[ARENA] E nós por lá...?

X. Lois Gutiérrez unruidosecreto yahoo.es
Quinta-Feira, 14 de Abril de 2011 - 13:29:02 WEST


Cá na Espanha tentamos outra soluçâo: nâo votem. Acción directa, compromiso, luta, asamblearismo, creaçâo, antiparlamentarismo. Sâo palavras que aínda servem, nâo significam qualquer coisa. 

saúde e força.

X. Lois Gutiérrez 




--- El jue, 14/4/11, Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com> escribió:

> De: Virgínia <virginia.not.wolf  gmail.com>
> Asunto: Re: [ARENA] E nós por lá...?
> Para: "arte ‹ teoria ‹ prática" <arena  lists.virose.pt>
> Fecha: jueves, 14 de abril, 2011 09:02
> Em relac,äo ao voto em branco e aos
> "partidos da esperanc,a":
> 
> Suponho que se esteja a falar da extrema esquerda e
> direita que, por forc,a da existência, säo coniventes com
> a manutenc,äo do estado das coisas e tiveram as mesmas
> oportunidades legislativas - sem entrar em detalhes de
> financiamento e outros que tais - que qualquer outro grupo
> partidàrio. 
> 
> Todos os programas polìticos säo naturalmente bons nas
> suas propostas concretas e distintas. Mas sim, a
> putrefacc,äo é também uma forma de vida. 
> Se se advoga o momento de mudanc,a està mais que na hora
> de demitir a configurac,äo actual. 
> 
> A querida Islândia näo elegeu representantes dos vàrios
> quadrantes sociais ao invés de repor assentos nas mesas de
> casamento? Talvez isso se confunda com uma polìtica de
> esquerda, da que fica mais para leste.
> 
> Que as agências de rating säo especuladoras e que o
> dinheiro, em boa verdade, näo existe deveria ser um
> exercìcio de reflexäo simbòlica por parte de todos para
> fazer face à impotência e ao estigma de cauda da Europa,
> infalivelmente destinados ao caos e ao falhanc,o. Por ora,
> estamos no lugar que merecemos. Näo hà ainda capacidade
> popular e demòfila para impor a expressäo do voto que, ao
> que parece, foi socialista durante este 6 anos de terapia de
> mercados. Neste momento, näo me ocorre nenhum governo que
> se reja pelo seu povo ainda que o contràrio seja
> invariavelmente factual. 
> 
> Talvez manifestac,öes apartidàrias como a de 12 de
> Abril ajudem a ilustrar o que tenho dito. Serà que ter sido
> um dos maiores movimentos contestatàrios populares dos
> ùltimos tempos näo tem que ver com a ausência de
> politiquice standard(?). Acredito em contestac,äo sem a
> colherada do PCP ou Bloco que, por hàbito säo oposic,äo
> ao governo e "mercados". Säo partidos que
> nasceram para se oporem e, por muito sinistra que
> seja a minha inclinac,äo polìtica, acho que deixei para
> tràs o enquadramento formal do exercìcio da cidadania.
> 
> Por isto e pelo desencanto, creio que o Partido Em Branco
> seja maior afirmac,äo. Sem candidatos, sem nomes, sem cor,
> sem carismàticos trapac,eiros. Um partido composto à
> posteriori com portfolios e CV's como é exigido a
> qualquer profissional. E, sobretudo, elementos concentrados
> no interesse da soberania portuguesa para além do atletismo
> do poder.
> 
> 
> E agora tenho de voltar ao trabalho. Näo se pode suspender
> a economia do lar.
> Vou fazer madeira falsa, a partir da Suic,a, para imprimir
> em Taiwan. Depois, o pvc vai para Portugal, colado sobre a
> cortic,a e distribuido para todo o mundo como um produto
> ecològico. Um êxito, asseguro-vos.
> 
> (talvez me devesse despedir)
> 
> Bom dia.
> 
> 2011/4/13 Dinis
> Santos <dinismanueld  gmail.com>
> 
> Sobre a ameaça dos mercados que ganharam características
> humanas nos últimos tempos como ("os mercados estão
> nervosos, ou desconfiados"...) e sobre a tecnocracia
> financeira: 
> 
> "PORTUGAL’S plea for help with its debts from the
> International Monetary
> Fund and the European Union last week should be a warning
> to
> democracies everywhere."
> 
> (perdoem-me não tenho a certeza se toco ou não toco o
> campo da arte...)
