diretamente. Poderia citar os Estados Unidos,
>         que possuem  altas taxas de pessoas que não votam e possuem,
>         na prática, um sistema de 2 partidos: o ruim e o pior. Mas não
>         me atrevo a descorrer mais sobre eles.
>
>         joao
>
>         2011/4/14 X. Lois Gutiérrez <unruidosecreto  yahoo.es
>         <mailto:unruidosecreto  yahoo.es>>
>
>             Cá na Espanha tentamos outra soluçâo: nâo votem. Acción
>             directa, compromiso, luta, asamblearismo, creaçâo,
>             antiparlamentarismo. Sâo palavras que aínda servem, nâo
>             significam qualquer coisa.
>
>             saúde e força.
>
>             X. Lois Gutiérrez
>
>
>
>
>             --- El jue, 14/4/11, Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com
>             <mailto:virginia.not.wolf  gmail.com>> escribió:
>
>             > De: Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com
>             <mailto:virginia.not.wolf  gmail.com>>
>             > Asunto: Re: [ARENA] E nós por lá...?
>             > Para: "arte ‹ teoria ‹ prática" <arena  lists.virose.pt
>             <mailto:arena  lists.virose.pt>>
>             > Fecha: jueves, 14 de abril, 2011 09:02
>             > Em relac,äo ao voto em branco e aos
>             > "partidos da esperanc,a":
>             >
>             > Suponho que se esteja a falar da extrema esquerda e
>             > direita que, por forc,a da existência, säo coniventes com
>             > a manutenc,äo do estado das coisas e tiveram as mesmas
>             > oportunidades legislativas - sem entrar em detalhes de
>             > financiamento e outros que tais - que qualquer outro grupo
>             > partidàrio.
>             >
>             > Todos os programas polìticos säo naturalmente bons nas
>             > suas propostas concretas e distintas. Mas sim, a
>             > putrefacc,äo é também uma forma de vida.
>             > Se se advoga o momento de mudanc,a està mais que na hora
>             > de demitir a configurac,äo actual.
>             >
>             > A querida Islândia näo elegeu representantes dos vàrios
>             > quadrantes sociais ao invés de repor assentos nas mesas de
>             > casamento? Talvez isso se confunda com uma polìtica de
>             > esquerda, da que fica mais para leste.
>             >
>             > Que as agências de rating säo especuladoras e que o
>             > dinheiro, em boa verdade, näo existe deveria ser um
>             > exercìcio de reflexäo simbòlica por parte de todos para
>             > fazer face à impotência e ao estigma de cauda da Europa,
>             > infalivelmente destinados ao caos e ao falhanc,o. Por ora,
>             > estamos no lugar que merecemos. Näo hà ainda capacidade
>             > popular e demòfila para impor a expressäo do voto que, ao
>             > que parece, foi socialista durante este 6 anos de terapia de
>             > mercados. Neste momento, näo me ocorre nenhum governo que
>             > se reja pelo seu povo ainda que o contràrio seja
>             > invariavelmente factual.
>             >
>             > Talvez manifestac,öes apartidàrias como a de 12 de
>             > Abril ajudem a ilustrar o que tenho dito. Serà que ter sido
>             > um dos maiores movimentos contestatàrios populares dos
>             > ùltimos tempos näo tem que ver com a ausência de
>             > politiquice standard(?). Acredito em contestac,äo sem a
>             > colherada do PCP ou Bloco que, por hàbito säo oposic,äo
>             > ao governo e "mercados". Säo partidos que
>             > nasceram para se oporem e, por muito sinistra que
>             > seja a minha inclinac,äo polìtica, acho que deixei para
>             > tràs o enquadramento formal do exercìcio da cidadania.
>             >
>             > Por isto e pelo desencanto, creio que o Partido Em Branco
>             > seja maior afirmac,äo. Sem candidatos, sem nomes, sem cor,
>             > sem carismàticos trapac,eiros. Um partido composto à
>             > posteriori com portfolios e CV's como é exigido a
>             > qualquer profissional. E, sobretudo, elementos concentrados
>             > no interesse da soberania portuguesa para além do atletismo
>             > do poder.
>             >
>             >
>             > E agora tenho de voltar ao trabalho. Näo se pode suspender
>             > a economia do lar.
