[ARENA] E nós por lá...?

alexandra balona alexandrabalona gmail.com
Quinta-Feira, 14 de Abril de 2011 - 19:04:33 WEST


Eu também tenho acompanhado a vossa discussão, que me parece urgente!

Precisaremos mais do que votos em branco ou nulos, porque temos observado
que estes têm sido ignorados enquanto forma de protesto. Precisaremos talvez
de um outro tipo de acção que não passa somente pelo voto.

Não acredito (e acredita alguém?) que uma mudança de governo, perante as
alternativas existentes, trará a alteração capaz de eliminar a promiscuidade
entre política e sistema financeiro?
É verdade que todos nos queixamos da redutora classe política que temos e da
falta de alternativa. E talvez, por isso mesmo, a generalidade das pessoas
que conheço (não querendo susceptibilizar ninguém) não se quer envolver
neste mesmo sistema político para não ter de pactuar com corrupção e lobbys
dos mais diversos géneros. Ficamos então com aquilo que nos é dado a
escolher, a partir do qual escolhemos e que depois nos governa (mal,
geralmente).

A Islândia deixou cair os bancos e com eles os investimentos de credores
estrangeiros. (
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/apr/12/iceland-ireland-portugal-markets
)

Nós ainda nem recebemos a dita ajuda, com a qual a nossa classe política,
que nos tem mal governado, muito provavelmente, continuará a nos mal
governar.

A sociedade civil europeia (e não me refiro já só à portuguesa) terá de se
impor contra a manipulação dos mercados e das agências de rating, isto se
quer preservar no futuro alguns dos valores sociais que ainda possui. Falo
em sociedade civil europeia porque não me parece que esta manipulação das
Moodys, Standard e Fitch se fique só por Portugal. Portugal será o continuar
de um processo...

E nós por cá?... deveríamos fazer por ter pessoas capazes na nossa classe
política, de repensar a (nossa) participação cívico-política e, até o
próprio sistema político.
Este país precisa de ser educado para o profissionalismo, o sentido cívico,
o respeito pelo outro, educado contra o laxismo, a corrupção, etc... (sem
nenhum pretensiosismo da minha parte).

deixo ainda a sugestão do documentário, que alguns terão já visto: "Inside
Job"
http://www.youtube.com/watch?v=FzrBurlJUNk


Cumprimentos,
Alexandra





2011/4/14 Pedro dos Reis <m0rph3u  gmail.com>

> Infelizmente os votos nulos só invalidaram Referendos.
> Em Portugal nunca é questionado o significado do voto nulo nos momentos
> pós-eleitorais.
> É estranho que com taxas de abstenção ou de votos nulos, em crescente,
> nunca tivesse havido um partido político que pusesse essa questão na AR...
> Talvez essa análise forçasse a que se pensasse num outro modelo de
> participação democrática, que não este, que claramente não representa a
> população.
>
> Também não se entende que num país que teve um aumento de pessoas com
> acesso a melhores condições de ensino, as campanhas eleitorais sejam vazias
> de programa político para além de promessas pré-eleitorais a roçar o
> "básico", onde só se destacam medidas popularistas.
>
> Para estas eleições até se prevê o pior, pois não se tem dito mais do que
> queremos um Governo de Coligação, mas não gosto dos outros Srs.; vamos
> aumentar o IVA porque é um "imposto justo", entre outras barbaridades, que
> não são questionadas pelos inúmeros comentadores que populam a Comunicação
> (dita) Social e que só geram ruído, não acrescentando muito mais ao que a
> população já sente.
>
> Ao mesmo tempo são tornados públicos os valores facturados e lucrados por
> empresas que possuem posições dominantes na economia do País; revelam-se os
> salários auferidos pelos gestores dessas empresas (e até os impostos que
> deviam ser pagos e que prescrevem misteriosamente) e ninguém com
> responsabilidade vai analisar o que se passa e se essas pessoas ou entidades
> não poderiam contribuir mais para evitar que os problemas da dívida do
> Estado pudessem ser evitados.