> 
> http://www.nytimes.com/2011/04/13/opinion/13fishman.html?_r=1
> 
> 
> 
> 
> 
> (sobre eleições e votos em branco...ainda há partidos,
> com respostas concretas e distintas relativas aos assuntos
> graves da última década, aos quais não foi dada a
> oportunidade de ter mais expressão parlamentar...)
> 
> 
> 
> 
> Dinis Santos
> 
> 
> 
> 2011/4/12 miguel leal
> <ml  virose.pt>
> 
> 
> 
> 
> Olá uma vez mais,
> Continuando a recentrar o debate na questão que
> o FJP levantou com a imagem dos seus 'amigos
> isladeses', lembrei-me de um texto que escrevi há uns
> meses sobre vulcões (islandeses), nuvens, ecomomia e
> política, e que parece vir mesmo a calhar. O texto foi
> escrito para a publicação 'State of Motion',
> editada pelo Colectivo Piso (Berlim, 2011). <http://piso-collective.blogspot.com/p/publications.html>
> 
> 
> 
> abs
> ml
> 
> _________________________________________________A metonymy of displacement:
> Clouds and volcanoes
> 
> 
> _________________________________________________
> 
> 
> 
> 
> We know from
> physics that every displacement is relative. It seems there
> is no such thing as displacement without a point of origin,
> without a point from where to measure both the direction and
> the distance of a certain movement from one place to the
> other. In those terms displacement can only be defined as a
> relative condition: the actual position (B) being relative
> to an initial position (A). To be out of place is to be
> displaced. We obtain the figures of our displacement by
> measuring the difference between A and B, a difference that
> implies not only space but also time. The sense of
> displacement depends on this relation between A and B, there
> and here, then and now. However, we also know things can be
> much more complicated. For instance, the kind of measurement
> we were just describing usually uses as reference a straight
> line going from A to B from which it is impossible to draw
> the real path taken during the displacement from one point
> to the other. Displacement is always an awkward situation
> based on strange connections between time and space.
> Displacement is not (only) a matter of measurements. Imagine
> A and B are not only two but a multiplicity of points,
> imagine then is now and now is then, imagine there is here
> and here is there, imagine everything is out of place. How
> to define displacement from such a complicated placement of
> things? Retaining the basic idea that every displacement is
> relative, we will try to step a little further into
> this.
> 
> 
> 
> 
> Shifting
> quickly to psychoanalysis, the terrain of a very complex
> notion of time and space, we will discover other useful
> notions to think about this topic. In fact, Freud, haunted
> by his former education as a neurologist, always felt
> tempted to explain the functioning of the unconscious
> through topographic models. Early in his work we find the
> very notion of displacement (verschiebung) being used as a
> key concept to describe certain unconscious processes of the
> psyche. Although the notion of displacement was approached
> differently throughout his vast work, Freud always kept it
> as a way to explain the reattachment (by a repressive
> displacement) of something to something else: B in the place
> of A; A transposed to B. But the interesting (and
> complicated) part of this process is that this Freudian
> displacement — relative as any other displacement —
> implies a forgotten origin. We are displaced without any
> notion of displacement. And, in the end, reenacting it all,
> we discover that B is not B and it’s not A; A is not A and
> is not B. During this process A and B are transformed into
> something else. There is no return to any ideal point of
> origin. Furthermore, looking back critically at Freud and
> psychoanalysis, we realize there is no point of origin at
> all: A transforms B and B transforms A; this process is pure
> transformation and we never really get the answers we
> expect. Years later Lacan[1], opening the book of
> linguistics to explain a former topological problem,
> compared displacement to metonymy, the figure of speech in
> which a thing or concept is not called by its own name.
> Actually, with the notion of displacement proposed by
> psychoanalysis we enter a completely different terrain, less
> topographic and extensive and more complex and intensive, a
> terrain where everything is out of place and where words
> speak different languages, a terrain where there are no
> points (A, B or even C) but only intensive connections
> between them. Following this, and knowing already how A and
> B are not what they seem to be, we also realize there is no
> such thing as a line between A and B, but only points
> precariously situated at the intersection of several
> lines[2]. Every displacement is in fact relative but is also
> intensive, complex and sometimes contradictory.
> 
> 
> 
> 
> **
> 
> Early this year
> an Icelandic volcano with an unpronounceable name —
> Eyjafjallajökull — woke furiously from a long period of
> rest. Overwhelmed by it, but feeling safe monitoring the
> event at distance, we were far from imagining the real
> effects of this eruption in our lives. In fact, a huge cloud
> of ashes extended its long tail over Europe, creating chaos
> in the skies. Flights cancelled and airports closed, Europe
> rediscovered its geography and experienced something
> different about the idea of displacement and the effects of
> the so-called globalization.