>             > Vou fazer madeira falsa, a partir da Suic,a, para imprimir
>             > em Taiwan. Depois, o pvc vai para Portugal, colado sobre a
>             > cortic,a e distribuido para todo o mundo como um produto
>             > ecològico. Um êxito, asseguro-vos.
>             >
>             > (talvez me devesse despedir)
>             >
>             > Bom dia.
>             >
>             > 2011/4/13 Dinis
>             > Santos <dinismanueld  gmail.com
>             <mailto:dinismanueld  gmail.com>>
>             >
>             > Sobre a ameaça dos mercados que ganharam características
>             > humanas nos últimos tempos como ("os mercados estão
>             > nervosos, ou desconfiados"...) e sobre a tecnocracia
>             > financeira:
>             >
>             > "PORTUGAL’S plea for help with its debts from the
>             > International Monetary
>             > Fund and the European Union last week should be a warning
>             > to
>             > democracies everywhere."
>             >
>             > (perdoem-me não tenho a certeza se toco ou não toco o
>             > campo da arte...)
>             >
>             >
>             http://www.nytimes.com/2011/04/13/opinion/13fishman.html?_r=1
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > (sobre eleições e votos em branco...ainda há partidos,
>             > com respostas concretas e distintas relativas aos assuntos
>             > graves da última década, aos quais não foi dada a
>             > oportunidade de ter mais expressão parlamentar...)
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > Dinis Santos
>             >
>             >
>             >
>             > 2011/4/12 miguel leal
>             > <ml  virose.pt <mailto:ml  virose.pt>>
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > Olá uma vez mais,
>             > Continuando a recentrar o debate na questão que
>             > o FJP levantou com a imagem dos seus 'amigos
>             > isladeses', lembrei-me de um texto que escrevi há uns
>             > meses sobre vulcões (islandeses), nuvens, ecomomia e
>             > política, e que parece vir mesmo a calhar. O texto foi
>             > escrito para a publicação 'State of Motion',
>             > editada pelo Colectivo Piso (Berlim, 2011).
>             <http://piso-collective.blogspot.com/p/publications.html>
>             >
>             >
>             >
>             > abs
>             > ml
>             >
>             > _________________________________________________A
>             metonymy of displacement:
>             > Clouds and volcanoes
>             >
>             >
>             > _________________________________________________
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > We know from
>             > physics that every displacement is relative. It seems there
>             > is no such thing as displacement without a point of origin,
>             > without a point from where to measure both the direction and
>             > the distance of a certain movement from one place to the
>             > other. In those terms displacement can only be defined as a
>             > relative condition: the actual position (B) being relative
>             > to an initial position (A). To be out of place is to be
>             > displaced. We obtain the figures of our displacement by
>             > measuring the difference between A and B, a difference that
>             > implies not only space but also time. The sense of
>             > displacement depends on this relation between A and B, there
>             > and here, then and now. However, we also know things can be
>             > much more complicated. For instance, the kind of measurement
>             > we were just describing usually uses as reference a straight
>             > line going from A to B from which it is impossible to draw
>             > the real path taken during the displacement from one point
>             > to the other. Displacement is always an awkward situation
>             > based on strange connections between time and space.
>             > Displacement is not (only) a matter of measurements. Imagine
>             > A and B are not only two but a multiplicity of points,
>             > imagine then is now and now is then, imagine there is here
>             > and here is there, imagine everything is out of place. How
>             > to define displacement from such a complicated placement of
>             > things? Retaining the basic idea that every displacement is
>             > relative, we will try to step a little further into
>             > this.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > Shifting
>             > quickly to psychoanalysis, the terrain of a very complex
>             > notion of time and space, we will discover other useful
>             > notions to think about this topic. In fact, Freud, haunted
>             > by his former education as a neurologist, always felt
>             > tempted to explain the functioning of the unconscious
>             > through topographic models. Early in his work we find the
>             > very notion of displacement (verschiebung) being used as a
>             > key concept to describe certain unconscious processes of the
>             > psyche. Although the notion of displacement was approached
>             > differently throughout his vast work, Freud always kept it
>             > as a way to explain the reattachment (by a repressive
>             > displacement) of something to something else: B in the place
>             > of A; A transposed to B. But the interesting (and
>             > complicated) part of this process is that this Freudian
>             > displacement — relative as any other displacement —
>             > implies a forgotten origin. We are displaced without any
>             > notion of displacement. And, in the end, reenacting it all,
>             > we discover that B is not B and it’s not A; A is not A and
>             > is not B. During this process A and B are transformed into
>             > something else. There is no return to any ideal point of
>             > origin. Furthermore, looking back critically at Freud and
>             > psychoanalysis, we realize there is no point of origin at
>             > all: A transforms B and B transforms A; this process is pure
>             > transformation and we never really get the answers we
>             > expect. Years later Lacan[1], opening the book of
>             > linguistics to explain a former topological problem,
>             > compared displacement to metonymy, the figure of speech in
>             > which a thing or concept is not called by its own name.