>
>
> 2011/4/14 João Marcelo <joaomls  gmail.com>
>
>> Em Portugal ou Espanha, um grande exponencial de votos nulos pode
>> invalidar uma eleição? Porque, na prática, se ele não o fizer,e se for
>> inexpressivo, não faz a menor diferença. Pelo menos é assim no Brasil. Por
>> lei somos obrigados a votar e perdemos alguns direitos se não estamos em dia
>> com o processo eletivo (nada muito dramático). Temos uma pequena taxa de
>> votos nulos e brancos e um bando de incompetentes nos governando, alguns
>> analfabetos (que conseguem burlar a lei) e uma expressiva parcela que não
>> sabe nem reconhecer o mapa do Brasil.
>>
>> Enfim, parece que anular o voto, na prática, fortalece o grupo que nos
>> incomoda, que é corrupto e entende as minúcias do sistema democrático. Mas
>> esse é o caso do Brasil, o que acompanho mais diretamente. Poderia citar os
>> Estados Unidos, que possuem  altas taxas de pessoas que não votam e possuem,
>> na prática, um sistema de 2 partidos: o ruim e o pior. Mas não me atrevo a
>> descorrer mais sobre eles.
>>
>> joao
>>
>> 2011/4/14 X. Lois Gutiérrez <unruidosecreto  yahoo.es>
>>
>>  Cá na Espanha tentamos outra soluçâo: nâo votem. Acción directa,
>>> compromiso, luta, asamblearismo, creaçâo, antiparlamentarismo. Sâo palavras
>>> que aínda servem, nâo significam qualquer coisa.
>>>
>>> saúde e força.
>>>
>>> X. Lois Gutiérrez
>>>
>>>
>>>
>>>
>>> --- El jue, 14/4/11, Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com> escribió:
>>>
>>> > De: Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com>
>>> > Asunto: Re: [ARENA] E nós por lá...?
>>> > Para: "arte ‹ teoria ‹ prática" <arena  lists.virose.pt>
>>> > Fecha: jueves, 14 de abril, 2011 09:02
>>> > Em relac,äo ao voto em branco e aos
>>> > "partidos da esperanc,a":
>>> >
>>> > Suponho que se esteja a falar da extrema esquerda e
>>> > direita que, por forc,a da existência, säo coniventes com
>>> > a manutenc,äo do estado das coisas e tiveram as mesmas
>>> > oportunidades legislativas - sem entrar em detalhes de
>>> > financiamento e outros que tais - que qualquer outro grupo
>>> > partidàrio.
>>> >
>>> > Todos os programas polìticos säo naturalmente bons nas
>>> > suas propostas concretas e distintas. Mas sim, a
>>> > putrefacc,äo é também uma forma de vida.
>>> > Se se advoga o momento de mudanc,a està mais que na hora
>>> > de demitir a configurac,äo actual.
>>> >
>>> > A querida Islândia näo elegeu representantes dos vàrios
>>> > quadrantes sociais ao invés de repor assentos nas mesas de
>>> > casamento? Talvez isso se confunda com uma polìtica de
>>> > esquerda, da que fica mais para leste.
>>> >
>>> > Que as agências de rating säo especuladoras e que o
>>> > dinheiro, em boa verdade, näo existe deveria ser um
>>> > exercìcio de reflexäo simbòlica por parte de todos para
>>> > fazer face à impotência e ao estigma de cauda da Europa,
>>> > infalivelmente destinados ao caos e ao falhanc,o. Por ora,
>>> > estamos no lugar que merecemos. Näo hà ainda capacidade
>>> > popular e demòfila para impor a expressäo do voto que, ao
>>> > que parece, foi socialista durante este 6 anos de terapia de
>>> > mercados. Neste momento, näo me ocorre nenhum governo que
>>> > se reja pelo seu povo ainda que o contràrio seja
>>> > invariavelmente factual.
