[ARENA] EXPO PAULO MENDES MUSEU NEO REALISMO inauguracao sabado 12 abril

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Terça-Feira, 8 de Abril de 2008 - 14:13:01 WEST


S DE SAUDADE, DIORAMA DA NOSSA HISTÓRIA NATURAL 

Exposição individual de Paulo Mendes
no Museu do Neo-Realismo
Curadoria: David Santos

Inauguração dia 12 de abril (sábado) _ 17.00H

Museu do Neo-Realismo
Rua Alves Redol 45 _ Vila Franca de Xira
www.museudoneorealismo.pt 
Exposição de 12 Abril _ 6 Julho 2008 
Horário
Terça a Sexta _ 10.00H _ 19.00H
Sábados _ 15.00H _ 22.00H
Domingos _ 11.00H _ 18.00H
Encerra às segundas e feriados 

Conferência no Museu do Neo-Realismo sobre o trabalho de Paulo Mendes
dia 8 Junho _ 16 horas
Auditório do Museu do Neo-Realismo

Imagens e informação deste projecto_ 

http://www.paulomendes.org 


S DE SAUDADE é uma série de novos trabalhos de Paulo Mendes que estão a ser apresentados ao longo de várias exposições individuais entre 2007 e 2009.
Nesta exposição serão exibidos novos trabalhos da série S de Saudade que estão relacionados com os apresentados nas exposições S DE SAUDADE, RETRATOS DA VIDA PORTUGUESA e S DE SAUDADE, O PASSADO E O PRESENTE.


"Só temos o passado à nossa disposição. 
É com ele que imaginamos o futuro."

Eduardo Lourenço, 1997


Este conjunto de exposições individuais de Paulo Mendes apresenta uma série de novos trabalhos onde a fotografia, a pintura e o vídeo se complementam em imagens que questionam o papel das artes plásticas na representação e ao serviço do poder politico.
O retrato foi sempre um tema recorrente na pintura. Que valor iconográfico e de relevância politica podemos hoje retirar ao olhar para retratos de Salazar e de outras figuras da sociedade portuguesa de diferentes épocas? 

"A invisibilidade constitui o próprio estado de Salazar. Ele é invisível e quer-se como tal. Só raramente se mostra em público e ainda menos em manifestações de massas. A sua pessoa física, a sua presença corporal não se expõem aos olhares (.). Esta forma pouco habitual de presença de um Ditador não escapou a António Ferro: "E este nome, Oliveira Salazar, (.) começou a diminuir-se, a encurtar-se, até se engrandecer na sua redução à expressão mais simples, até ficar sintetizado nesta palavra sonora Salazar. Esse nome, com essas letras, quase deixou de pertencer a um homem para significar o estado de espírito dum país, na sua ânsia de regeneração, na sua aspiração legítima duma política sem política, duma política de verdade."  

José Gil, 1995

Ultrapassadas pelo avanço da história essas representações estão agora armazenadas em esquecidos acervos de museu ou em arquivos esquecidos de televisão, como adereços ou fragmentos de uma peça fora de cena. 
Abandonados os lugares da sua exposição pública, arrastados pela perda da importância politica dos representados ficam agora depositados entre outros retratados actualmente anónimos, entre cartões e máquinas de climatização na tentativa de preservar a representação de uma história pública.

Numa sociedade de brandos costumes, este lento apagar da memória corresponde a uma amnésia colectiva.
p.m.07


"Uma memória silenciada conduz necessariamente ao colapso da consciência e, por conseguinte, da acção cívica e política. Por oposição, manter vivo o passado, mesmo ou sobretudo as suas imagens e leituras mais angustiantes, poderá assegurar-nos uma compreensão essencial sobre essa arqueologia genealógica que define também, de algum modo, a nossa própria identidade. Com efeito, é mais perigoso esconder a "imagem do mal" do que mantê-la preventivamente presente. Só desse modo poderemos manter-nos atentos e vigilantes quanto àquilo que não desejamos que volte a fazer parte da vida da nossa sociedade.
(.) Apesar do título convocar a palavra "saudade", mantendo assim uma subtil ambiguidade de interpretação, o que o mobiliza é precisamente uma perspectiva crítica sobre as relações das artes visuais com a fixação do paradigma imagético de Salazar. (.)
Um dos problemas de sempre em torno da figura de Salazar, inclusive durante o seu longo mandato, diz respeito ao retrato, ou seja, à imagem que o ditador deu de si para a opinião pública. Esfíngica figura, inerte no seu simbólico e literal imobilismo, Salazar cultivou o distanciamento em relação ao próprio País, assumindo-se como sacerdote salvador e condutor dos seus destinos. Quer na pose exibida nos quadros pintados e fotografias oficiais, quer nas raras entrevistas concedidas a um grupo restrito de jornalistas, Salazar demonstrou sempre um controlo quase absoluto sobre a imagem pública que pretendia passar. (.) Á censura, responde o Portugal de hoje com uma comunicação social que derruba ministros ao escalpelizar obsessivamente todo o seu passado social, político e cívico. Por isso, Portugal mudou, e as novas gerações têm hoje necessariamente uma relação mais distanciada com aquilo que significou o Estado Novo e os sacrifícios por que passaram todos aqueles que, em condições bastante adversas, lutaram pela liberdade e pelo pleno exercício da cidadania. Na verdade, tal como nos lembra Eduardo Lourenço, "só temos o passado à nossa disposição. É com ele que imaginamos o futuro". Mas do passado não possuímos apenas o que de modo positivo mais valorizamos. Os períodos negros da nossa história não podem ser olvidados, sob pena de voltarem dissimulados de novas ideias redentoras.
(.) O branqueamento da figura de Salazar não se faz com a recuperação crítica das suas imagens, mas com a desusada inversão dos seus significados mais sólidos. Salazar foi um ditador autoritário que prejudicou o desenvolvimento, a modernização política, económica e social de Portugal e os seus efeitos ainda se fazem sentir numa sociedade tendencialmente conservadora e imobilista, pouca dada a iniciativas dinâmicas de construção do futuro. É esse o sentido da actual exposição de Paulo Mendes no Museu do Neo-Realismo. Retocar criticamente os retratos de Salazar é também a manifestação de um desejo do artista: não deixar morrer a memória daqueles que o enfrentaram com coragem e determinação. Ver e experimentar esta instalação é como percorrer o corredor da memória e sentir que o pior é sempre o esquecimento. Retocar o retrato de Salazar é uma tarefa que encontrou sempre obstáculos e dificuldades, como o terá sentido António Ferro nas entrevistas que conduziu para fazer do ditador um político mais conhecido. O próprio Salazar escrevera então no prefácio dessas conversas: "Confessa o autor deste livro ter encontrado na opinião pública uma ideia confusa, contraditória, inexacta, do Ministro das Finanças e hoje Chefe do Governo; e que daí nasceu o intento de iluminar alguns aspectos ignorados, de vincar alguns traços mais expressivos, de fazer expor alguns problemas da política e da administração pública, não abordados ainda e que melhor esclarecessem o público. A questão pois, era no fundo, corrigir erros de interpretação, retocar um quadro ou, melhor, uma fotografia mal focada, substituir uma noção errada por uma noção exacta e justa do homem e da sua obra" (.)"

(excerto do texto do Director do Museu e curador David Santos que acompanha a exposição)



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