>             > Actually, with the notion of displacement proposed by
>             > psychoanalysis we enter a completely different terrain, less
>             > topographic and extensive and more complex and intensive, a
>             > terrain where everything is out of place and where words
>             > speak different languages, a terrain where there are no
>             > points (A, B or even C) but only intensive connections
>             > between them. Following this, and knowing already how A and
>             > B are not what they seem to be, we also realize there is no
>             > such thing as a line between A and B, but only points
>             > precariously situated at the intersection of several
>             > lines[2]. Every displacement is in fact relative but is also
>             > intensive, complex and sometimes contradictory.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > **
>             >
>             > Early this year
>             > an Icelandic volcano with an unpronounceable name —
>             > Eyjafjallajökull — woke furiously from a long period of
>             > rest. Overwhelmed by it, but feeling safe monitoring the
>             > event at distance, we were far from imagining the real
>             > effects of this eruption in our lives. In fact, a huge cloud
>             > of ashes extended its long tail over Europe, creating chaos
>             > in the skies. Flights cancelled and airports closed, Europe
>             > rediscovered its geography and experienced something
>             > different about the idea of displacement and the effects of
>             > the so-called globalization.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > First in April
>             > and again in May, the cloud of volcanic ashes covered the
>             > skies in an insidious manner, quickly reaching central and
>             > southern Europe. Invisible and silent as it was, at least
>             > from the ground, the cloud could only be (roughly) followed
>             > through satellite images and its position at a certain
>             > moment was always hard to determine with precision. So,
>             > during those two short but intense periods, some of us were
>             > transformed in amateur meteorologists and volcanologists,
>             > looking desperately in sites such as the London’s Met
>             > Office for information about a new monstrosity living
>             > somewhere over our heads[3]. To a certain extent, we were
>             > standing still whilst trying to follow such an invisible
>             > (but huge) and ever-changing cloud, feeling uncomfortable
>             > knowing that something unpredictable was moving fast causing
>             > a temporary crash in the way we were dealing with geography,
>             > time and space. Things that we somehow took for granted
>             > suddenly disappeared: we were displaced without a single
>             > move from the place we were standing in.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > There are
>             > several ways to link the effects of this eruption to the
>             > idea of displacement. One of them is precisely the feeling
>             > of perceptive disarrangement caused by the observation of an
>             > object that is moving while the observer is standing still
>             > (or the other way around), something that everyone has
>             > already experienced, for instance, looking up to the sky
>             > covered in fast moving clouds. But with the cloud of ashes
>             > caused by the Eyjafjallajökull the resulting displacement
>             > was coming more from the secret unpredictability and
>             > dimension of the phenomenon than from any bodily sensation.
>             > In fact, this cloud of ashes was to connect very closely
>             > those two figures of the unpredictable — the cloud and the
>             > volcano — and their corresponding
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > sciences —
>             > meteorology and volcanology —, and so bringing a new
>             > certain uncertainty to our daily lives. In this way the
>             > cloud of the Eyjafjallajökull is able to force an ideal
>             > geography (both personal and collective) to collide with
>             > reality, offering at the same time an impressive metaphor to
>             > the dark times announced by the ongoing financial crisis.
>             > There is a shared secret monstrosity linking the real but
>             > invisible cloud of ashes to the metaphoric but quite real
>             > dark cloud originated during the 2009 financial breakdown.
>             > Both clouds were able to produce a feeling of impotence that
>             > transforms our lives and our experience of time and space,
>             > building, reshaping and even destroying our personal and
>             > collective geographies.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > Similarly to
>             > the effects of the cloud of ashes, this financial crisis
>             > caused things that we somehow took for granted to suddenly
>             > vanish: we were displaced but forced to stay in our place.