>>> >
>>> > Talvez manifestac,öes apartidàrias como a de 12 de
>>> > Abril ajudem a ilustrar o que tenho dito. Serà que ter sido
>>> > um dos maiores movimentos contestatàrios populares dos
>>> > ùltimos tempos näo tem que ver com a ausência de
>>> > politiquice standard(?). Acredito em contestac,äo sem a
>>> > colherada do PCP ou Bloco que, por hàbito säo oposic,äo
>>> > ao governo e "mercados". Säo partidos que
>>> > nasceram para se oporem e, por muito sinistra que
>>> > seja a minha inclinac,äo polìtica, acho que deixei para
>>> > tràs o enquadramento formal do exercìcio da cidadania.
>>> >
>>> > Por isto e pelo desencanto, creio que o Partido Em Branco
>>> > seja maior afirmac,äo. Sem candidatos, sem nomes, sem cor,
>>> > sem carismàticos trapac,eiros. Um partido composto à
>>> > posteriori com portfolios e CV's como é exigido a
>>> > qualquer profissional. E, sobretudo, elementos concentrados
>>> > no interesse da soberania portuguesa para além do atletismo
>>> > do poder.
>>> >
>>> >
>>> > E agora tenho de voltar ao trabalho. Näo se pode suspender
>>> > a economia do lar.
>>> > Vou fazer madeira falsa, a partir da Suic,a, para imprimir
>>> > em Taiwan. Depois, o pvc vai para Portugal, colado sobre a
>>> > cortic,a e distribuido para todo o mundo como um produto
>>> > ecològico. Um êxito, asseguro-vos.
>>> >
>>> > (talvez me devesse despedir)
>>> >
>>> > Bom dia.
>>> >
>>> > 2011/4/13 Dinis
>>> > Santos <dinismanueld  gmail.com>
>>> >
>>> > Sobre a ameaça dos mercados que ganharam características
>>> > humanas nos últimos tempos como ("os mercados estão
>>> > nervosos, ou desconfiados"...) e sobre a tecnocracia
>>> > financeira:
>>> >
>>> > "PORTUGAL’S plea for help with its debts from the
>>> > International Monetary
>>> > Fund and the European Union last week should be a warning
>>> > to
>>> > democracies everywhere."
>>> >
>>> > (perdoem-me não tenho a certeza se toco ou não toco o
>>> > campo da arte...)
>>> >
>>> > http://www.nytimes.com/2011/04/13/opinion/13fishman.html?_r=1
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > (sobre eleições e votos em branco...ainda há partidos,
>>> > com respostas concretas e distintas relativas aos assuntos
>>> > graves da última década, aos quais não foi dada a
>>> > oportunidade de ter mais expressão parlamentar...)
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Dinis Santos
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > 2011/4/12 miguel leal
>>> > <ml  virose.pt>
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Olá uma vez mais,
>>> > Continuando a recentrar o debate na questão que
>>> > o FJP levantou com a imagem dos seus 'amigos
>>> > isladeses', lembrei-me de um texto que escrevi há uns
>>> > meses sobre vulcões (islandeses), nuvens, ecomomia e
>>> > política, e que parece vir mesmo a calhar. O texto foi
>>> > escrito para a publicação 'State of Motion',
>>> > editada pelo Colectivo Piso (Berlim, 2011). <
>>> http://piso-collective.blogspot.com/p/publications.html>
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > abs
>>> > ml
>>> >
>>> > _________________________________________________A metonymy of
>>> displacement:
>>> > Clouds and volcanoes
>>> >
>>> >
>>> > _________________________________________________
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > We know from
>>> > physics that every displacement is relative. It seems there
>>> > is no such thing as displacement without a point of origin,
>>> > without a point from where to measure both the direction and
>>> > the distance of a certain movement from one place to the
>>> > other. In those terms displacement can only be defined as a
>>> > relative condition: the actual position (B) being relative
>>> > to an initial position (A). To be out of place is to be
>>> > displaced. We obtain the figures of our displacement by
>>> > measuring the difference between A and B, a difference that
>>> > implies not only space but also time. The sense of
>>> > displacement depends on this relation between A and B, there
>>> > and here, then and now. However, we also know things can be
>>> > much more complicated. For instance, the kind of measurement
>>> > we were just describing usually uses as reference a straight
>>> > line going from A to B from which it is impossible to draw
>>> > the real path taken during the displacement from one point
>>> > to the other. Displacement is always an awkward situation
>>> > based on strange connections between time and space.
