[ARENA] Tão estúpidos que eles são!!!!

Dinis Santos dinismanueld gmail.com
Quarta-Feira, 22 de Dezembro de 2010 - 12:52:10 WET


Considerar uma obra do dan flavin ou outra obra de um desses sonantes "áreas
de actividade mais frágeis ou que precisam de ser indirectamente apoiadas"
assusta-me. Preferia que a aquisição de uma dessas obras fosse fortemente
taxada e que parte desse imposto servisse para apoiar as tais referidas
áreas.

"Better days will come" ;)

2010/12/22 miguel leal <ml  virose.pt>

> Caro Ricardo,
>
> As taxas de IVA têm pouco a ver com uma definição prévia daquilo que é mais
> ou menos essencial para a nossa sobrevivência, até porque se o argumento
> fosse esse ficávamos como o Thoreau no  meio do bosque: o amor, uma cabana e
> uma cana de pesca. As taxas fiscais ditas *reduzidas* servem tanto para não
> onerar bens considerados essenciais como para proteger áreas de actividade
> mais frágeis ou que precisam de ser indirectamente apoiadas. Estas decisões
> são sempre políticas e permitem-nos avaliar, como faz notar o título da
> mensagem que deu origem a esta discussão, o grau de estupidez dos nossos
> governantes.
> A esse propósito, lembro-me sempre da infeliz frase de um político
> português que disse, glosando Joseph Goebbles e a famosa tirada do produtor
> cínico em 'Le Mépris' de J. L. Godard: 'Sempre que ouço a palavra cultura
> puxo do livro de cheques'...
>
>
> 'Worst days will come'
>
>
> abs
>
>
> ml
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> On 22Dec2010, at 8:48 AM, Ricardo Reis wrote:
>
> > On Wed, 22 Dec 2010, xana.tv wrote:
> >
> >> A Arte é taxada a 5% na Comunidade Europeia ( IVA) porque é um bem
> cultural
> >> que precisa de ser protegido (como os livros), porque é essencial !...
> para
> >> nos mantermos seres racionais !!!
> >>
> >> Será que Ricardo Reis quer que os artistas não sejam profissionais... ou
> >> será que há na sua argumentação o preconceito  que arte não é
> CONHECIMENTO ?
> >> Como os outros criadores de saber os artistas produzem CONHECIMENTO que
> numa
> >> sociedade capitalista tem valor no mercado. E esse produto precisa de
> ser
> >> protegido e ser acessível à população em geral (por isso tem uma taxa
> mais
> >> baixa)  ... repito: porque é essencial para a nossa sobrevivência como
> seres
> >> racionais/criativos.
> >
> > A questão não é se a arte é necessária para "nos mantermos seres
> racionais" (algo aberto a discussão. O exercício da criatividade e
> manipulação de conceitos sim, isso convence-me.).
> >
> > E também não disse que a arte não é conhecimento. De facto existe um
> nível a partir do qual, para fruir da obra de arte, é preciso um grande
> lastro cutural e de conhecimento prévio, assim como a possesão de
> ferramentas de manipulação de conceitos algo sofisticadas. Idem para a sua
> criação, o mais das vezes não cria quem quer, mas sim quem pode.
> >
> > Dito isto... eu sei que esta lista acolhe artistas e muitos destes vivem
> devido à arte que fazem. Tal, por si só, cria um viés na abordagem ao
> problema.
> >
> > O que eu de facto disse é que existe arte suficiente no mundo para não
> requerer os tais 5%. E também vos digo (provem-me o contrário) que
> independentemente de 5,10,20 ou 50% haverá sempre quem crie e alimente a
> sociedade de arte. E também digo que colocar a arte no patamar da comida que
> tem de se pôr no prato, a nível de importância, é uma decisão de quem está
> para além das primeiras necessidades. Como eu disse, sem comer nem beber
> morre-se, é binário. Sem adquirir obras de arte continua-se a viver e,
> estranhamente, até se vive bem porque, como disse, há muita arte por aí.
> Vê-se que o exercício da criatividade humana é algo quasi-imparável.
> >
> > Consigo aceitar os tais 5% com outro tipos de justificação. Não porque a
> "arte" é um bem essencial (e depois, quem decide o que é "arte"? os senhores
> da alfândega?) mas sim porque a produção de obras de arte cada vez mais
> complexas, que de facto exigem um trabalho prévio árduo de manipulação de
> conhecimento, precisa de ser protegido certa forma ao não encontrar um
> ambiente a isso conducente no mundo exterior. No fundo, se não há uma falta
> genéria de "arte" haverá sim uma produção mais escassa de obras mais
> complexas que de facto são desejadas. Mas repare-se também que para usufruir
> dessas obras se exige, a maior parte das vezes, ao público uma cultura e
> conhecimentos prévios que não estão ao alcance de todos, mercê da sua
> experiẽncia de vida, percurso socio-económico. E portanto, desse lado, pode
> ser questionável a atribuição desse previlégio.
> >
> > Quase toda a gente pode apreciar um bife, masnem todos entendem ou se
> elevam com uma obra de arte contemporânea. Wonder why?
> >
> > Daí a minha asserção, 5% para as ferramentas (aquelas que possibilitam ao
> espírito elevar-se com a arte) e o normal para as obras de arte em si.
> Porque, veja-se também, se a minha capacidade de apreender e apreciar
> aumenta, o valor que eu dou às obras de arte também aumenta e as
> "facilidades" dos tais 5% diluem-se e deixam de ser necessárias.
> >
> > cmps,
> >
> > Ricardo Reis
> >
> > 'Non Serviam'
> >
> > PhD candidate @ Lasef
> > Computational Fluid Dynamics, High Performance Computing, Turbulence
> > http://www.lasef.ist.utl.pt
> >
> > Cultural Instigator @ Rádio Zero
> > http://www.radiozero.pt
> >
> > http://www.flickr.com/photos/rreis/
> >
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