>             > This is not only a question of knowing, for instance, if
>             > there is a chance for the politics of social welfare; this
>             > is a question of knowing if this is not simply an excuse to
>             > terminate any idea of political action. Neither politics nor
>             > the economy have been able to move from reaction to action.
>             > We are facing a simulacrum of consensus which announces the
>             > end of politics and the rise of a new pragmatic approach to
>             > the art of governing. The problem is that the economy — as
>             > we have learned from the Eyjafjallajökull and the threat
>             > posed by its bigger and more dangerous neighbour, the Katia
>             > — is also a kind of Russian roulette: we never really know
>             > when it is going to erupt again. More so, in one way or
>             > another, it’s easier to talk to clouds and volcanoes than
>             > to the markets or the technocracy of the economists. Clouds
>             > and volcanoes are unpredictable, that is true, but at least
>             > they are not trying to occupy every interstice of our lives.
>             > They are ungovernable and that is the reason for their
>             > threatening beauty.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > Miguel
>             > Leal
>             > Porto, October
>             > 2010.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > P.S. Reading
>             > the text again I have just realized that I ended writing
>             > about clouds, volcanoes and politics when I intended to
>             > write about art and its figures of change and
>             > transformation, something that turned my words into a truly
>             > metonymy of displacement…
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > [1]
>             > “L’Instance de la lettre dans l’inconscient ou la
>             > raison depuis Freud” (1957).
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > [2] “It is
>             > not the line that is between two points, but the point that
>             > is at the intersection of several lines” (Deleuze,
>             > Pourparleurs, 1990, p. 219).
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > [3] The Met
>             > Office is the UK's National Weather Service. The Met
>             > Office hosts the London Volcanic Ash Advisory Centre (VAAC)
>             > and during this crisis updated every six hours forecasts
>             > monitoring the volcanic ashes cloud
>             <http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/vaacuk_vag.html>.
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > __________________________________
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > On 12Apr2011, at 3:54 PM, Fernando José Pereira
>             > wrote:
>             >
>             >
>             >
>             > Escrevi já há alguns anos um texto que se intitulava
>             > "O elogio da infâmia", aí referia-me às
>             > possibilidades políticas de tal acto. A infâmia, neste
>             > mundo controlado e anestesiado é, de imediato, arredada
>             > para territórios "impróprios" que nos querem
>             > fazer querer exteriores aos limites do tolerável. Ora, como
>             > facilmente poderão constatar, não abdicamos da discussão
>             > e pensamos até, que a dissensão é a base de todo o
>             > pensamento político democrático. Aquilo que não
>             > tolerámos enquanto coordenadores de uma lista pública é a
>             > sua distorção em lugar de disputas pessoais (aparentemente
>             > próximas da ideia de antagonismo que defendemos mas, como a
>             > realidade facilmente demonstra, distantes da eficácia
>             > política e, logo social, da noção).
>             >
>             >
>             > É por demais evidente que vivemos dias de excepcionalidade
>             > política: querem-nos suprimir a possibilidade democrática
>             > de discordar, querem-nos fazer querer, como muito bem
>             > exemplificava o Miguel Leal na sua metáfora, que estamos
>             > inevitavelmente entregues a uns especialistas que nos vão
>             > tratar da saúde...
>             >
>             >
>             > Ora, o que neste momento importa pensar é a nossa
>             > condição de artistas, de cidadãos interessados,
>             > envolvidos que estamos nesta teia espiralada de que temos
>             > dificuldade em nos libertar. A ideia inicial, quando
>             > coloquei nesta lista uma imagem de um mural próximo do
>             > aeroporto de Reikjavik, era tentar encontrar, neste espaço
>             > de diálogo, ideias para a nossa autodefesa, ideias que
>             > pudessem ser partilhadas e, se possível, aprofundadas pelos
>             > mecanismos de discussão que temos ao nosso dispor. É
>             > evidente que não é inocente a sua escolha. É verdade que
>             > a politização das nossas discussões é mais necessária
>             > que nunca. Agora uma coisa é certa, nunca nos quisemos
>             > distanciar da nossa condição, não temos soluções
>             > milagrosas, nem queremos. Aquilo que nos preocupa é olhar
>             > em redor e verificar que a anestesia se torna cada vez mais
>             > visível e que nos enredamos em discussões estéreis ou
>             > superficiais ou mesmo corporativas. Não por acaso os picos
>             > de participação desta lista estão inevitavelmente ligados
>             > a processos deste género. A minha sugestão enquanto
>             > coordenador desta lista vai no sentido de apelar à
>             > colaboração de todos na discussão aberta dos nosso
>             > problemas e que se evitem, de uma vez por todas, as
>             > aproximações ao que de pior têm este tipo de espaços
>             > (estou a lembrar-me, não por acaso, dos espaços de
>             > comentário que existem nos jornais on-line onde as
>             > respectivas direcções sentiram necessidade de
>             > controlar).