>>> > Displacement is not (only) a matter of measurements. Imagine
>>> > A and B are not only two but a multiplicity of points,
>>> > imagine then is now and now is then, imagine there is here
>>> > and here is there, imagine everything is out of place. How
>>> > to define displacement from such a complicated placement of
>>> > things? Retaining the basic idea that every displacement is
>>> > relative, we will try to step a little further into
>>> > this.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Shifting
>>> > quickly to psychoanalysis, the terrain of a very complex
>>> > notion of time and space, we will discover other useful
>>> > notions to think about this topic. In fact, Freud, haunted
>>> > by his former education as a neurologist, always felt
>>> > tempted to explain the functioning of the unconscious
>>> > through topographic models. Early in his work we find the
>>> > very notion of displacement (verschiebung) being used as a
>>> > key concept to describe certain unconscious processes of the
>>> > psyche. Although the notion of displacement was approached
>>> > differently throughout his vast work, Freud always kept it
>>> > as a way to explain the reattachment (by a repressive
>>> > displacement) of something to something else: B in the place
>>> > of A; A transposed to B. But the interesting (and
>>> > complicated) part of this process is that this Freudian
>>> > displacement — relative as any other displacement —
>>> > implies a forgotten origin. We are displaced without any
>>> > notion of displacement. And, in the end, reenacting it all,
>>> > we discover that B is not B and it’s not A; A is not A and
>>> > is not B. During this process A and B are transformed into
>>> > something else. There is no return to any ideal point of
>>> > origin. Furthermore, looking back critically at Freud and
>>> > psychoanalysis, we realize there is no point of origin at
>>> > all: A transforms B and B transforms A; this process is pure
>>> > transformation and we never really get the answers we
>>> > expect. Years later Lacan[1], opening the book of
>>> > linguistics to explain a former topological problem,
>>> > compared displacement to metonymy, the figure of speech in
>>> > which a thing or concept is not called by its own name.
>>> > Actually, with the notion of displacement proposed by
>>> > psychoanalysis we enter a completely different terrain, less
>>> > topographic and extensive and more complex and intensive, a
>>> > terrain where everything is out of place and where words
>>> > speak different languages, a terrain where there are no
>>> > points (A, B or even C) but only intensive connections
>>> > between them. Following this, and knowing already how A and
>>> > B are not what they seem to be, we also realize there is no
>>> > such thing as a line between A and B, but only points
>>> > precariously situated at the intersection of several
>>> > lines[2]. Every displacement is in fact relative but is also
>>> > intensive, complex and sometimes contradictory.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > **
>>> >
>>> > Early this year
>>> > an Icelandic volcano with an unpronounceable name —
>>> > Eyjafjallajökull — woke furiously from a long period of
>>> > rest. Overwhelmed by it, but feeling safe monitoring the
>>> > event at distance, we were far from imagining the real
>>> > effects of this eruption in our lives. In fact, a huge cloud
>>> > of ashes extended its long tail over Europe, creating chaos
>>> > in the skies. Flights cancelled and airports closed, Europe
>>> > rediscovered its geography and experienced something
>>> > different about the idea of displacement and the effects of
>>> > the so-called globalization.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > First in April
>>> > and again in May, the cloud of volcanic ashes covered the
>>> > skies in an insidious manner, quickly reaching central and
>>> > southern Europe. Invisible and silent as it was, at least
>>> > from the ground, the cloud could only be (roughly) followed
>>> > through satellite images and its position at a certain
>>> > moment was always hard to determine with precision. So,
>>> > during those two short but intense periods, some of us were
>>> > transformed in amateur meteorologists and volcanologists,
>>> > looking desperately in sites such as the London’s Met
>>> > Office for information about a new monstrosity living
