[ARENA] DEIJEN AO CÂO: WELCOME TO THE REAL

[Nuno Coelho]

Olá a todos/as,

Apesar do assunto do cão ter gerado a maior onda de mensagens na Arena de
que tenho memória, decidi não intervir até ao momento em que a discussão
tomou um caminho claramente mais interessante a partir do momento em que
X. Lois Gutiérrez publicou uma mensagem esta semana, mensagem esta que
subscrevo.

Não querendo discutir a dimensão ética do artista Guillermo Vargas Habacuc
(ou a falta dela), a verdade é que, ao investirmos tanto tempo a discutir
aquilo que poderei considerar como um "mal menor", estaremos a desviar a
nossa atenção de assuntos realmente mais dramáticos. Talvez a
participação, ou não, do referido artista na Bienal Centroamericana de
Arte, seja um tema fabricado com a qual a vida artística poderá andar
obcecada e que apenas nos distrai daquilo que é realmente importante.

A minha questão fundamentalmente é a seguinte: entre discutir Direitos
Humanos e direitos dos animais, eu sei bem em qual deles prefiro gastar o
meu tempo. Obviamente a situação ideal seria ter tempo para discutir os
dois assuntos, mas para mim, um será sempre tremendamente mais importante
que o outro.

A título ilustrativo, lembro-me de ver "Super Size Me" de Morgan Spurlock,
documentário sobre a indústria alimentar norte-americana, onde o próprio
Spurlock se submete a uma dieta de "fast-food". Numa das cenas, a sua
namorada, cozinheira e vegetariana "militante", afirma ter muita pena por
todos os coitados animais abatidos, ao mesmo tempo que enverga uma t-shirt
com um enorme logo de uma marca de roupa mundialmente conhecida. Ora esta
marca continua a ter das piores políticas sociais do mundo, fabricando as
suas roupas em "sweatshops", um assunto que Naomi Klein expôs de uma forma
muito elucidativa no seu livro "No Logo". Compreendo o que a namorada de
Spurlock queria dizer, mas a força das suas palavras desvaneceu-se quando
eu pensava se ela teria realmente consciência da proveniência da sua
t-shirt e em que condições teria sido fabricada.

Concluindo, quantos de nós passámos por cães vadios na rua sem termos
sequer consciência da existência deles? E este cão em particular, só terá
toda a nossa atenção simplesmente porque foi elevado à categoria de
"obra-de-arte"? Quantas crises humanitárias terão de ser elevadas à
categoria de "obra-de-arte" para que a comunidade internacional (e neste
caso, a comunidade artística) realmente tome consciência da existência
delas?

Nuno Coelho




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Nuno Coelho
Designer de Comunicação
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W: www.nunocoelho.net







From: 
X. Lois Gutiérrez <unruidosecreto  yahoo.es>
Subject: 
[ARENA] DEIJEN AO CÂO: WELCOME TO THE REAL
Date: 
Wed, April 16, 2008 15:51
To: 
arte ‹ teoria ‹ prática <arena  lists.virose.pt>

Amigos/as portugueses:
A súa indignacâo é muito vergonhenta...
Leam:

BILBAO (Reuters) - La dirección del Museo Guggenheim Bilbao anunció el
miércoles el despido del

director de Administración y Finanzas, Roberto Cearsolo Barrenetxea,

tras descubrirse que en los últimos 10 años había sustraído

 480.000 euros en cantidades más pequeñas que

derivaba a su cuenta personal.

 

e melhor:

 

GAZA (AFP) - Al menos ocho palestinos, entre ellos dos niños,

murieron y otros 17 resultaron heridos este miércoles

en un ataque áereo israelí en
 el centro de la franja

de Gaza, según un nuevo balance suministrado por

fuentes médicas palestinas.

 

Qual indigna máis? (a mesma questâo é ja perversa...)

Deijem ao câo!! O mundo desborda a sûa indignacâo diariamente!

 

X. Lois Gutiérrez