>             >
>             >
>             > A escolha da Islândia para dar início a uma
>             > discussão é sintomática daquilo que se está a passar cá
>             > e lá: por cá dizem-nos que quase nem sequer vale a pena
>             > votar pois tudo será decidido a outro nível; por lá
>             > vota-se livremente e pensa-se livremente assumindo por
>             > inteiro as responsabilidades de tais actos. Só podem ter a
>             > minha maior admiração.
>             >
>             >
>             > Os artistas Islandeses estão, também eles,
>             > envolvidos neste processo. Juntemos à foto do mural esta
>             > outra iniciativa levada a cabo por artistas, com a
>             > colaboração do Reykjavik City Theatre: a leitura
>             > ininterrupta, por todos aqueles que trabalham naquela
>             > instituição, das milhares de páginas do relatório sobre
>             > a bancarrota do país, entretanto publicado. A acção
>             > decorreu com as portas do teatro abertas 24 horas e
>             > transformou aquele espaço cultural no centro mediático da
>             > discussão em torno de um documento que, à partida, é
>             > feito por especialistas e para ser entendido apenas por
>             > especialistas. Foi uma acção maravilhosa.
>             >
>             >
>             > A Islândia é, neste momento, território infame para
>             > os experts de que fala a Laurie Anderson. Ainda bem
>             > para eles. E nós por cá...?
>             > NOTA: aqui têm o texto completo para que não
>             > restem dúvidas sobre o que afirmo.
>             >
>             >
>             >
>             > Fernando José Pereira
>             >
>             >
>             > O elogio da
>             > infâmia
>             >
>             >
>             > A infâmia é um lugar
>             > fronteiriço, um significado vazio que corporiza, como tal,
>             > a existência de duas
>             > entidades separadas e preenchidas de significações
>             > opostas. Assim, a
>             > localização territorial da infâmia fornece-lhe a
>             > possibilidade impar de
>             > protagonizar o antagonismo. A actual preocupação liberal
>             > de procura desvairada
>             > de consensos situa a infâmia como lugar de resistência
>             > que, desta forma,
>             > curiosamente se vê transformada em partícula essencial da
>             > vida democrática.A territorialidade infame afirma
>             > radicalmente a dissensão. É neste lugar que devemos
>             > concentrar a nossa atenção
>             > e não nas suas confluências limítrofes. A
>             > categorização, sempre subjectiva, dos
>             > conteúdos por estas introduzidos e utilizados
>             > apresenta-se, assim, como
>             > profundamente secundarizada relativamente ao imenso poder
>             > do lugar infame.
>             > Acima de tudo, porque este se apresenta, sempre, como
>             > amoral, longe da lógica
>             > unívoca da razoabilidade moralista ou, então, da sua
>             > oposição polar imoral,
>             > afinal faces da mesma moeda.Algumas tradições transmontanas
>             > de comemoração do carnaval, em que populares de aldeias
>             > vizinhas se opõem
>             > verbalmente, utilizando os mais variados e fortes insultos,
>             > afirmam-se como uma
>             > curiosa estruturação espacial. Este território
>             > fronteiriço, formalizado pela frontalidade
>             > simétrica de dois lugares altos, dois montes, separados
>             > por um vale
>             > apresenta-se como uma fortíssima metáfora da
>             > democraticidade antagonista.