>>> > somewhere over our heads[3]. To a certain extent, we were
>>> > standing still whilst trying to follow such an invisible
>>> > (but huge) and ever-changing cloud, feeling uncomfortable
>>> > knowing that something unpredictable was moving fast causing
>>> > a temporary crash in the way we were dealing with geography,
>>> > time and space. Things that we somehow took for granted
>>> > suddenly disappeared: we were displaced without a single
>>> > move from the place we were standing in.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > There are
>>> > several ways to link the effects of this eruption to the
>>> > idea of displacement. One of them is precisely the feeling
>>> > of perceptive disarrangement caused by the observation of an
>>> > object that is moving while the observer is standing still
>>> > (or the other way around), something that everyone has
>>> > already experienced, for instance, looking up to the sky
>>> > covered in fast moving clouds. But with the cloud of ashes
>>> > caused by the Eyjafjallajökull the resulting displacement
>>> > was coming more from the secret unpredictability and
>>> > dimension of the phenomenon than from any bodily sensation.
>>> > In fact, this cloud of ashes was to connect very closely
>>> > those two figures of the unpredictable — the cloud and the
>>> > volcano — and their corresponding
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > sciences —
>>> > meteorology and volcanology —, and so bringing a new
>>> > certain uncertainty to our daily lives. In this way the
>>> > cloud of the Eyjafjallajökull is able to force an ideal
>>> > geography (both personal and collective) to collide with
>>> > reality, offering at the same time an impressive metaphor to
>>> > the dark times announced by the ongoing financial crisis.
>>> > There is a shared secret monstrosity linking the real but
>>> > invisible cloud of ashes to the metaphoric but quite real
>>> > dark cloud originated during the 2009 financial breakdown.
>>> > Both clouds were able to produce a feeling of impotence that
>>> > transforms our lives and our experience of time and space,
>>> > building, reshaping and even destroying our personal and
>>> > collective geographies.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Similarly to
>>> > the effects of the cloud of ashes, this financial crisis
>>> > caused things that we somehow took for granted to suddenly
>>> > vanish: we were displaced but forced to stay in our place.
>>> > This is not only a question of knowing, for instance, if
>>> > there is a chance for the politics of social welfare; this
>>> > is a question of knowing if this is not simply an excuse to
>>> > terminate any idea of political action. Neither politics nor
>>> > the economy have been able to move from reaction to action.
>>> > We are facing a simulacrum of consensus which announces the
>>> > end of politics and the rise of a new pragmatic approach to
>>> > the art of governing. The problem is that the economy — as
>>> > we have learned from the Eyjafjallajökull and the threat
>>> > posed by its bigger and more dangerous neighbour, the Katia
>>> > — is also a kind of Russian roulette: we never really know
>>> > when it is going to erupt again. More so, in one way or
>>> > another, it’s easier to talk to clouds and volcanoes than
>>> > to the markets or the technocracy of the economists. Clouds
>>> > and volcanoes are unpredictable, that is true, but at least
>>> > they are not trying to occupy every interstice of our lives.
>>> > They are ungovernable and that is the reason for their
>>> > threatening beauty.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Miguel
>>> > Leal
>>> > Porto, October
>>> > 2010.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > P.S. Reading
>>> > the text again I have just realized that I ended writing
>>> > about clouds, volcanoes and politics when I intended to
>>> > write about art and its figures of change and
>>> > transformation, something that turned my words into a truly
>>> > metonymy of displacement…
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > [1]
>>> > “L’Instance de la lettre dans l’inconscient ou la
>>> > raison depuis Freud” (1957).
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > [2] “It is
>>> > not the line that is between two points, but the point that
>>> > is at the intersection of several lines” (Deleuze,
>>> > Pourparleurs, 1990, p. 219).