> 
> 
> 
> 
> First in April
> and again in May, the cloud of volcanic ashes covered the
> skies in an insidious manner, quickly reaching central and
> southern Europe. Invisible and silent as it was, at least
> from the ground, the cloud could only be (roughly) followed
> through satellite images and its position at a certain
> moment was always hard to determine with precision. So,
> during those two short but intense periods, some of us were
> transformed in amateur meteorologists and volcanologists,
> looking desperately in sites such as the London’s Met
> Office for information about a new monstrosity living
> somewhere over our heads[3]. To a certain extent, we were
> standing still whilst trying to follow such an invisible
> (but huge) and ever-changing cloud, feeling uncomfortable
> knowing that something unpredictable was moving fast causing
> a temporary crash in the way we were dealing with geography,
> time and space. Things that we somehow took for granted
> suddenly disappeared: we were displaced without a single
> move from the place we were standing in.
> 
> 
> 
> 
> There are
> several ways to link the effects of this eruption to the
> idea of displacement. One of them is precisely the feeling
> of perceptive disarrangement caused by the observation of an
> object that is moving while the observer is standing still
> (or the other way around), something that everyone has
> already experienced, for instance, looking up to the sky
> covered in fast moving clouds. But with the cloud of ashes
> caused by the Eyjafjallajökull the resulting displacement
> was coming more from the secret unpredictability and
> dimension of the phenomenon than from any bodily sensation.
> In fact, this cloud of ashes was to connect very closely
> those two figures of the unpredictable — the cloud and the
> volcano — and their corresponding
> 
> 
> 
> 
> sciences —
> meteorology and volcanology —, and so bringing a new
> certain uncertainty to our daily lives. In this way the
> cloud of the Eyjafjallajökull is able to force an ideal
> geography (both personal and collective) to collide with
> reality, offering at the same time an impressive metaphor to
> the dark times announced by the ongoing financial crisis.
> There is a shared secret monstrosity linking the real but
> invisible cloud of ashes to the metaphoric but quite real
> dark cloud originated during the 2009 financial breakdown.
> Both clouds were able to produce a feeling of impotence that
> transforms our lives and our experience of time and space,
> building, reshaping and even destroying our personal and
> collective geographies.
> 
> 
> 
> 
> Similarly to
> the effects of the cloud of ashes, this financial crisis
> caused things that we somehow took for granted to suddenly
> vanish: we were displaced but forced to stay in our place.
> This is not only a question of knowing, for instance, if
> there is a chance for the politics of social welfare; this
> is a question of knowing if this is not simply an excuse to
> terminate any idea of political action. Neither politics nor
> the economy have been able to move from reaction to action.
> We are facing a simulacrum of consensus which announces the
> end of politics and the rise of a new pragmatic approach to
> the art of governing. The problem is that the economy — as
> we have learned from the Eyjafjallajökull and the threat
> posed by its bigger and more dangerous neighbour, the Katia
> — is also a kind of Russian roulette: we never really know
> when it is going to erupt again. More so, in one way or
> another, it’s easier to talk to clouds and volcanoes than
> to the markets or the technocracy of the economists. Clouds
> and volcanoes are unpredictable, that is true, but at least
> they are not trying to occupy every interstice of our lives.
> They are ungovernable and that is the reason for their
> threatening beauty.
> 
> 
> 
> 
> Miguel
> Leal
> Porto, October
> 2010.
> 
> 
> 
> 
> P.S. Reading
> the text again I have just realized that I ended writing
> about clouds, volcanoes and politics when I intended to
> write about art and its figures of change and
> transformation, something that turned my words into a truly
> metonymy of displacement…
> 
> 
> 
> 
> 
> [1]
> “L’Instance de la lettre dans l’inconscient ou la
> raison depuis Freud” (1957).
> 
> 
> 
> 
> [2] “It is
> not the line that is between two points, but the point that
> is at the intersection of several lines” (Deleuze,
> Pourparleurs, 1990, p. 219).
> 
> 
> 
> 
> [3] The Met
> Office is the UK's National Weather Service. The Met
> Office hosts the London Volcanic Ash Advisory Centre (VAAC)
> and during this crisis updated every six hours forecasts
> monitoring the volcanic ashes cloud <http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/vaacuk_vag.html>.