>             > Afirma, no entanto, Slavoj Zizek que um dos problemas das
>             > democracias liberais
>             > contemporâneas é a transformação da ideia de
>             > antagonismo em possibilidade
>             > unicamente agonística, isto é, uma pacificação “bem
>             > comportada” da anterior
>             > noção de combate. É neste ambiente adormecido que surge
>             > o potencial da infâmia
>             > porque, por isso mesmo, a sua conotação negativa lhe
>             > permite um posicionamento
>             > radical. Debaixo do fogo “politicamente correcto”, o
>             > território infame afirma
>             > uma vitalidade e um protagonismo que lhe é oferecido em
>             > nome próprio. O
>             > alastramento PC a todas as esferas da vida, a arte
>             > incluída, determina, então, uma
>             > espécie de nova transparência[1] consensual em que tudo
>             se encontra dentro
>             > dos “limites”
>             > deixando, naturalmente, de fora a nomeação “exterior”
>             > da infâmia.As razões são sempre as mais
>             > importantes, as mais próprias, as mais razoáveis e,
>             > apesar disso, apetece
>             > sempre estar como reduplicatio, isto
>             > é, numa posição que nunca se ajusta verdadeiramente ao
>             > seu lugar. Na
>             > contemporaneidade light e liberal
>             > este é o território da
>             > infâmia.Como afirma Alain Badiou na tese
>             > 14 das suas “quinze teses sobre arte
>             > contemporânea”:“Posto que se encontra seguro da
>             > sua capacidade para controlar todo o campo do visível e do
>             > audível através das
>             > leis que governam a circulação comercial e a
>             > comunicação democrática, o Império
>             > já não censura nada. Toda a arte e todo o pensamento
>             > estarão perdidos se
>             > aceitarmos essa permissão para consumir, para comunicar e
>             > para desfrutar.
>             > Deveríamos, por isso, convertemo-nos em cruéis censores
>             > de nós próprios.”[2]
>             >
>             >
>             > A arte é um lugar
>             > infame.
>             >
>             >
>             > * A etimologia da palavra
>             > é latina e decompõe-se
>             > da seguinte forma: in=non; fama (v.q.
>             > voce). Esta má fama inicial, que era importantíssima nas
>             > leis romanas, foi
>             > alargando a sua carga de significação até aos nossos
>             > dias. Assim, no dicionário
>             > português,  apresenta-se como s.f. e com as seguintes
>             > significados: má
>             > fama; acto ou dito infame; perda de boa fama; labéu
>             > imposto por lei ou pela
>             > opinião pública; descrédito; ignomínia; desonra;
>             > calúnia, difamação; injúria;
>             > indignidade; vitupério;
>             > opróbrio.
>             >
>             >
>             > Fernando José Pereira
>             > Outubro 2006
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > [1]
>             > Não
>             > devemos, contudo, esquecer que, como afirma Juan Luís
>             > Moraza, nada é mais invisível que a evidência, pois esta
>             > funciona como um
>             > marcador contextual que desvia o olhar daquilo que se
>             > supõe dever permanecer
>             > oculto.
>             >
>             >
>             >
>             > [2]
>             > Tradução minha
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > _______________________________________________
>             > ARENA mailing list
>             > ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>             >
>             http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > _______________________________________________
>             >
>             > ARENA mailing list
>             >
>             > ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>             >
>             >
>             http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > --
>             > Dinis Santos
>             > ====================
>             > 96 738 52 32
>             > dinismanueld  gmail.com <mailto:dinismanueld  gmail.com>
>             >
>             >
>             >
>             > _______________________________________________
>             >
>             > ARENA mailing list
>             >
>             > ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>             >
>             >
>             http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>             >
>             >
>             >
>             >
>             >
>             > --
>             > ✖
>             > Virgínia
>             > Valente
>             > ✖
>             >
>             >
>             > ➜ http://not-wolf.com/
>             > ☎ +351 96 463 30 71
>             >
>             >
>             > -----Adjunto en línea a continuación-----
>             >
>             > _______________________________________________
>             > ARENA mailing list
>             > ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>             >
>             http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>             >
>
>             _______________________________________________
>             ARENA mailing list
>             ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>             http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>
>
>
>         _______________________________________________
>         ARENA mailing list
>         ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>         http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>
>
>
>
>     -- 
>     *Pedro dos Reis
>
>     *
>
>     _______________________________________________
>     ARENA mailing list
>     ARENA  lists.virose.pt <mailto:ARENA  lists.virose.pt>
>     http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>
>
>
> _______________________________________________
> ARENA mailing list
> ARENA  lists.virose.pt
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt

-- 
Renato Roque

site: www.renatoroque.com

mail: rroque  renatoroque.com

blog: http://www.renatoroque.com/umaespeciedeblog/

tm: +351 966047807


-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://lists.virose.pt/pipermail/arena_lists.virose.pt/attachments/20110415/e9cf6f81/attachment-0001.html>


Mais informações acerca da lista ARENA