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > [3] The Met
>>> > Office is the UK's National Weather Service. The Met
>>> > Office hosts the London Volcanic Ash Advisory Centre (VAAC)
>>> > and during this crisis updated every six hours forecasts
>>> > monitoring the volcanic ashes cloud <
>>> http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/vaacuk_vag.html>.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > __________________________________
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > On 12Apr2011, at 3:54 PM, Fernando José Pereira
>>> > wrote:
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Escrevi já há alguns anos um texto que se intitulava
>>> > "O elogio da infâmia", aí referia-me às
>>> > possibilidades políticas de tal acto. A infâmia, neste
>>> > mundo controlado e anestesiado é, de imediato, arredada
>>> > para territórios "impróprios" que nos querem
>>> > fazer querer exteriores aos limites do tolerável. Ora, como
>>> > facilmente poderão constatar, não abdicamos da discussão
>>> > e pensamos até, que a dissensão é a base de todo o
>>> > pensamento político democrático. Aquilo que não
>>> > tolerámos enquanto coordenadores de uma lista pública é a
>>> > sua distorção em lugar de disputas pessoais (aparentemente
>>> > próximas da ideia de antagonismo que defendemos mas, como a
>>> > realidade facilmente demonstra, distantes da eficácia
>>> > política e, logo social, da noção).
>>> >
>>> >
>>> > É por demais evidente que vivemos dias de excepcionalidade
>>> > política: querem-nos suprimir a possibilidade democrática
>>> > de discordar, querem-nos fazer querer, como muito bem
>>> > exemplificava o Miguel Leal na sua metáfora, que estamos
>>> > inevitavelmente entregues a uns especialistas que nos vão
>>> > tratar da saúde...
>>> >
>>> >
>>> > Ora, o que neste momento importa pensar é a nossa
>>> > condição de artistas, de cidadãos interessados,
>>> > envolvidos que estamos nesta teia espiralada de que temos
>>> > dificuldade em nos libertar. A ideia inicial, quando
>>> > coloquei nesta lista uma imagem de um mural próximo do
>>> > aeroporto de Reikjavik, era tentar encontrar, neste espaço
>>> > de diálogo, ideias para a nossa autodefesa, ideias que
>>> > pudessem ser partilhadas e, se possível, aprofundadas pelos
>>> > mecanismos de discussão que temos ao nosso dispor. É
>>> > evidente que não é inocente a sua escolha. É verdade que
>>> > a politização das nossas discussões é mais necessária
>>> > que nunca. Agora uma coisa é certa, nunca nos quisemos
>>> > distanciar da nossa condição, não temos soluções
>>> > milagrosas, nem queremos. Aquilo que nos preocupa é olhar
>>> > em redor e verificar que a anestesia se torna cada vez mais
>>> > visível e que nos enredamos em discussões estéreis ou
>>> > superficiais ou mesmo corporativas. Não por acaso os picos
>>> > de participação desta lista estão inevitavelmente ligados
>>> > a processos deste género. A minha sugestão enquanto
>>> > coordenador desta lista vai no sentido de apelar à
>>> > colaboração de todos na discussão aberta dos nosso
>>> > problemas e que se evitem, de uma vez por todas, as
>>> > aproximações ao que de pior têm este tipo de espaços
>>> > (estou a lembrar-me, não por acaso, dos espaços de
>>> > comentário que existem nos jornais on-line onde as
>>> > respectivas direcções sentiram necessidade de
>>> > controlar).
>>> >
>>> >
>>> > A escolha da Islândia para dar início a uma
>>> > discussão é sintomática daquilo que se está a passar cá
>>> > e lá: por cá dizem-nos que quase nem sequer vale a pena
>>> > votar pois tudo será decidido a outro nível; por lá
>>> > vota-se livremente e pensa-se livremente assumindo por
>>> > inteiro as responsabilidades de tais actos. Só podem ter a
>>> > minha maior admiração.
