[ARENA] Tão estúpidos que eles são!!!!

Ricardo Reis rreis aero.ist.utl.pt
Quarta-Feira, 22 de Dezembro de 2010 - 08:48:00 WET


On Wed, 22 Dec 2010, xana.tv wrote:

> A Arte é taxada a 5% na Comunidade Europeia ( IVA) porque é um bem cultural
> que precisa de ser protegido (como os livros), porque é essencial !... para
> nos mantermos seres racionais !!!
>
> Será que Ricardo Reis quer que os artistas não sejam profissionais... ou
> será que há na sua argumentação o preconceito  que arte não é CONHECIMENTO ?
> Como os outros criadores de saber os artistas produzem CONHECIMENTO que numa
> sociedade capitalista tem valor no mercado. E esse produto precisa de ser
> protegido e ser acessível à população em geral (por isso tem uma taxa mais
> baixa)  ... repito: porque é essencial para a nossa sobrevivência como seres
> racionais/criativos.

A questão não é se a arte é necessária para "nos mantermos seres 
racionais" (algo aberto a discussão. O exercício da criatividade e 
manipulação de conceitos sim, isso convence-me.).

E também não disse que a arte não é conhecimento. De facto existe um nível 
a partir do qual, para fruir da obra de arte, é preciso um grande lastro 
cutural e de conhecimento prévio, assim como a possesão de ferramentas de 
manipulação de conceitos algo sofisticadas. Idem para a sua criação, o 
mais das vezes não cria quem quer, mas sim quem pode.

Dito isto... eu sei que esta lista acolhe artistas e muitos destes vivem 
devido à arte que fazem. Tal, por si só, cria um viés na abordagem ao 
problema.

O que eu de facto disse é que existe arte suficiente no mundo para não 
requerer os tais 5%. E também vos digo (provem-me o contrário) que 
independentemente de 5,10,20 ou 50% haverá sempre quem crie e alimente a 
sociedade de arte. E também digo que colocar a arte no patamar da comida 
que tem de se pôr no prato, a nível de importância, é uma decisão de quem 
está para além das primeiras necessidades. Como eu disse, sem comer nem 
beber morre-se, é binário. Sem adquirir obras de arte continua-se a viver 
e, estranhamente, até se vive bem porque, como disse, há muita arte por 
aí. Vê-se que o exercício da criatividade humana é algo quasi-imparável.

Consigo aceitar os tais 5% com outro tipos de justificação. Não porque a 
"arte" é um bem essencial (e depois, quem decide o que é "arte"? os 
senhores da alfândega?) mas sim porque a produção de obras de arte cada 
vez mais complexas, que de facto exigem um trabalho prévio árduo de 
manipulação de conhecimento, precisa de ser protegido certa forma ao não 
encontrar um ambiente a isso conducente no mundo exterior. No fundo, se 
não há uma falta genéria de "arte" haverá sim uma produção mais escassa de 
obras mais complexas que de facto são desejadas. Mas repare-se também que 
para usufruir dessas obras se exige, a maior parte das vezes, ao público 
uma cultura e conhecimentos prévios que não estão ao alcance de todos, 
mercê da sua experiẽncia de vida, percurso socio-económico. E portanto, 
desse lado, pode ser questionável a atribuição desse previlégio.

Quase toda a gente pode apreciar um bife, masnem todos entendem ou se 
elevam com uma obra de arte contemporânea. Wonder why?

Daí a minha asserção, 5% para as ferramentas (aquelas que possibilitam ao 
espírito elevar-se com a arte) e o normal para as obras de arte em si. 
Porque, veja-se também, se a minha capacidade de apreender e apreciar 
aumenta, o valor que eu dou às obras de arte também aumenta e as 
"facilidades" dos tais 5% diluem-se e deixam de ser necessárias.

  cmps,

  Ricardo Reis

  'Non Serviam'

  PhD candidate @ Lasef
  Computational Fluid Dynamics, High Performance Computing, Turbulence
  http://www.lasef.ist.utl.pt

  Cultural Instigator @ Rádio Zero
  http://www.radiozero.pt

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