> 
> 
> 
> 
> __________________________________
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> On 12Apr2011, at 3:54 PM, Fernando José Pereira
> wrote:
> 
> 
> 
> Escrevi já há alguns anos um texto que se intitulava
> "O elogio da infâmia", aí referia-me às
> possibilidades políticas de tal acto. A infâmia, neste
> mundo controlado e anestesiado é, de imediato, arredada
> para territórios "impróprios" que nos querem
> fazer querer exteriores aos limites do tolerável. Ora, como
> facilmente poderão constatar, não abdicamos da discussão
> e pensamos até, que a dissensão é a base de todo o
> pensamento político democrático. Aquilo que não
> tolerámos enquanto coordenadores de uma lista pública é a
> sua distorção em lugar de disputas pessoais (aparentemente
> próximas da ideia de antagonismo que defendemos mas, como a
> realidade facilmente demonstra, distantes da eficácia
> política e, logo social, da noção).
> 
> 
> É por demais evidente que vivemos dias de excepcionalidade
> política: querem-nos suprimir a possibilidade democrática
> de discordar, querem-nos fazer querer, como muito bem
> exemplificava o Miguel Leal na sua metáfora, que estamos
> inevitavelmente entregues a uns especialistas que nos vão
> tratar da saúde...
> 
> 
> Ora, o que neste momento importa pensar é a nossa
> condição de artistas, de cidadãos interessados,
> envolvidos que estamos nesta teia espiralada de que temos
> dificuldade em nos libertar. A ideia inicial, quando
> coloquei nesta lista uma imagem de um mural próximo do
> aeroporto de Reikjavik, era tentar encontrar, neste espaço
> de diálogo, ideias para a nossa autodefesa, ideias que
> pudessem ser partilhadas e, se possível, aprofundadas pelos
> mecanismos de discussão que temos ao nosso dispor. É
> evidente que não é inocente a sua escolha. É verdade que
> a politização das nossas discussões é mais necessária
> que nunca. Agora uma coisa é certa, nunca nos quisemos
> distanciar da nossa condição, não temos soluções
> milagrosas, nem queremos. Aquilo que nos preocupa é olhar
> em redor e verificar que a anestesia se torna cada vez mais
> visível e que nos enredamos em discussões estéreis ou
> superficiais ou mesmo corporativas. Não por acaso os picos
> de participação desta lista estão inevitavelmente ligados
> a processos deste género. A minha sugestão enquanto
> coordenador desta lista vai no sentido de apelar à
> colaboração de todos na discussão aberta dos nosso
> problemas e que se evitem, de uma vez por todas, as
> aproximações ao que de pior têm este tipo de espaços
> (estou a lembrar-me, não por acaso, dos espaços de
> comentário que existem nos jornais on-line onde as
> respectivas direcções sentiram necessidade de
> controlar).
> 
> 
> A escolha da Islândia para dar início a uma
> discussão é sintomática daquilo que se está a passar cá
> e lá: por cá dizem-nos que quase nem sequer vale a pena
> votar pois tudo será decidido a outro nível; por lá
> vota-se livremente e pensa-se livremente assumindo por
> inteiro as responsabilidades de tais actos. Só podem ter a
> minha maior admiração.
> 
> 
> Os artistas Islandeses estão, também eles,
> envolvidos neste processo. Juntemos à foto do mural esta
> outra iniciativa levada a cabo por artistas, com a
> colaboração do Reykjavik City Theatre: a leitura
> ininterrupta, por todos aqueles que trabalham naquela
> instituição, das milhares de páginas do relatório sobre
> a bancarrota do país, entretanto publicado. A acção
> decorreu com as portas do teatro abertas 24 horas e
> transformou aquele espaço cultural no centro mediático da
> discussão em torno de um documento que, à partida, é
> feito por especialistas e para ser entendido apenas por
> especialistas. Foi uma acção maravilhosa.
> 
> 
> A Islândia é, neste momento, território infame para
> os experts de que fala a Laurie Anderson. Ainda bem
> para eles. E nós por cá...?
> NOTA: aqui têm o texto completo para que não
> restem dúvidas sobre o que afirmo.
> 
> 
> 
> Fernando José Pereira
> 
> 
> O elogio da
> infâmia
> 
> 
> A infâmia é um lugar
> fronteiriço, um significado vazio que corporiza, como tal,
> a existência de duas
> entidades separadas e preenchidas de significações
> opostas. Assim, a
> localização territorial da infâmia fornece-lhe a
> possibilidade impar de
> protagonizar o antagonismo. A actual preocupação liberal
> de procura desvairada
> de consensos situa a infâmia como lugar de resistência
> que, desta forma,
> curiosamente se vê transformada em partícula essencial da
> vida democrática.A territorialidade infame afirma
> radicalmente a dissensão. É neste lugar que devemos
> concentrar a nossa atenção
> e não nas suas confluências limítrofes. A
> categorização, sempre subjectiva, dos
> conteúdos por estas introduzidos e utilizados
> apresenta-se, assim, como
> profundamente secundarizada relativamente ao imenso poder
> do lugar infame.