>>> >
>>> >
>>> > Os artistas Islandeses estão, também eles,
>>> > envolvidos neste processo. Juntemos à foto do mural esta
>>> > outra iniciativa levada a cabo por artistas, com a
>>> > colaboração do Reykjavik City Theatre: a leitura
>>> > ininterrupta, por todos aqueles que trabalham naquela
>>> > instituição, das milhares de páginas do relatório sobre
>>> > a bancarrota do país, entretanto publicado. A acção
>>> > decorreu com as portas do teatro abertas 24 horas e
>>> > transformou aquele espaço cultural no centro mediático da
>>> > discussão em torno de um documento que, à partida, é
>>> > feito por especialistas e para ser entendido apenas por
>>> > especialistas. Foi uma acção maravilhosa.
>>> >
>>> >
>>> > A Islândia é, neste momento, território infame para
>>> > os experts de que fala a Laurie Anderson. Ainda bem
>>> > para eles. E nós por cá...?
>>> > NOTA: aqui têm o texto completo para que não
>>> > restem dúvidas sobre o que afirmo.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > Fernando José Pereira
>>> >
>>> >
>>> > O elogio da
>>> > infâmia
>>> >
>>> >
>>> > A infâmia é um lugar
>>> > fronteiriço, um significado vazio que corporiza, como tal,
>>> > a existência de duas
>>> > entidades separadas e preenchidas de significações
>>> > opostas. Assim, a
>>> > localização territorial da infâmia fornece-lhe a
>>> > possibilidade impar de
>>> > protagonizar o antagonismo. A actual preocupação liberal
>>> > de procura desvairada
>>> > de consensos situa a infâmia como lugar de resistência
>>> > que, desta forma,
>>> > curiosamente se vê transformada em partícula essencial da
>>> > vida democrática.A territorialidade infame afirma
>>> > radicalmente a dissensão. É neste lugar que devemos
>>> > concentrar a nossa atenção
>>> > e não nas suas confluências limítrofes. A
>>> > categorização, sempre subjectiva, dos
>>> > conteúdos por estas introduzidos e utilizados
>>> > apresenta-se, assim, como
>>> > profundamente secundarizada relativamente ao imenso poder
>>> > do lugar infame.
>>> > Acima de tudo, porque este se apresenta, sempre, como
>>> > amoral, longe da lógica
>>> > unívoca da razoabilidade moralista ou, então, da sua
>>> > oposição polar imoral,
>>> > afinal faces da mesma moeda.Algumas tradições transmontanas
>>> > de comemoração do carnaval, em que populares de aldeias
>>> > vizinhas se opõem
>>> > verbalmente, utilizando os mais variados e fortes insultos,
>>> > afirmam-se como uma
>>> > curiosa estruturação espacial. Este território
>>> > fronteiriço, formalizado pela frontalidade
>>> > simétrica de dois lugares altos, dois montes, separados
>>> > por um vale
>>> > apresenta-se como uma fortíssima metáfora da
>>> > democraticidade antagonista.
>>> > Afirma, no entanto, Slavoj Zizek que um dos problemas das
>>> > democracias liberais
>>> > contemporâneas é a transformação da ideia de
>>> > antagonismo em possibilidade
>>> > unicamente agonística, isto é, uma pacificação “bem
>>> > comportada” da anterior
>>> > noção de combate. É neste ambiente adormecido que surge
>>> > o potencial da infâmia
>>> > porque, por isso mesmo, a sua conotação negativa lhe
>>> > permite um posicionamento
>>> > radical. Debaixo do fogo “politicamente correcto”, o
>>> > território infame afirma
>>> > uma vitalidade e um protagonismo que lhe é oferecido em
>>> > nome próprio. O
>>> > alastramento PC a todas as esferas da vida, a arte
>>> > incluída, determina, então, uma
>>> > espécie de nova transparência[1] consensual em que tudo se encontra
>>> dentro
>>> > dos “limites”
>>> > deixando, naturalmente, de fora a nomeação “exterior”
>>> > da infâmia.As razões são sempre as mais
>>> > importantes, as mais próprias, as mais razoáveis e,
>>> > apesar disso, apetece
>>> > sempre estar como reduplicatio, isto
>>> > é, numa posição que nunca se ajusta verdadeiramente ao
>>> > seu lugar. Na
>>> > contemporaneidade light e liberal
>>> > este é o território da
>>> > infâmia.Como afirma Alain Badiou na tese
>>> > 14 das suas “quinze teses sobre arte
>>> > contemporânea”:“Posto que se encontra seguro da
>>> > sua capacidade para controlar todo o campo do visível e do
>>> > audível através das
>>> > leis que governam a circulação comercial e a
>>> > comunicação democrática, o Império
>>> > já não censura nada. Toda a arte e todo o pensamento
>>> > estarão perdidos se
>>> > aceitarmos essa permissão para consumir, para comunicar e
>>> > para desfrutar.
