[ARENA] a importância da transparência

João Martins joaomartins mac.com
Sexta-Feira, 20 de Novembro de 2009 - 16:16:57 WET


Uma das coisas que se discute, neste caso, é a raiz da(s) Face(s) Oculta(s)
parcialmente responsáveis pelo estado actual do país.
Casos deste tipo são prática comum no Estado Central, no Poder Local, nas
Universidades, nas Fundações, nas Grandes, Pequenas e Médias Empresas... e
passam-se na adjudicação de serviços de Design, como em todas as outras
áreas possíveis e imaginárias. A notoriedade dos envolvidos e a sua
respeitabilidade pública e corporativa varia, mas, em regra, os maiores
beneficiários deste "sistema" são portadores de reputações e currículos
inatacáveis e, regra geral, terão cumprido todos os requisitos legais e,
como Pina Moura tão bem sintetizou, em representação de muitas elites
portuguesas, "a minha ética é a lei". Como quem faz a lei, participa deste
carrossel, estamos conversados.

Dito isto, o que é que cada um de nós, cada pessoa-cidadão, pode fazer?
Podíamos começar por fazer um compromisso de recusarmos participar directa
ou indirectamente neste grande esquema. Mas quantos dos presentes neste
fórum, ligados a Universidades, Fundações ou Institutos, beneficiários ou
candidatos a financiamentos da mais variada natureza e escala, assalariados
em organizações privadas e/ou públicas, pode garantir que a radical
manutenção do seu estado pessoal impoluto é compatível com a sobrevivência?
Podíamos começar por fazer um compromisso de expôr os casos que nos pareçam
mais escandalosos e lutar para que, independentemente da correcção
técnico-jurídica destes grandes negócios, seja possível abalar pública e
corporativamente os seus mais destacados protagonistas. Mas quantos dos
presentes neste fórum teriam a coragem de lançar acusações públicas e/ou,
dentro das suas classes profissionais, tomar medidas concretas para
assinalar estes comportamentos como deontologicamente graves e defender o
seu ponto de vista até às últimas consequências, ignorando os avisos de
"perigo iminente" associados a qualquer tentativa de atacar a reputação dos
membros mais visíveis de cada classe, sob pena de lançar uma nódoa indelével
sobre toda a classe e, assim, sobre si próprio?
Podíamos talvez começar, simplesmente, por reconhecer que esta teia pegajosa
de comportamentos mais do que inconfessáveis, inconfessados, nos envolve a
todos, culturalmente falando e fazer simplesmente o compromisso de educar os
nossos filhos e, para os mais audazes, os nossos familiares, os nossos
vizinhos, as nossas comunidades...

Compreender a natureza profundamente política de tudo isto e a necessidade
duma revolução/reforma que, hélas, depende da intervenção política de todos
é menos imediato e libertador do que soltar umas atoardas sobre fulano,
sicrano ou beltrano. Mas, a longo prazo, creio, é bastante mais eficaz.

Claro que as atoardas são sempre bem-vindas para animar os espíritos e
descomprimir, mas a acção consequente é um dos valores mais sub-estimados
neste nosso cantinho à beira-mar plantado.

Cumprimentos,

João Martins


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