> Acima de tudo, porque este se apresenta, sempre, como
> amoral, longe da lógica
> unívoca da razoabilidade moralista ou, então, da sua
> oposição polar imoral,
> afinal faces da mesma moeda.Algumas tradições transmontanas
> de comemoração do carnaval, em que populares de aldeias
> vizinhas se opõem
> verbalmente, utilizando os mais variados e fortes insultos,
> afirmam-se como uma
> curiosa estruturação espacial. Este território
> fronteiriço, formalizado pela frontalidade
> simétrica de dois lugares altos, dois montes, separados
> por um vale
> apresenta-se como uma fortíssima metáfora da
> democraticidade antagonista.
> Afirma, no entanto, Slavoj Zizek que um dos problemas das
> democracias liberais
> contemporâneas é a transformação da ideia de
> antagonismo em possibilidade
> unicamente agonística, isto é, uma pacificação “bem
> comportada” da anterior
> noção de combate. É neste ambiente adormecido que surge
> o potencial da infâmia
> porque, por isso mesmo, a sua conotação negativa lhe
> permite um posicionamento
> radical. Debaixo do fogo “politicamente correcto”, o
> território infame afirma
> uma vitalidade e um protagonismo que lhe é oferecido em
> nome próprio. O
> alastramento PC a todas as esferas da vida, a arte
> incluída, determina, então, uma
> espécie de nova transparência[1] consensual em que tudo se encontra dentro
> dos “limites”
> deixando, naturalmente, de fora a nomeação “exterior”
> da infâmia.As razões são sempre as mais
> importantes, as mais próprias, as mais razoáveis e,
> apesar disso, apetece
> sempre estar como reduplicatio, isto
> é, numa posição que nunca se ajusta verdadeiramente ao
> seu lugar. Na
> contemporaneidade light e liberal
> este é o território da
> infâmia.Como afirma Alain Badiou na tese
> 14 das suas “quinze teses sobre arte
> contemporânea”:“Posto que se encontra seguro da
> sua capacidade para controlar todo o campo do visível e do
> audível através das
> leis que governam a circulação comercial e a
> comunicação democrática, o Império
> já não censura nada. Toda a arte e todo o pensamento
> estarão perdidos se
> aceitarmos essa permissão para consumir, para comunicar e
> para desfrutar.
> Deveríamos, por isso, convertemo-nos em cruéis censores
> de nós próprios.”[2]
> 
> 
> A arte é um lugar
> infame. 
> 
> 
> * A etimologia da palavra
> é latina e decompõe-se
> da seguinte forma: in=non; fama (v.q.
> voce). Esta má fama inicial, que era importantíssima nas
> leis romanas, foi
> alargando a sua carga de significação até aos nossos
> dias. Assim, no dicionário
> português,  apresenta-se como s.f. e com as seguintes
> significados: má
> fama; acto ou dito infame; perda de boa fama; labéu
> imposto por lei ou pela
> opinião pública; descrédito; ignomínia; desonra;
> calúnia, difamação; injúria;
> indignidade; vitupério;
> opróbrio. 
> 
> 
> Fernando José Pereira
> Outubro 2006
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> [1]
> Não
> devemos, contudo, esquecer que, como afirma Juan Luís
> Moraza, nada é mais invisível que a evidência, pois esta
> funciona como um
> marcador contextual que desvia o olhar daquilo que se
> supõe dever permanecer
> oculto.  
> 
> 
> 
> [2]
> Tradução minha
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> _______________________________________________
> ARENA mailing list
> ARENA  lists.virose.pt
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
> 
> 
> 
> 
> 
> _______________________________________________
> 
> ARENA mailing list
> 
> ARENA  lists.virose.pt
> 
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
> 
> 
> 
> 
> 
> -- 
> Dinis Santos
> ====================
> 96 738 52 32
> dinismanueld  gmail.com
> 
> 
> 
> _______________________________________________
> 
> ARENA mailing list
> 
> ARENA  lists.virose.pt
> 
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
> 
> 
> 
> 
> 
> -- 
> ✖ 
> Virgínia
> Valente 
>> 
> 
>http://not-wolf.com/
> ☎ +351 96 463 30 71
> 
> 
> -----Adjunto en línea a continuación-----
> 
> _______________________________________________
> ARENA mailing list
> ARENA  lists.virose.pt
> http://lists.virose.pt/mailman/listinfo/arena_lists.virose.pt
> 



Mais informações acerca da lista ARENA