>>> > Deveríamos, por isso, convertemo-nos em cruéis censores
>>> > de nós próprios.”[2]
>>> >
>>> >
>>> > A arte é um lugar
>>> > infame.
>>> >
>>> >
>>> > * A etimologia da palavra
>>> > é latina e decompõe-se
>>> > da seguinte forma: in=non; fama (v.q.
>>> > voce). Esta má fama inicial, que era importantíssima nas
>>> > leis romanas, foi
>>> > alargando a sua carga de significação até aos nossos
>>> > dias. Assim, no dicionário
>>> > português,  apresenta-se como s.f. e com as seguintes
>>> > significados: má
>>> > fama; acto ou dito infame; perda de boa fama; labéu
>>> > imposto por lei ou pela
>>> > opinião pública; descrédito; ignomínia; desonra;
>>> > calúnia, difamação; injúria;
>>> > indignidade; vitupério;
>>> > opróbrio.
>>> >
>>> >
>>> > Fernando José Pereira
>>> > Outubro 2006
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > [1]
>>> > Não
>>> > devemos, contudo, esquecer que, como afirma Juan Luís
>>> > Moraza, nada é mais invisível que a evidência, pois esta
>>> > funciona como um
>>> > marcador contextual que desvia o olhar daquilo que se
>>> > supõe dever permanecer
>>> > oculto.
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > [2]
>>> > Tradução minha
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > _______________________________________________
>>> > ARENA mailing list
>>> > ARENA  lists.virose.pt
>>> > http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > _______________________________________________
>>> >
>>> > ARENA mailing list
>>> >
>>> > ARENA  lists.virose.pt
>>> >
>>> > http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > --
>>> > Dinis Santos
>>> > ====================
>>> > 96 738 52 32
>>> > dinismanueld  gmail.com
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > _______________________________________________
>>> >
>>> > ARENA mailing list
>>> >
>>> > ARENA  lists.virose.pt
>>> >
>>> > http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> >
>>> > --
>>> > ✖
>>> > Virgínia
>>> > Valente
>>> > ✖
>>> >
>>> >
>>> > ➜ http://not-wolf.com/
>>> > ☎ +351 96 463 30 71
>>> >
>>> >
>>> > -----Adjunto en línea a continuación-----
>>> >
>>> > _______________________________________________
>>> > ARENA mailing list
>>> > ARENA  lists.virose.pt
>>> > http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>> >
>>>
>>> _______________________________________________
>>> ARENA mailing list
>>> ARENA  lists.virose.pt
>>> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>>
>>
>>
>> _______________________________________________
>> ARENA mailing list
>> ARENA  lists.virose.pt
>> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>>
>>
>
>
> --
> *Pedro dos Reis
>
> *
>
> _______________________________________________
> ARENA mailing list
> ARENA  lists.virose.pt
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
>
>
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://lists.virose.pt/pipermail/arena_lists.virose.pt/attachments/20110414/2e96d4b3/attachment-0001.html>


Mais informações acerca da lista ARENA